DGS admite “dupla contagem” de casos por concelho

No boletim epidemiológico da DGS de segunda-feira, o número de casos no concelho do Porto mais do que duplicava e era superior ao aumento de casos não só da região norte mas também de todo o país. DGS explica que tal se deve a uma “metodologia mista” e que passará a usar apenas os dados do Sinave, o que não corresponderá ao total de casos no país.

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PAULO PIMENTA

A Direcção-Geral da Saúde (DGS) admitiu nesta terça-feira que pode haver uma “dupla contagem” do número de casos de coronavírus registados por concelho por ser utilizada uma “metodologia mista”, que junta os casos reportados pelas administrações regionais de saúde (ARS) e pelo Sistema Nacional de Vigilância Epidemiológica (Sinave). A resposta ao PÚBLICO surge depois de, na segunda-feira, a subida de número de casos de infecção no concelho do Porto ter sido superior ao aumento de casos nacional.

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A Direcção-Geral da Saúde (DGS) admitiu nesta terça-feira que pode haver uma “dupla contagem” do número de casos de coronavírus registados por concelho por ser utilizada uma “metodologia mista”, que junta os casos reportados pelas administrações regionais de saúde (ARS) e pelo Sistema Nacional de Vigilância Epidemiológica (Sinave). A resposta ao PÚBLICO surge depois de, na segunda-feira, a subida de número de casos de infecção no concelho do Porto ter sido superior ao aumento de casos nacional.

Na segunda-feira foi registado um aumento de 446 casos de infecção no país, mas o boletim epidemiológico da Direcção-Geral da Saúde dava também conta de que o concelho do Porto mais do que duplicava o número de pessoas infectadas de domingo para segunda: eram mais 524 casos (para um total de 941), um número superior àquele registado em todo o país.

A DGS esclarece ao PÚBLICO nesta terça-feira que “utiliza uma metodologia mista”: são utilizados os dados reportados pelas administrações regionais de saúde por concelho e, “quando ainda não estão registados”, são utilizados os do Sinave. Isto leva a que “o universo possa ser, indevidamente, maior do que o número de casos, por dupla contagem”. No boletim de domingo era feita a ressalva de que os casos indicados tinham sido reportados pelas administrações regionais.

A DGS adianta que a partir de quarta-feira passará a disponibilizar apenas os dados do Sinave, que têm uma completude de 70% a 75%, “mesmo sabendo que a contabilização não será relativa ao total dos casos nem acompanhará em simultâneo os dados reportados pelas autarquias”. No site da DGS, é explicado que o Sinave é um “sistema de vigilância em saúde pública, que identifica situações de risco, recolhe, actualiza e divulga os dados relativos a doenças transmissíveis e outros riscos em saúde pública”.

Todos os dias é publicado um boletim epidemiológico da DGS com o número de casos confirmados, o número de mortes, o número de pessoas internadas e recuperadas, a faixa etária dos óbitos e também o número de casos de infecção por concelho.

No boletim de segunda-feira, foi registado um total de 6408 casos confirmados de covid-19 e a lista de concelhos com mais casos era encabeçada pelo Porto, seguido de Lisboa (633), Vila Nova de Gaia (344), Maia (313), Matosinhos (295), Gondomar (276), Ovar (241) e Coimbra (229). No caso do concelho de Ovar, que está em estado de calamidade pública, é referido que a informação foi reportada pela Administração Regional de Saúde.