Associação Participar+ nasce para debater a afirmação de Portugal no mundo

Personalidades de diferentes quadrantes políticos e sociais querem promover a participação cívica em forma de debates sobre os grandes temas nacionais numa lógica geoestratégica, por considerarem que as campanhas eleitorais são insuficientes.

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António Costa e Silva é um dos 20 subscritores do manifesto fundacional da associação rui gaudencio

“Participar para garantir o futuro de Portugal e dos portugueses não é uma escolha. É um dever de cidadania”. É com esta missão que um conjunto de personalidades de diferentes quadrantes políticos e sociais decidiu criar a Associação Participar+, que se apresentou esta sexta-feira em Lisboa e se prepara para promover debates sobre as grandes questões nacionais.

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“Participar para garantir o futuro de Portugal e dos portugueses não é uma escolha. É um dever de cidadania”. É com esta missão que um conjunto de personalidades de diferentes quadrantes políticos e sociais decidiu criar a Associação Participar+, que se apresentou esta sexta-feira em Lisboa e se prepara para promover debates sobre as grandes questões nacionais.

António Costa Silva, presidente da Partex e autor da proposta do Plano de Recuperação e Resiliência encomendada pelo Governo, é um dos 20 fundadores desta plataforma, ao lado de António Saraiva, presidente da CIP, José Ribeiro e Castro, ex-presidente do CDS-PP, Vítor Ramalho, presidente da União das Cidades Capitais de Língua Portuguesa, o general Pinto Ramalho ou o bispo Januário Torgal Ferreira.

O primeiro debate da Participar+, marcado simbolicamente para 5 de Outubro, dia em que se comemoram os 110 anos da implantação da República, corporiza os objectivos e o espírito da nova associação. O tema escolhido é Portugal Que Prioridades para o Futuro? e o primeiro orador é António Costa eSilva. Intervêm também outros dois fundadores da associação, os economistas João Ferreira do Amaral — A afirmação de Portugal no Mundo  e Ricardo Paes Mamede O Estado e o desenvolvimento no sec. XXI. A moderação será feita pela bastonária da Ordem dos Farmacêuticos, Ana Paula Martins, também fundadora.

A associação surgiu na sequência das eleições legislativas de Outubro de 2019. “Houve um conjunto de matérias muito importantes que não foram discutidas ou foram-no sem profundidade, desde logo relacionadas com a afirmação de Portugal no mundo”, considerou Vítor Ramalho em declarações ao PÚBLICO.

“Portugal foi sempre um país que se comportou à altura do seu papel histórico e esta visão estratégica está a perder-se”, analisa o antigo consultor do Presidente Mário Soares. “Há uma responsabilidade em ser português. Nós queremos transmitir isso aos mais novos, seja qual for o campo de intervenção, dentro e fora do país”, explicita.

Visão atlântica e patriótica

As matérias cujo debate a associação quer promover denotam uma visão atlântica e patriótica. “Patriotismo é diferente, é a antítese do nacionalismo”, sublinha Ramalho, contrapondo uma “concepção universalista e tolerante” às políticas xenófobas e apontando para uma aproximação ao Atlântico Sul, onde língua portuguesa é a mais falada. “Queremos gerar um sentimento de pertença à CPLP” e para isso “precisamos de uma instituição bancária para financiar a cooperação e investir em conjunto no domínio da segurança marítima”, defende, lamentando que o Banco de Fomento esteja a ser criado sem essa vertente.

“Os países de língua oficial portuguesa fazem fronteira com o mar e a extensão das suas zonas económicas exclusivas coloca-os entre os que maior dimensão oceânica têm, potenciando condições para a criação de um forte cluster do mar e para uma mais intensa cooperação nos âmbito naval e marítimo”, lê-se no Manifesto Fundacional da associação, lembrando que é pelo mar que se realiza a esmagadora maioria do comércio mundial.

A nível interno, os fundadores vão promover debates sobre as políticas públicas e as funções do Estado, com um olhar particularmente atento à saúde, “factor de coesão social, de desenvolvimento económico e de confiança dos portugueses”. “A covid veio mostrar que é falsa a ideia de que a menos Estado corresponde melhor Estado”, sublinha Ramalho.

Por isso mesmo, “a governação dos serviços públicos deve ser mais transparente e mais eficaz, não podendo ceder ao amiguismo, ao compadrio ou à partidarite, em nomeações para a gestão das instituições”, declara o manifesto.