Mulher com suspeita de Covid-19 mantida em casa de banho apesar de existirem salas de isolamento

Utente com suspeita de coronavírus foi atendida do Centro de Saúde de Cantanhede. Esteve em isolamento no hall da casa de banho mesmo existindo duas salas para receber casos suspeitos. Também em Tondela um homem com suspeitas de infecção foi isolado numa sala exterior ao hospital.

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Mulher mantida em casa de banho apesar de existiram salas para o efeito Paulo Pimenta

Uma mulher que regressou de Milão foi mantida em isolamento, na quinta-feira, no “hall de casa de banho” do Centro de Saúde de Cantanhede, confirmou esta sexta-feira a Administração Regional de Saúde do Centro (ARSC). O espaço possui duas salas próprias para o efeito que não foram usadas.

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Uma mulher que regressou de Milão foi mantida em isolamento, na quinta-feira, no “hall de casa de banho” do Centro de Saúde de Cantanhede, confirmou esta sexta-feira a Administração Regional de Saúde do Centro (ARSC). O espaço possui duas salas próprias para o efeito que não foram usadas.

O caso foi reportado esta sexta-feira pelo jornal As Beiras. A mulher em causa, que não quis ser identificada, explicou que quando chegou a Portugal, depois de ter estado em Itália, não apresentou qualquer sintoma suspeito. Ainda assim, por ter estado numa zona com casos confirmados e por ser portadora de uma doença auto-imune, ligou para a linha Saúde 24.

De acordo com o comunicado enviado pela ARSC às redacções, a mulher foi atendida às 9h, e foi-lhe entregue uma máscara de protecção. De seguida, foi encaminhada “para uma área de isolamento mais próxima e segura, o hall de casa de banho”. A medida foi tomada para evitar o contacto com outros utentes, justifica a ARSC. Por volta das 16h, e depois de o caso não ter sido validado como suspeito, saiu do Centro de Saúde, com a informação de que seria contactada por uma delegada de saúde para o início de vigilância activa.

Directora-geral da Saúde pede “condescendência"

Na mesma nota, a ARSC confirma que o Centro de Saúde de Cantanhede possui dois espaços próprios para o acolhimento de situações suspeitas. Ao PÚBLICO, fonte da ARSC explicou que pelo facto de a utente já estar a ser acompanhada por um médico no hall da casa de banho e por estar instalada confortavelmente, “foi tomada a decisão de não a transferir para uma das salas preparadas para este cenário”.

Também no Hospital de Tondela, um utente com suspeitas de infecção foi mantido em isolamento numa sala exterior ao hospital, onde ficou a aguardar pela chegada de enfermeiros, escreve o Jornal do Centro.

Questionada pelos jornalistas sobre estes casos, durante uma conferência de imprensa, a directora-geral da Saúde, Graça Freiras, explicou que quem tomou estas decisões o fez “convicto de que estava a fazer o bem”. “Certamente vão reflectir se é a melhor forma de isolar a pessoa. Gostava que houvesse condescendência para pessoas que acharam que fizeram o melhor”, apelou. “Estou em crer que estas duas instituições, à data em que isso aconteceu fizeram o que acharam melhor. Provavelmente se voltar a acontecer terão outro espaço de isolamento”, sublinhou.

Mais tarde, a mesma utente que esteve no Centro de Saúde de Cantanhede apresentou-se no Hospital Pediátrico, em Coimbra, “de forma adequada”, com o filho que apresentava febre. A criança permaneceu internada para investigação e os resultados foram negativos para infecção por coronavírus.

Esta sexta-feira, a Direcção-Geral da Saúde (DGS) revelou que Portugal continua sem qualquer caso confirmado de infecção. Até ao momento, e desde o início do surto, foram apurados 59 casos suspeitos, sete só no último dia. 57 deram negativo, faltando a confirmação de dois.