Em Évora, os vinhos do Alentejo têm uma nova sala de visitas

O espaço remodelado conta com museu, experiência imersiva e zona multimédia para planear rotas. Até há borrifadores com os aromas das castas icónicas da região. E, claro, provas de vinhos.

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Entre dois patrimónios históricos de Évora, há agora um outro património a mostrar o seu lado mais high tech: são os vinhos do Alentejo num novo espaço de recepção aos turistas. A Comissão Vitivinícola Regional Alentejana (CVRA) mudou a sua morada na cidade na esperança de aumentar o número de visitantes em mais 600% nos próximos três anos e apresentou o seu novo espaço da Rota dos Vinhos do Alentejo.

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Entre dois patrimónios históricos de Évora, há agora um outro património a mostrar o seu lado mais high tech: são os vinhos do Alentejo num novo espaço de recepção aos turistas. A Comissão Vitivinícola Regional Alentejana (CVRA) mudou a sua morada na cidade na esperança de aumentar o número de visitantes em mais 600% nos próximos três anos e apresentou o seu novo espaço da Rota dos Vinhos do Alentejo.

O espaço de 680m² é dividido em duas áreas principais: uma mostra expositiva sobre a região, as suas uvas e história, e a outra dedicada à prova dos vinhos e as rotas de enoturismo. Na apresentação da novidade, na semana passada, Francisco Mateus, presidente da CVRA, falou sobre a importância de enriquecer os turistas com mais informações: “Temos que mudar a forma como a Comissão mostra o Alentejo. Não pode ser só a prova de vinho, tem que ser a prova em complemento com a história, as imagens. O enoturismo é muito mais do que o vinho”.

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O novo endereço foi o catalisador para esta mudança de tom, já que tem o dobro do tamanho do anterior e está precisamente no centro do eixo turístico de Évora, entre o Templo Romano, a Catedral e a Praça do Giraldo. “O espaço que tínhamos era curto, os produtores viram que o enoturismo cresceu muito e achavam que faltava mais comunicação, e percebemos que os turistas começam a querer ir aos sítios. Então perguntámo-nos como é que vamos despertar este interesse e facilitar-lhes ir ao sítio”, completou o responsável.

Na parte da montra, uma das prioridades da CVRA era focar a história do Alentejo. A CVRA “tinha a convicção que a história do Alentejo é pouco conhecida por a maior parte dos portugueses e também dos turistas”, e por isso uma linha do tempo, que vai desde os tempos romanos, conta os pontos principais desta narrativa. Todos os textos do espaço são apresentados em português, mas tablets em cada secção disponibilizam a tradução para inglês e francês (com planos de expansão para o espanhol).

Além da história, a montra também enfatiza cinco diferentes cepas que são consideradas ‘icónicas’ (Antão Vaz, Roupeiro, Aragonez, Alicante Bouschet e Trincadeira) com borrifadores que expressam os aromas característicos de cada uma. Logo em frente, cinco colunas de vidro mostram cinco tipos diferentes de solos encontrados na região (dos cerca de sessenta catalogados), com os exemplos apresentados tendo sido retirados cuidadosamente de cinco diferentes fincas parceiras.

Novas tecnologias para potencializar o enoturismo

Com um total de 750 mil euros investidos no novo espaço, a CVRA implementou algumas tecnologias que enriquecem a experiência do visitante. A sala baptizada de ‘experiência imersiva’, com seis televisores num corredor escuro, “mostra seis Alentejos diferentes, em seis momentos iguais, para mostrar a diversidade" da região em “termos de vinha e de vinificação”. Logo ao lado, junto aos vinhos à prova, um totem multimédia traz uma ferramenta vital para auxiliar no desenvolvimento do enoturismo da região. Através de um ecrã sensível ao toque, o visitante poderá definir um ponto de partida e outro de chegada, assim como as suas actividades favoritas, e o totem mostrará todas as vinícolas disponíveis no trajecto para o enoturismo, refeições e alojamento.

Para não passar a visita com a boca seca, quem for ao espaço terá à disposição até seis rótulos diferentes para a prova. Com um custo fixo de 5 euros, o visitante poderá experimentar duas referências de três produtores diferentes, uma selecção que varia de semana a semana. A sala de provas também conta com uma estrutura expositiva de diversos produtores da região, que mandam ao espaço uma selecção limitada de garrafas para venda. No entanto, frisa Francisco Mateus, o espaço não funcionará como uma loja e tampouco é esse o seu objectivo: “nós aqui queremos mostrar a diversidade e variedade de vinhos no Alentejo. Nós queremos que os turistas venham aqui e depois queiram visitar os enoturismos”. 

E eles têm querido. No espaço anterior, a CVRA recebia cerca de sete mil turistas por ano, basicamente todos a realizar provas. No novo espaço, a projecção da Comissão é elevar este número para 50 mil visitantes/ano até 2022, um aumento de 600%. Mesmo estando ainda em auto-proclamado soft opening, a estratégia já vem dando frutos: nos primeiros quatro dias de abertura, refere o responsável, foi feito “quase o equivalente a duas semanas de trabalho no outro”. Um sinal de que “numa fase mesmo sem grandes comunicações, que este espaço tem tremendo potencial de visita por parte dos turistas”.

Artigo editado por Luís J. Santos