As soldadas da fortuna

Charlize Theron magnética, Kiki Layne com garra, um elenco multi-étnico num filme que pede meças à concorrência — mas que não cumpre tudo o que promete.

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Não minimizemos o “salto” que A Velha Guarda representa em termos puramente de paridade e justiça social no cinema americano contemporâneo: um blockbuster que pede meças a quase toda a concorrência de super-heróis pré-fabricada pela Marvel e pela DC, dirigido por uma mulher negra (Gina Prince-Bythewood, de quem é apenas a quarta longa-metragem em 20 anos), com um elenco multi-étnico e multinacional onde não há um nome americano entre os principais, e duas mulheres no centro da história. Por outro lado: é significativo que A Velha Guarda — que, repetimos, está uns bons passos acima da actual linha de montagem de fitas de acção e super-heróis — venha com o “selo” da Netflix, onde se estreou globalmente em streaming no último fim-de-semana, e não de um dos grandes estúdios. Ainda há muito por fazer, mas este é um bom ponto de partida. O problema, contudo, existe. E reside no desequilíbrio que o filme de Price-Bythewood nunca consegue resolver entre a dimensão humana, moral, dos seus heróis, e a lógica quase cartoonesca, descartável, dos seus vilões e da sua trama. A Velha Guarda baseia-se, também ele, numa série de banda-desenhada criada por Greg Rucka (que assina o argumento), sobre um grupo de imortais, “soldados da fortuna” que combatem pela justiça através dos tempos, liderados por uma guerreira da antiguidade grega (Charlize Theron, impecável como sempre). Personagens suficientemente densas e complexas para abrirem uma reflexão adulta, mas presas num ambiente juvenil de super-vilões e teorias da conspiração.

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Não minimizemos o “salto” que A Velha Guarda representa em termos puramente de paridade e justiça social no cinema americano contemporâneo: um blockbuster que pede meças a quase toda a concorrência de super-heróis pré-fabricada pela Marvel e pela DC, dirigido por uma mulher negra (Gina Prince-Bythewood, de quem é apenas a quarta longa-metragem em 20 anos), com um elenco multi-étnico e multinacional onde não há um nome americano entre os principais, e duas mulheres no centro da história. Por outro lado: é significativo que A Velha Guarda — que, repetimos, está uns bons passos acima da actual linha de montagem de fitas de acção e super-heróis — venha com o “selo” da Netflix, onde se estreou globalmente em streaming no último fim-de-semana, e não de um dos grandes estúdios. Ainda há muito por fazer, mas este é um bom ponto de partida. O problema, contudo, existe. E reside no desequilíbrio que o filme de Price-Bythewood nunca consegue resolver entre a dimensão humana, moral, dos seus heróis, e a lógica quase cartoonesca, descartável, dos seus vilões e da sua trama. A Velha Guarda baseia-se, também ele, numa série de banda-desenhada criada por Greg Rucka (que assina o argumento), sobre um grupo de imortais, “soldados da fortuna” que combatem pela justiça através dos tempos, liderados por uma guerreira da antiguidade grega (Charlize Theron, impecável como sempre). Personagens suficientemente densas e complexas para abrirem uma reflexão adulta, mas presas num ambiente juvenil de super-vilões e teorias da conspiração.