México investiga relatos de histerectomias não consentidas em centro de detenção de imigrantes nos EUA

O ministro dos Negócios Estrangeiros mexicano diz que o país vai investigar as acusações “inaceitáveis” de histerectomias não consentidas num centro de detenção de imigrantes nos Estados Unidos. Nancy Pelosi recorda outros crimes contra a Humanidade na história dos Estados Unidos e Ocasio-Cortez relembra inúmeras acusações à acção do Serviço de Emigração e Controlo de Fronteiras.

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Marcelo Ebrard, ministro dos Negócios Estrangeiros do México Reuters/GUSTAVO GRAF

O ministro dos Negócios Estrangeiros do México, Marcelo Ebrard, afirmou, na terça-feira, que o país já ouviu pelo menos seis mulheres que poderão ter sido sujeitas uma histerectomia sem o seu pleno consentimento, no Centro de Detenção do Condado de Irwin (ICDC, sigla em inglês) nos Estados Unidos. Esta é uma cirurgia que consiste na remoção do útero, e, por vezes, dos ovários e trompas, impedindo que as mulheres menstruem e se reproduzam. 

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O ministro dos Negócios Estrangeiros do México, Marcelo Ebrard, afirmou, na terça-feira, que o país já ouviu pelo menos seis mulheres que poderão ter sido sujeitas uma histerectomia sem o seu pleno consentimento, no Centro de Detenção do Condado de Irwin (ICDC, sigla em inglês) nos Estados Unidos. Esta é uma cirurgia que consiste na remoção do útero, e, por vezes, dos ovários e trompas, impedindo que as mulheres menstruem e se reproduzam. 

Ebrard, sem fornecer detalhes, indica que se as acusações “inaceitáveis” se confirmarem, haverá consequências. “Isto tem de ser tirado a limpo. A confirmarem-se as acusações, este é um problema enorme que não só será castigado, mas cuja acção terá de incluir outras medidas”, disse. O ministro garante que as investigações e entrevistas vão continuar afirmando que poderão existir mais casos.

A denúncia de “elevadas taxas” de histerectomias tornou-se publica no dia 14 de Setembro num relatório do Instituto para a Eliminação da Pobreza e Genocídio, Project South, sustentada pelos relatos de Dawn Wooten, uma enfermeira do Centro, e de várias mulheres imigrantes detidas nas instalações.

As cirurgias eram realizadas fora do ICDC, um centro ao abrigo do Serviço de Emigração e Controlo de Fronteiras (ICE, sigla em inglês), e suspeita-se que tenham sido concretizadas pelo médico Mahendra Amin num hospital na zona rural do estado de Geórgia.

Democratas e republicanos em desacordo 

O advogado e representante republicano de Geórgia afirma, citado pelo The Washington Post, na terça-feira, que as “acusações são perturbadoras e sensacionalistas, mas não são sustentadas por factos”, e acrescenta que apenas duas histerectomias foram realizadas naquele hospital. 

Por outro lado, a presidente da Câmara dos Representantes, Nancy Pelosi, afirmou, em comunicado, que esta “flagrante violação de Direitos Humanos” tem de ser “imediatamente investigada pelo Departamento de Segurança Interna”.

Pelosi relembra que estas práticas remetem para “alguns dos momentos mais negros da história da nação” como “a exploração de Henrietta Lacks”, “o horror do estudo de Sífilis em Tuskegge” (400 afro-americanos da cidade no Alabama foram utilizados como cobaias humanas, uma situação semelhante aconteceu em Guatemala) e a “esterilização forçada de mulheres negras”.

A congressista Alexandria Ocasio-Cortez, representante de Nova Iorque na Câmara, manifestou-se na rede social Twitter: “O nosso país deve reparar tudo isto”, escreve, referindo-se a este caso e a outras acusações feitas ao ICE como a “separação de pais e crianças, abusos sexuais sistémicos de pessoas detidas e julgamentos conduzidos de forma arbitrária”.

O relatório da Project South não menciona a nacionalidade das imigrantes que poderão ter sido sujeitas às cirurgias. O caso está a ser investigado pelo Departamento de Segurança Interna dos Estados Unidos, a quem foi entregue pelo Project South e por outra entidade dedicada ao escrutínio e responsabilização do Governo, Government Accountability Project.

O ICE, segundo o The Washington Post, está a colaborar com as investigações e o chefe interino do Serviço, Tony Pham, citado pela Reuters, afirma que “os indivíduos que se confirmar terem violado as nossas políticas e procedimentos serão responsabilizados”.

Texto editado por Ivo Neto