Um jantar na Madeira para homenagear o funcho e os primeiros povoadores

A série de jantares Legado, no restaurante Terreiro, vai valorizar produtos da ilha como a cana-de-açúcar, a anona ou a pimpinela.

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O cheiro adocicado do funcho foi, possivelmente, uma das coisas que despertou a atenção dos primeiros povoadores que chegaram à ilha da Madeira. A erva selvagem existia então em tão grande quantidade que, acredita-se, terá sido por causa dela que a cidade do Funchal ganhou o seu nome.

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O cheiro adocicado do funcho foi, possivelmente, uma das coisas que despertou a atenção dos primeiros povoadores que chegaram à ilha da Madeira. A erva selvagem existia então em tão grande quantidade que, acredita-se, terá sido por causa dela que a cidade do Funchal ganhou o seu nome.

A confirmar esta tese, temos as palavras de Gaspar Frutuoso no livro Saudades da Terra, datado do século XVI. Escreveu o padre, na grafia da época: “[…] Funchal, a que o capitam deo este nome por se fundar em hum valle fermoso de singular arvoredo, cheyo de funcho até ao mar”.

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A equipa do Terreiro dr

É esta erva, que foi introduzida como tempero na gastronomia local, a estrela do primeiro jantar Legado que acontece no dia 5 no restaurante Terreiro, no Funchal. O espaço, que é também um gastrobar e tem como chefs Alexandre Henriques e Francisco Silva, inaugurou em Outubro de 2019 e lança agora a série de jantares Legado em torno de alguns dos mais emblemáticos produtos autóctones da ilha.

O projecto, que tem consultoria de Nuno Nobre, propõe-se fazer “a recuperação de um passado de sabores eventualmente esquecido ou relegado para segundo plano”. O funcho será o primeiro, a ele segue-se a cana-de-açúcar (a 8 de Abril), o tunídeo (3 de Junho), a pimpinela (9 de Setembro) e a anona (4 de Novembro).

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O que se pretende é trazer “de volta à mesa o receituário da Madeira”, num trabalho que envolverá não apenas os cozinheiros, mas também os produtores e pescadores locais. O jantar de dia 5 terá sete momentos – começa ainda nos barcos, com um caldo marinho, passa de seguida para a descoberta da ilha de Porto Santo, e aí entra em cena o coelho, que existia em grande quantidade neste território. O funcho surge com destaque no terceiro momento, que assinala a chegada à ilha da Madeira.

O quarto momento, explica ainda o consultor Nuno Nobre, está ligado ao povoamento da ilha e à criação de uma gastronomia com os produtos locais, mas influenciada também pelas tradições culinárias dos povoadores, vindos sobretudo do Norte de Portugal e do Algarve. No quinto momento, entram influências mais alargadas, do Norte de África, por onde andou João Gonçalvez Zarco, o primeiro a deter a capitania do Funchal. Os dois últimos momentos “prometem ser uma festa de celebração que começa no século XV, data do início do povoamento da Madeira, e chega até aos dias de hoje”.