Morreu a cantora norte-americana de rhythm & blues Betty Wright

Clean up woman, No pain (no gain), Tonight is the night e Where is the love foram alguns dos seus maiores sucessos. Tinha 66 anos.

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Betty Wright DR

A cantora, compositora e produtora norte-americana de rhythm & blues (​r&b) Betty Wright morreu este domingo na sua casa em Miami, aos 66 anos, vitimada por um cancro. A notícia foi primeiramente divulgada pela sua sobrinha, e depois confirmada pelo presidente da editora S-Curve Records, Steve Greenberg, que, citado pelo The New York Times (NYT), recordou Betty Wright como “uma escritora, produtora e mentora incrível para os jovens artistas”.

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A cantora, compositora e produtora norte-americana de rhythm & blues (​r&b) Betty Wright morreu este domingo na sua casa em Miami, aos 66 anos, vitimada por um cancro. A notícia foi primeiramente divulgada pela sua sobrinha, e depois confirmada pelo presidente da editora S-Curve Records, Steve Greenberg, que, citado pelo The New York Times (NYT), recordou Betty Wright como “uma escritora, produtora e mentora incrível para os jovens artistas”.

No obituário dedicado à cantora, o diário nova-iorquino classifica-a como “uma intérprete poderosa”, que conseguiu o seu primeiro grande sucesso com o single Clean up woman, quando tinha apenas 17 anos, e que depois se tornou numa “figura chave da cena funk de Miami nos anos 70, e trabalhou muito de perto com outros cantores e rappers nas quatro décadas seguintes”.

No pain (no gain), Tonight is the night e Where is the love foram outras canções com grande sucesso na carreira de uma intérprete que, como muitas outras da música popular norte-americana, começou bem cedo, nos bancos das igrejas e no gospel.

"Uma cantora de igreja, absolutamente"

Nascida a 21 de Dezembro de 1953, em Miami, Bessie Regina Norris era a mais nova de sete irmãos, cuja mãe, uma enfermeira muito ligada à Igreja pentecostal, desde muito cedo levou os filhos a integrar os coros gospel da terra.

Com apenas dois anos, Betty já integrava a banda gospel familiar, Echoes of Joy, que a mãe acompanhava à guitarra, e que em 1956 lançou mesmo um primeiro disco. “Betty não tinha ainda três anos e já conseguia cantar com uma voz forte e clara”, escreveu uma vez o seu irmão Phillip.

Em 1968, com 15 anos, Betty Wright consegue um primeiro sucesso com Girls can’t do what the guys can do, que entrou para o top 100 da Billboard (n.º 33), como depois aconteceria com dezenas de outras canções. Mas foi com Clean up woman que a cantora subiu mais alto nesta fase ainda muito jovem da sua carreira. O facto de ter interpretado este tema no popular programa televisivo American Bandstand – onde se apresentou a Dick Clark como “uma cantora de igreja, absolutamente” – ajudou certamente também à popularidade desta canção, com a qual atingiu o n.º 6 do top de singles, tendo permanecido nele 14 semanas, e vendido mais de um milhão de cópias.

Diz o NYT que Clean up woman antecipa uma carreira que, tendo partido do gospel, faz depois a transição para a música funk, sendo Betty Wright uma das primeiras vocalistas a cantarem no registo “whistle” como depois Minnie Riperton, Mariah Carey ou Ariana Grande.

Outra marca da carreira da intérprete é o modo como ela passou da escrita de teor religioso para temas da vida quotidiana, desde as incidências da política e da vida social até aos dramas mais pessoais da sexualidade. Exemplo disso é Tonight is the night (1974), que Betty escreveu em parceria com Willie Clarke, um monólogo de uma rapariga sobre a perda da virgindade na casa dos próprios pais.

Sempre atenta ao correr dos tempos, e sempre pragmática, Betty Wright cria, no início da década de 80, a sua própria etiqueta, a Ms. B Records, onde regista um novo êxito No pain (no gain), que lhe dá um novo disco de ouro. E em 1988 torna-se a primeira mulher negra a conquistar um disco de ouro editada pela sua própria etiqueta, Mother Wit.

Se já no final dos anos 70, Betty tinha cantado em dueto com Alice Cooper, No tricks, e actuado ao lado de Bob Marley na sua Survival Tour. Continuou depois a associar-se a nomes maiores da música, como James Brown, Stevie Wonder, Michael Jackson, Stephen Stills, David Byrne, Jennifer Lopez, Gloria Estefan, mas também Miami Sound Machine, Erykah Badu e Joss Stone. E ainda aos jovens rappers que iam surgindo na cena musical, como DJ Khaled e Rick Ross, a quem chamava “my babies”.

Com seis nomeações para os Grammies ao longo da carreira, Betty Wright foi distinguida em 1975 por Where is the love, como melhor canção de r&b.