Coronavírus: 80% do crédito é para ajudar indústria e turismo

Pacote de ajuda anunciado pelo Governo desdobra-se agora em cinco linhas de crédito. Um terço da dotação é para microempresas.

Foto
Pedro Siza Vieira, ministro da Economia LUSA/TIAGO PETINGA

Pela terceira vez em duas semanas, o Governo altera o quadro de empréstimos para ajudar empresas em dificuldades por causa da pandemia do novo coronavírus.

A verdade faz-nos mais fortes

Das guerras aos desastres ambientais, da economia às ameaças epidémicas, quando os dias são de incerteza, o jornalismo do Público torna-se o porto de abrigo para os portugueses que querem pensar melhor. Juntos vemos melhor. Dê força à informação responsável que o ajuda entender o mundo, a pensar e decidir.

Pela terceira vez em duas semanas, o Governo altera o quadro de empréstimos para ajudar empresas em dificuldades por causa da pandemia do novo coronavírus.

O que era uma linha de cem milhões para ajudar a tesouraria de todas as PME passou depois a uma linha de 200 milhões (e uma secundária de 60 milhões para as microempresas do turismo). Mas, hoje, todo este pilar foi desdobrado em mais quatro linhas de crédito com garantia do Governo. Dotação total: 3000 milhões de euros, com a indústria e o turismo no topo das prioridades.

A este montante acresce os 200 milhões da “linha de âmbito geral, que abrange todos os sectores económicos, do comércio, da indústria e dos serviços e disponível desde a semana passada”. 

Ainda não há data para a abertura das novas linhas. As demais condições de acesso também não foram detalhadas, sendo plausível que sejam semelhantes à dos 200 milhões que ficou disponível na quinta-feira da semana passada, 12 de Março. 

Os números anunciados nesta manhã de quarta-feira pelo ministro da Economia dizem que 2400 milhões desse novo bolo vão para sectores industriais (1300 milhões) e para o turismo (1100 milhões).

Têxtil e vestuário, madeiras, calçado e indústria extractiva ficam com o maior poder de fogo. São 1300 milhões de euros, dos quais 400 milhões para micro e pequenas empresas, disse o ministro Siza Vieira.

As microempresas industriais poderão ir buscar até 50 mil euros. As pequenas têm um limite de 500 mil e o tecto para as médias é de 1,5 milhões. 

As condições técnicas, a que o PÚBLICO teve acesso, não clarificam se há juros ou qual será a taxa a aplicar. O que se sabe é que em todos os casos há um período de carência até 12 meses e a amortização pode ser feita num período de até quatro anos. O crédito será concedido pela banca nacional, com garantia do Governo.

Depois da indústria, o sector turístico tem a segunda maior dotação. 

Serão 900 milhões para empresas de turismo e mais 200 milhões especificamente para agência de viagens, de animação e de eventos. Total: 1100 milhões, ou 36,6% do bolo total. 

Também aqui são definidos tectos máximos. Na linha destinada a agências de viagem, animação e eventos, as micro e pequenas empresas contam com 75 milhões (tecto de 50 mil para cada uma), as médias-pequenas têm 120,5 milhões (limite de meio milhão) e as médias-grandes contam com 4,5 milhões (montante máximo de 1,5 milhões por empresa). 

As restantes empresas do turismo podem pedir até 50 mil se forem micro, 500 mil se forem pequenas e 1,5 milhões se forem médias. Há 300 milhões para micro e pequenas empresas e 600 milhões para as restantes. 

A quarta linha destina-se a empresas da restauração e similares. São 600 milhões com a quase totalidade da verba para micro e pequenas empresas. A dotação limite para cada uma é a mesma: 50 mil nas micro; 500 mil nas pequenas; 1,5 milhões nas médias. 

Tudo somado, verifica-se que um terço das verbas que estarão disponíveis (1050 milhões) se destinará a ajudar microempresas.