Bernie Sanders: uma pedrada no charco

Bernie Sanders teve agora um revés na super-terça-feira, com Joe Biden a ganhar terreno, fruto da desistência de dois candidatos da ala moderada, que agora se unem para não deixar que Bernie dê a pedrada no sistema que tem que ser dada.

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Bernie Sanders Reuters/JONATHAN ERNST

Não é a primeira vez que Bernie tenta a nomeação democrata para almejar a presidência dos Estados Unidos; já o havia tentado em 2016, ano em que a candidata democrata acabou por ser Hillary Clinton. E, bem, o resto da história já conhecemos. É neste moderno 2020, onde as políticas não interessam e quem rege o mundo é o dinheiro e as acções cotadas em bolsa, que Bernie apresenta uma candidatura inovadora, fresca e jovem, apesar da sua idade, onde os direitos das pessoas são o centro de todas as propostas políticas.

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Não é a primeira vez que Bernie tenta a nomeação democrata para almejar a presidência dos Estados Unidos; já o havia tentado em 2016, ano em que a candidata democrata acabou por ser Hillary Clinton. E, bem, o resto da história já conhecemos. É neste moderno 2020, onde as políticas não interessam e quem rege o mundo é o dinheiro e as acções cotadas em bolsa, que Bernie apresenta uma candidatura inovadora, fresca e jovem, apesar da sua idade, onde os direitos das pessoas são o centro de todas as propostas políticas.

Nos EUA de Trump, são os grandes empresários e multimilionários quem mais beneficiam com a política do Great Again, da autocracia e da estabilidade que o actual presidente dos Estados Unidos mantém intacta. Dizia-se que Trump seria o presidente anti-sistema, aquele que voltaria a colocar a América mais perto dos seus valores fundadores. Pois bem, a América está igual a si mesma, mantém os 1% mais ricos cada vez mais ricos, mantém o lobby das farmacêuticas, da educação, das armas e da saúde intocável. Apesar dos apenas 4% de desemprego, este é criado nas formas mais precárias possíveis, havendo um cento de pessoas com dois, três, ou quarto empregos para conseguirem fazer face às suas despesas. Muitos deles são estudantes, que, para o serem, têm de contrair dívidas pornográficas em empréstimos de perder de vista. As universidades são pagas, mas bem pagas. A saúde é paga e bem paga. A política de saúde dos EUA é desastrosa a todos os níveis, não competindo nem de perto com outros sistemas como o nosso SNS. Já para não falar do número de presos per capita que nos EUA é dos maiores do mundo.

É neste contexto que surge Bernie, no seio de um gigante movimento agregador da população latina e negra, asiática e indígena. Um movimento com ideias radicais, como a criação de um serviço nacional de saúde para todos e gratuito, uma educação universitária também gratuita e para quem quiser. Parece, para nós portugueses, radical este discurso? Não, porque já conquistamos o SNS há 40 anos, porque as propinas no ensino superior nem sempre existiram e porque não estamos habituados a assistir a tiroteios em escolas ou em supermercados, aliás, em lado nenhum.

Bernie Sanders teve agora um revés na super-terça-feira, com Joe Biden a ganhar terreno, fruto da desistência de dois candidatos da ala moderada, que agora se unem para não deixar que Bernie dê a pedrada no sistema que tem que ser dada.

Mas admitam, quão bonito seria, no país onde nos habituamos a ver sede de guerra, racismo e xenofobia, complexos de superioridade e a ganância dos lucros de Wall Street, um homem simples, que ergueu a campanha a partir de milhões de donativos e não se socorreu em milionários, que nada mais quer do que uma sociedade mais justa e mais igual?

Para Bernie Sanders, os direitos económicos são também direitos humanos, uma disposição que já encontra afloramentos na Constituição portuguesa. Bernie é o antídoto para Trump e representa todos aqueles que querem uma outra América e um outro mundo.