Restringir viagens terá impacto “modesto” na propagação do coronavírus

A detecção precoce de casos e a lavagem de mãos estão entre as medidas mais eficazes para se evitar a propagação do novo coronavírus.

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Equipa de cientistas estimou o impacto do cancelamento de voos para evitar a propagação do coronavírus MUHAMMAD HAMED/Reuters

Afinal, qual é o impacto das restrições das viagens na transmissão do novo coronavírus? Uma equipa de cientistas dos Estados Unidos, da Itália e China estimou os impactos da propagação da covid-19 depois depois de se ter posto em prática a quarentena na cidade chinesa de Wuhan, o epicentro da epidemia. Resultado: as restrições nas viagens têm um impacto “modesto” na propagação do novo coronavírus. Medidas de saúde pública e mudanças comportamentais, como a detecção precoce de casos e lavar as mãos, são mais eficazes.

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Afinal, qual é o impacto das restrições das viagens na transmissão do novo coronavírus? Uma equipa de cientistas dos Estados Unidos, da Itália e China estimou os impactos da propagação da covid-19 depois depois de se ter posto em prática a quarentena na cidade chinesa de Wuhan, o epicentro da epidemia. Resultado: as restrições nas viagens têm um impacto “modesto” na propagação do novo coronavírus. Medidas de saúde pública e mudanças comportamentais, como a detecção precoce de casos e lavar as mãos, são mais eficazes.

A equipa coordenada pelo cientista Matteo Chinazzi, da Universidade do Nordeste (dos Estados Unidos), usou um modelo de transmissão da covid-19 chamado “Global Epidemic and Mobility Model (GLEAM)”.  

Os resultados já tinham sido divulgados no portal de investigação de ciências de saúde MedRxiv e foram publicados esta sexta-feira na revista científica Science. E há três grandes conclusões. Primeiro, percebeu-se que a proibição de viagens em Wuhan a 23 de Janeiro de 2020 atrasou a evolução da epidemia pela China continental de três para cinco dias. Ou seja, teve um efeito “modesto”.

Depois, quando no início de Fevereiro as companhias aéreas cancelaram voos de e para a China, essas restrições ajudaram a abrandar a propagação da epidemia no mundo. No entanto, esse efeito também foi modesto. “Mesmo quando houve 90% de reduções nas viagens, o número de casos importados noutros países aumentou significativamente numa questão de semanas”, lê-se num resumo sobre o artigo. Por fim, a equipa salienta mesmo que na presença de grandes restrições de viagens na China e para fora do país, um grande número de indivíduos já expostos ao novo coronavírus viajou pelo mundo sem ser detectado.

Estes resultados poderão ser um contributo para cientistas, equipas médicas e políticos combaterem a epidemia. “No futuro, esperamos que as restrições das viagens a propósito da covid-19 nas áreas afectadas venham a ter efeitos modestos, e que as intervenções para reduzir a transmissão permitam obter grandes benefícios para mitigar a epidemia”, escrevem os autores no artigo. 

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