Produtores de Vila Pouca de Aguiar estão a apostar pela primeira vez na amêndoa

Neste território da zona da Terra Fria e sem tradição deste fruto seco, os agricultores vêem, agora, na amêndoa uma oportunidade de negócio e apontam boas condições de solo e de clima.

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Ines Fernandes / Publico

Agricultores de Vila Pouca de Aguiar começaram há dois anos a apostar na amêndoa, uma produção inexistente no concelho, e têm já cerca de 20 hectares plantados de amendoeiras de onde vão colher os primeiros frutos neste verão.

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Agricultores de Vila Pouca de Aguiar começaram há dois anos a apostar na amêndoa, uma produção inexistente no concelho, e têm já cerca de 20 hectares plantados de amendoeiras de onde vão colher os primeiros frutos neste verão.

Neste território da zona da Terra Fria e sem tradição deste fruto seco, os agricultores vêem, agora, na amêndoa uma oportunidade de negócio e apontam boas condições de solo e de clima.

“Isto começou há dois anos. Começámos a plantar castanheiros, mas devido à altitude em que nós estamos o castanheiro já não é uma boa aposta e, depois de análises e estudos, chegamos à conclusão que seria melhor apostar na amendoeira”, afirmou hoje à agência Lusa Francisco Carvalho, de 34 anos e residente em Tresminas.

É funcionário público e a agricultura é um trabalho complementar para este produtor que fez uma “plantação de três hectares onde tem à volta de mil pés de amendoeira”.

“Este ano já teremos amostras, já haverá árvores a terem fruto, mas é ao final do terceiro ano, ou seja, em 2021, que começamos a ter produção de amêndoa”, frisou Francisco Carvalho.

O produtor acredita que os frutos secos “têm sempre saída no mercado”. “Uns anos mais rentáveis, outros anos menos, mas tem sempre saída seja para consumo ou até para fins medicinais”, reforçou.

Valorizados no mercado nacional e internacional, os frutos secos são considerados de fácil cultivo, mecanizáveis e rentáveis. O objectivo deste agricultor é continuar a aumentar a sua plantação.

Só na área de Tresminas, contou, são oito os produtores que se estão a dedicar a este fruto seco e que plantaram um total de 10 hectares.

Nesta freguesia contam com o apoio da junta que está a ceder terrenos baldios aos moradores e está num processo de desbaste de mato para, depois, se proceder a novas plantações.

No concelho, segundo dados fornecidos pelo município, foram plantados, nestes dois anos, cerca 20 hectares de amendoeiras no âmbito desta nova aposta de vários produtores.

“Estamos a reorganizar o sector agrícola e estamos a ir de encontro a cada agricultor deste concelho para o incentivar e ajudar na produção, como está a acontecer na fileira dos frutos secos”, afirmou o presidente da Câmara de Vila Pouca de Aguiar, Alberto Machado.

As previsões apontam para uma produção de amêndoa neste município, em cinco anos, de cerca de 40 toneladas. Este ano deve ser colhida cerca de meia tonelada.

A amêndoa é um dos frutos secos mais produzidos a nível mundial e tem um elevado impacto económico em Trás-os-Montes e Alto Douro.

Em 2019, a produção em Portugal foi de cerca 30 mil toneladas.

Segundo dados do Ministério da Agricultura, entre 2009 e 2018 registou-se um crescimento de 48% da área de amendoal no país. De 2010 a 2018 verificou-se um aumento de 208% na produção de amêndoa.

A distribuição da área de amendoal, em 2018, era: Trás-os-Montes com 54%, Alentejo com 23%, Algarve com 19% e Beira Interior com 4%.