Covid-19: 82% das empresas a funcionar, mas muitas com quebras acima de 50%

No alojamento e restauração, mais de metade das empresas encerraram temporariamente, revela inquérito do INE e do Banco de Portugal. Layoff explica quebra no número de pessoas a trabalhar.

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Nos transportes e armazenagem, a percentagem de empresas em laboração é de 86%, havendo 13% em paragem temporária Adriano Miranda

Apesar do encerramento temporário de milhares de estabelecimentos, uma fatia muito significativa das empresas portuguesas continua a funcionar, mesmo que não ao ritmo normal de quando um confinamento nacional era uma mera distopia, revela um inquérito excepcional lançado pelo Instituto Nacional de Estatística (INE) e pelo Banco de Portugal (BdP) sobre os primeiros efeitos da pandemia da covid-19.

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Apesar do encerramento temporário de milhares de estabelecimentos, uma fatia muito significativa das empresas portuguesas continua a funcionar, mesmo que não ao ritmo normal de quando um confinamento nacional era uma mera distopia, revela um inquérito excepcional lançado pelo Instituto Nacional de Estatística (INE) e pelo Banco de Portugal (BdP) sobre os primeiros efeitos da pandemia da covid-19.

O primeiro questionário, cujo resultado foi conhecido nesta terça-feira, revela que, na semana que antecedeu a Páscoa, 82% das empresas se mantinham em produção ou em funcionamento, mesmo que parcialmente; 16% encontravam-se temporariamente encerradas — o que está a levar a uma redução drástica no número de pessoas efectivamente a trabalhar; e só 2% revelaram ter encerrado definitivamente.

Os efeitos económicos entre aquelas que estão em laboração são já muito visíveis: mais de um terço (37%) diz estar a registar uma redução superior a 50% na facturação e cerca de um quarto (26%) está a trabalhar com menos de metade dos seus funcionários.

Para medirem os efeitos da pandemia da covid-19 na actividade das empresas, o INE e o banco central decidiram lançar um questionário inédito, de resposta rápida, com uma frequência semanal, a empresas de micro, pequena, média e grande dimensão, abrangendo os vários sectores de actividade, dos transportes à indústria, da construção às actividades imobiliárias, passando pelo comércio, alojamento, restauração, serviços de informação.

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Os primeiros resultados referem-se à semana passada (de 6 a 10 de Abril), já em estado de emergência, contando com uma amostra de 8883 empresas, da qual resultaram 4793 respostas válidas (sendo que as empresas que responderam “representam 54% do pessoal ao serviço e 65% do volume de negócios da amostra”).

Mais encerramento nas pequenas empresas 

É o recurso ao layoff (suspensão dos contratos de trabalho ou redução de horário) que explica a grande redução do número de trabalhadores ao serviço, mais visível entre as microempresas. Mas para essa descida também contribuíram, embora “em menor grau”, as faltas no âmbito do estado de emergência, “por doença ou por apoio à família”, concluem o INE e o BdP.

É no sector do alojamento e restauração que a percentagem de empresas encerradas é mais significativa: 55% declararam ter encerrado temporariamente e 7% fecharam definitivamente (havendo 38% que responderam que se mantêm em funcionamento). Também é neste sector que se destaca o recurso ao layoff simplificado lançado pelo Governo: 90% das empresas inquiridas referiram ter aderido a este mecanismo.

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O INE e o Banco de Portugal destacam ainda o facto de a proporção de empresas encerradas (temporária e definitivamente) ser “maior quanto menor a dimensão”. E para quase todas aquelas que encerraram de vez, os motivos que os empresários dizem ter motivado esse desfecho foram “as restrições no contexto do estado de emergência e a ausência de encomendas/clientes”.

Outras conclusões do inquérito que ajudam a ler as consequências no tecido empresarial: “80% das empresas referiram que a pandemia implicou uma diminuição no volume de negócios; relativamente ao impacto da pandemia covid-19 no volume de negócios, 80% das empresas em funcionamento ou temporariamente encerradas reportaram um impacto negativo e 5% um impacto positivo; por sector, o alojamento e restauração apresenta uma maior percentagem de empresas com redução no volume de negócios.”

Foram 37% as empresas que “reportaram uma redução superior a 50% do volume de negócios na semana de 6 a 10 de Abril” e a mesma percentagem as que indicaram ter apresentado “reduções no volume de negócios entre 10% e 50%”. “As empresas temporariamente encerradas reportam maioritariamente reduções superiores a 75%”. As micro empresas e as empresas do sector do alojamento e restauração “referem mais frequentemente reduções superiores a 75% do volume de negócios”.

Reduções de pessoal acima de 75%

Relativamente aos encerramentos, os dados divulgados mostram que no sector da indústria e energia, 85% das empresas dizem estar em funcionamento, havendo 14% em encerramento temporário e 1% que fecharam de facto; na construção e actividades imobiliárias, 91% mantêm-se a funcionar e 8% em paragem temporária e 1% fecharam; no comércio há 84% a funcionar, 14% em encerramento temporário e 2% de empresas encerradas definitivamente, facto destacado pelo INE e pelo BdP nas suas conclusões; nos transportes e armazenagem, a percentagem de companhias em laboração é de 86%, havendo 13% em paragem temporária e 1% encerradas; nos serviços de informação e comunicação, há 90% a funcionar e 10% com encerramentos temporários, não havendo registo de empresas inquiridas que tenham fechado definitivamente; na rubrica sobre outros serviços há 82% a funcionar, 17% em encerramento temporário e 2% que decidiram terminar a actividade em definitivo.

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Relativamente aos impactos no emprego, o inquérito evidencia que “61% das empresas reportaram reduções no pessoal ao serviço efectivamente a trabalhar” e 38% “referiu não ter havido impacto”. A proporção das empresas que indica ter registado uma redução “aumenta com a dimensão da empresa”, sendo que as “as maiores percentagens” se verificam nos serviços de alojamento e restauração e no sector dos transportes e armazenagem.

Outra informação destacada pelas duas instituições é a de que nas empresas encerradas temporariamente “as reduções de pessoal efectivamente a trabalhar situam-se, na maior parte, acima de 75%.”