Cabelos brancos? Sim, a culpa (também) é do stress

A sabedoria popular sempre defendeu que as preocupações fazem cabelos brancos. Mas, agora, é a ciência que defende a tese, concluindo que o stress é uma das causas da perda de pigmentação do cabelo.

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A descoberta abre caminho ao desenvolvimento de terapias antienvelhecimento Philipp Sewing/Unsplash

Um grupo de cientistas da Universidade de Harvard, nos EUA, conseguiu demonstrar que o stress pode, ao longo do tempo, acelerar o processo de despigmentação do cabelo e fazer com que os cabelos brancos surjam mais cedo.

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Um grupo de cientistas da Universidade de Harvard, nos EUA, conseguiu demonstrar que o stress pode, ao longo do tempo, acelerar o processo de despigmentação do cabelo e fazer com que os cabelos brancos surjam mais cedo.

Segundo a bióloga Ya-Chieh Hsu, especialista em células estaminais, o stress provoca uma alteração nas células nervosas, levando-as a libertar uma hormona que destrói as células estaminais que dão origem aos melanócitos, as células que criam, neste caso, o pigmento capilar.

A descoberta, publicada esta semana na revista científica Nature, abre caminho ao desenvolvimento de terapias antienvelhecimento, que poderão não só adiar cabelos brancos, como outras manifestações precoces do avançar da idade.

Mas, ainda mais relevante do que a manutenção da cor natural do cabelo, Hsu destaca o facto de este trabalho ajudar à compreensão de como a perda de células estaminais no corpo contribui para o envelhecimento. Além disso, a constatação poderá ainda explicar “a razão pela qual se adoece após períodos prolongados de stress”, disse, citada pelo The Guardian.

Uma investigação cheia de becos sem saída

Segundo o jornal britânico, que cita o estudo, a equipa de Harvard fez a sua descoberta através de uma série de experiências com ratinhos.

Os animais foram sujeitos a várias condições capazes de despertar angústia e stress, como serem isolados por longos períodos, rápidas e constantes mudanças de iluminação ou colocados em gaiolas inclinadas.

Foi evidente, então, que o stress provocava a descoloração do pêlo. Restava saber como. Primeiro, suspeitou-se de que aquele desencadearia um ataque imunitário às células que produzem pigmentos capilares, mas essa hipótese foi descartada quando foi observado o mesmo padrão em ratos sem células imunitárias.

Depois, foi ponderado que a responsabilidade residia no cortisol, a hormona do stress. Mas acabaram noutro beco sem saída quando verificaram que os roedores sem cortisol também ficavam grisalhos.

A resposta do sistema nervoso simpático

Após várias tentativas, os investigadores compreenderam que a culpa seria de um conjunto de nervos que compõem o sistema nervoso simpático.

Estes nervos, que preparam o corpo para a acção, atingem os folículos capilares da pele com noradrenalina que converte um grande número de células estaminais em melanócitos, mas, assim que estes são produzidos, começam a afastar-se do folículo, entrando em decomposição.

Assim, na vez seguinte que o folículo tenta fabricar um fio de cabelo, existem poucas ou nenhumas células estaminais para gerar células novas produtoras de pigmento.