Morreu Jack Charlton, campeão do mundo em 1966 e o inglês mais adorado na Irlanda

Foi, ao lado do irmão Bobby, campeão do mundo num Mundial em que a Inglaterra eliminou Portugal nas meias-finais. Era um homem grande com uma personalidade ainda maior

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Jack Charlton no papel de seleccionador da Irlanda Reuters

O ex-futebolista Jack Charlton, campeão do mundo por Inglaterra em 1966, morreu na sexta-feira aos 85 anos, anunciou este sábado a sua família. Sofria de demência e no ano passado tinha-lhe sido diagnosticado um linfoma.

“Jack morreu em paz na sexta-feira, 10 de Julho, aos 85 anos. Estava em sua casa em Northunberland, ao lado da sua família. Não podemos deixar de expressar o quão orgulhosos estamos da vida extraordinária que teve e por todas as alegrias que deu a muita gente de diferentes países”, revelou a família, em comunicado. A família lembra uma “boa pessoa, honesta, divertida e genuína, que tinha sempre tempo para as pessoas”.

Jack Charlton, irmão mais velho de Bobby Charlton (com quem tinha uma relação tensa), fez toda a sua carreira de futebolista no Leeds, ao serviço do qual esteve em 773 encontros ao longo de 21 anos (de 1952 a 1973) e marcou 96 golos, apesar de ser defesa central, ajudando a conquistar, entre outras provas, um campeonato inglês (1968-69), uma Taça de Inglaterra (1972), uma Taça da Liga em 1968 e duas Taça das Cidades com Feiras, precursora da Taça UEFA, em 1968 e 1971. 

Ao serviço da selecção inglesa, foi, ao lado do seu irmão Bobby, campeão do mundo em 1966, num Mundial em que a anfitriã Inglaterra eliminou Portugal, de Eusébio, nas meias-finais, tendo ainda participado no torneio em 1970. Jack participou nos seis jogos que levaram a Inglaterra a alcançar um feito histórico. Daquele onze estão ainda vivos cinco jogadores, incluindo o seu irmão.

Foi internacional 35 vezes, mas foi um internacional tardio – tinha 29 anos quando jogou pela primeira vez na selecção e fez o seu último jogo no Mundial de 1970, num jogo frente à então Checoslováquia. Acabou a carreira de futebolista aos 38 anos, depois de ter falhado, devido a lesão, a final da Taça de Inglaterra em 1973, que o Leeds perdeu com o Sunderland.

Como treinador, Jack Charlton passou pelo Middlesbrough, Sheffield Wednesday e Newcastle United, mas foi com a selecção irlandesa, onde se tornou o primeiro não-irlandês a treinar a República da Irlanda, que teve mais sucesso, levando o país pela primeira vez à fase final de um Europeu de futebol, em 1988, repetindo a estreia na fase final do Mundial de 1990, onde chegou aos quartos-de-final. Liderou ainda a Irlanda até à fase final do Mundial de 1994. “O homem grande com uma personalidade ainda maior”, como o descreve o jornal Telegraph, foi seleccionador da República da Irlanda durante dez anos, retirando-se do futebol em 1996.

É admirado na Irlanda, como se percebe pelas palavras da federação de futebol do país: “Ficámos muito tristes por saber que Jack Charlton, o treinador que mudou o futebol irlandês para sempre, morreu.” Para a líder do Sinn Féin, Mary Lou McDonald, era o “inglês mais adorado na Irlanda”. Para John Aldridge, antigo avançado da Irlanda, Jack Charlton foi simplesmente “o “melhor treinador com quem tive a sorte de trabalhar”. Já o antigo médio do Liverpool, o também irlandês, Ray Houghton, que se estreou na selecção com Jack Charlton, diz que este merecia o estatuto de lenda do futebol: “O legado que deixou na Irlanda é enorme.” 

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