Costa Silva sai em defesa do TGV: “Não quero saber se é alta velocidade ou velocidade alta”

Plano estratégico para recuperar Portugal na próxima década foi apresentado nesta terça-feira pelo consultor do Governo. Costa Silva lembra que agora cabe ao Governo fazer escolhas.

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António Costa Silva é presidente da Partex Rui Gaudêncio
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António Costa entrou em vídeo a partir de Bruxelas Rui Gaudêncio

A alta velocidade entre Lisboa e Porto é uma das apostas defendidas por António Costa Silva para a recuperação do país no pós-crise pandémica. Esta terça-feira, na apresentação do documento com a visão estratégica, o consultor do Governo explicou porquê e respondeu aos críticos da ideia: “Não quero saber se é alta velocidade ou velocidade alta. Os voos até 600 ou 1000 quilómetros vão ser proibidos”. 

Costa Silva falava no Centro Cultural de Belém (CCB), onde decorreu a apresentação pública da “Visão Estratégica para o plano de recuperação económica de Portugal 2020-2030”. O documento entra agora em fase de consulta pública e servirá de base para o plano de recuperação que Portugal terá de enviar a Bruxelas em Outubro. 

Esta diferença, entre o plano de Costa Silva e o que será o plano do Governo, foi sublinhada pelo consultor logo no início da sua intervenção que durou mais de uma hora e durante a qual elencou as apostas e ideias que deixa ao país. “O documento é sobre o que fazer e não como fazer. Não é um plano do Governo. A fase seguinte é da exclusiva competência do Governo, a quem cabe fazer escolhas”, explicou o presidente da Partex, que está desde Maio no papel de consultor do executivo. 

Apesar de entrar agora em fase de consulta pública, o documento contou já com os contributos de várias entidades - “mais de 120” - e Costa Silva destacou ainda alguns membros do Governo com quem teve conversas que considerou importantes para a elaboração do documento. Depois de agradecer ao primeiro-ministro, salientou o trabalho que manteve com Siza Vieira (ministro da Economia), a resposta conduzida por Marta Temido na crise sanitária (ministra da Saúde), o contributo de Matos Fernandes (Ambiente), de Graça Fonseca (Cultura) e de Francisca Van Dunem (ministra da Justiça).

A aposta na modernização da ferrovia e em concreto na alta velocidade entre as duas maiores cidades do país é uma das que mais se destaca no documento. Nele, Costa Silva propõe que se comece pela alta velocidade a ligar Porto a Soure, já que as alterações futuras no sector a aviação vão condicionar os voos de curta distância. Para que as duas maiores cidades do país não fiquem com as ligações condicionadas, Costa Silva põe ênfase na melhoria da ligação por comboio

Outra das ideias sublinhadas é a aposta na saúde e no estado social. O consultor defendeu que a crise pandémica veio demonstrar “a validade extraordinária do Serviço Nacional de Saúde (SNS) e derrotar as teorias de que devia existir um Estado mínimo”. Ainda assim, lembrou o seu papel de gestor para defender uma “combinação virtuosa entre mercados e Estado”. 

O consultor passou em revista os vários eixos de aposta do programa, como, por exemplo, a transição energética, a reindustrialização, as infra-estruturas físicas, mas destacou também a necessidade de apostar nas pessoas. Na formação, para tirar Portugal da cauda da Europa, na formação dos gestores das empresas, e na protecção dos que têm condições mais precárias no emprego. 

O gestor deixou ainda um aviso: se a Administração Pública “continuar business as usual”, ou seja, sem se modernizar e simplificar, o plano sai beliscado.

Antes de António Costa Silva, subiu ao palco o ministro da Economia. Já António Costa enviou uma mensagem de vídeo a partir de Bruxelas, onde está desde sexta-feira a pretexto do Conselho Europeu que durou cinco dias.

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