Macron garante ajuda francesa a Beirute, mas pede reformas no Líbano

Presidente de França visitou a capital libanesa, abalada por uma enorme explosão, prometeu apoio incondicional às vítimas e assegurou: a ajuda francesa “não vai parar a mãos corruptas”.

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Emmanuel Macron garantiu que França vai ajudar a população do Líbano e que os fundos alocados pelo seu Governo para a reconstrução de Beirute “não vão parar a mãos corruptas”. De visita à capital libanesa, esta quinta-feira, dois dias depois da enorme explosão de um armazém no porto da cidade, o Presidente francês foi saudado por uma multidão que lhe pediu uma “revolução” e alertou: o Líbano vai “continuar a afundar-se” se os seus líderes não levaram a cabo algumas reformas “indispensáveis”.

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Emmanuel Macron garantiu que França vai ajudar a população do Líbano e que os fundos alocados pelo seu Governo para a reconstrução de Beirute “não vão parar a mãos corruptas”. De visita à capital libanesa, esta quinta-feira, dois dias depois da enorme explosão de um armazém no porto da cidade, o Presidente francês foi saudado por uma multidão que lhe pediu uma “revolução” e alertou: o Líbano vai “continuar a afundar-se” se os seus líderes não levaram a cabo algumas reformas “indispensáveis”.

Macron foi o primeiro líder político estrangeiro a visitar Beirute depois da explosão de terça-feira, que matou pelo menos 145 pessoas, feriu mais de cinco mil e deixou cerca de 300 mil desalojados.

Após visitar o local da tragédia, o Presidente de França foi recebido pelo seu homólogo, Michel Aoun, e reuniu-se ainda com o primeiro-ministro, Hassan Diab, com o presidente do Parlamento, Nabih Berri, e com vários representantes partidários e membros da sociedade civil – incluindo um representante político do Hezbollah.

Pelo meio foi ensanduichado por uma multidão agitada, nas ruas do bairro cristão de Gemmayzé – um dos mais afectados pela explosão –, que gritou contra a classe política “corrupta” e lhe suplicou: “Ajude-nos. Revolução! A população quer a queda do regime”.

“Posso garantir-vos que a nossa ajuda não vai parar a mãos corruptas”, prometeu o chefe de Estado francês, distribuindo apertos de mãos e acenos. Mais tarde, em conferência de imprensa, esclareceu que os fundos vão ser distribuídos pelas ONG.

França comprometeu-se desde cedo a apoiar a sua antiga colónia e tem vindo a enviar ajudas de emergência desde o dia a explosão. O Presidente francês diz-se, no entanto, preocupado com a corrupção endémica no Líbano e insiste na necessidade de reformas, numa altura em que o país do Médio Oriente está afundado numa grave crise financeira.

À chegada a Beirute, Macron afiançou que a solidariedade francesa com a população libanesa era incondicional. Mas avisou que queria dizer algumas “verdades duras” aos seus líderes políticos. “À parte da explosão, sabemos que a crise é séria e que envolve a responsabilidade histórica das lideranças políticas”, afirmou aos jornalistas, citado pela Reuters.

“Não podemos deixar de dizer uns aos outros algumas verdades duras. Se não forem levadas a cabo reformas indispensáveis, o Líbano continuará a afundar-se”, vaticinou o Presidente francês, identificando o sector energético, os concursos públicos e a luta contra a corrupção como os principais áreas de preocupação.

Procuraram-se responsabilidades

As autoridades libanesas dizem que a catástrofe teve origem em 2700 toneladas de nitrato de amónio – um material altamente explosivo – que estavam armazenadas há vários anos, e em condições pouco seguras, no porto de Beirute, depois de um navio de um cidadão russo, que vive em Chipre, ter sido arrestado.

Numa entrevista à rádio francesa Europe 1, o ministro dos Negócios Estrangeiros libanês, Charbel Wehbé, disse que foi criada uma comissão de inquérito “que terá quatro dias para apresentar um relatório pormenorizado sobre as responsabilidades do sucedido”. 

Wehbé garantiu ainda que haverá “decisões judiciais” para responder às conclusões da investigação. 

Todos os responsáveis pela segurança e armazéns do porto de Beirute desde 2014 foram, entretanto, colocados em prisão domiciliária. 

Muitos libaneses que perderam os seus empregos e que viram as suas poupanças evaporarem-se com a crise financeira, responsabilizam, ainda assim, a classe política pela forte explosão. Nos vários protestos dos últimos meses, os manifestantes acusam os políticos de beneficiarem, há décadas, da corrupção estatal e da má governação do país, incluindo os administradores do porto de Beirute.

No mês passado, também de visita à capital do Líbano, Jean-Yves Le Drian, ministro dos Negócios Estrangeiros francês, já tinha pedido “acções concretas” ao Governo libanês e admitido que os pedidos de mudança e de transparência da população “ainda não tinham sido ouvidos, infelizmente”.