Artecedário: e se te disserem que consegues desenhar tudo com apenas seis linhas?

Criado pelo ilustrador Adão Conde, o Artecedário nasceu para mostrar que “podemos desenhar sem ser artistas, tal como todos podemos escrever sem ser poetas”. Os conteúdos estão disponíveis no Facebook, no YouTube e no MEO Kanal.

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Adão Conde

São comuns as histórias de crianças que gostam de desenhar e deixam o hábito depois de crescerem, mas o ilustrador Adão Conde quer mudar este paradigma. Foi assim que nasceu o Artecedário, um projecto que explica o bê-á-bá do desenho e promete que, com apenas seis linhas, conseguimos desenhar tudo.

O nome não é por acaso. “Assim que aprendemos a desenhar as letras, conseguimos fazer palavras e conseguimos escrever todas as palavras. No Artecedário, as nossas letras são círculos, linhas verticais e horizontais, ziguezagues, ondas e pontos. Com isto conseguimos desenhar tudo”, escreve Adão Conde.

Desde criança que gosta de desenhar, tendo já trabalhado como arquitecto, mas sempre se surpreendeu quando reparou que a maioria das pessoas abandona o hábito de desenhar criado na infância. As razões para esse abandono são dúvidas acerca da qualidade dos desenhos e da aptidão de cada um, até que se chega à pergunta proibida para Adão Conde : “Será que isto é arte?”

O criador do Artecedário acredita que manter o hábito de desenhar é importante porque o desenho é uma "forma de comunicação para apresentar ideias”. “Há também alguns estudos que defendem que o desenho nos ajuda a pensar e a estruturar as ideias, o facto de pura e simplesmente estarmos a tentar passar um conceito ajuda-nos a pensar e é sempre uma ferramenta que ajuda a criatividade. Eu separo sempre a criação artística da criatividade só por si, que é necessária nos nossos trabalhos e nas nossas vidas e não é exclusiva dos artistas”, explica ao P3. “O importante é perder o medo de desenhar. O desenho é um instrumento muito útil no dia-a-dia.”

Estas ideias já andavam na mente de Adão Conde, mas fez-se luz quando a educadora da filha lhe pediu para fazer vídeos a desenhar para mostrar no ATL. Depois de várias partilhas no Facebook, o ilustrador recebeu um vídeo de uma criança frustrada por não estar a conseguir copiar os desenhos, que o deixou “desolado”. Percebeu então que era necessário mudar de estratégia e voltar às noções básicas do desenho.

Tal como todos podemos “escrever sem ser poetas”, podemos “desenhar sem ser artistas”. “Quando escrevemos desenhamos as letras e a estes desenhos chamamos caligrafia e quando escrevemos ‘flor’ desenhamos estas quatro letras, e todos lêem flor”, afirma Adão Conde. Há “caligrafias de estilos e beleza diferentes”, mas todos conseguimos escrever as palavras, e é a mesma coisa quando se trata de desenhar.

O Artecedário divide-se em três categorias principais, separadas pela idade das crianças que têm como alvo: uma primeira para crianças com mais de três anos e com conceitos mais elementares; a segunda para crianças com mais de seis anos, que já têm movimentos que se dominam com a escrita; e, por último, uma categoria para crianças com mais de nove anos, que associa o desenho ao desenvolvimento pessoal. Há também os Riscos Pedidos, uma rubrica que abrange pedidos especiais de desenhos.

Apesar de os conteúdos serem mais talhados para os mais pequenos, Adão Conde não exclui a hipótese de criar conteúdos para adultos. “Já pensei em fazer algo dirigido para formadores e para quem apresenta ideias e projectos em público. O meu condicionalismo é isto ter surgido por brincadeira e não ganhar dinheiro nenhum. Já pensei nisso, mas nunca numa perspectiva artística”, revela ao P3.

Os conteúdos estão disponíveis no canal do YouTube e no Facebook. O Artecedário pode também ser acedido através do Meo Kanal, premindo-se o botão verde e inserindo-se o código 117735.

Texto editado por Ana Maria Henriques

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