Isabel dos Santos admite candidatar-se à presidência de Angola

Isabel dos Santos defende que está a ser alvo de uma perseguição judicial, com o arresto de bens, para ser neutralizada politicamente.

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Nelson Garrido

A empresária Isabel dos Santos admite ser candidata à presidência de Angola. A revelação surge em entrevista à RTP. “É possível”, admite em resposta a uma pergunta directa sobre o tema, depois de afirmar que fará o que tiver de fazer para “defender e prestar os serviços” ao seu país. A filha do antigo presidente angolano José Eduardo dos Santos argumenta que está a ser alvo de perseguição judicial em Luanda para ser neutralizada politicamente.

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A empresária Isabel dos Santos admite ser candidata à presidência de Angola. A revelação surge em entrevista à RTP. “É possível”, admite em resposta a uma pergunta directa sobre o tema, depois de afirmar que fará o que tiver de fazer para “defender e prestar os serviços” ao seu país. A filha do antigo presidente angolano José Eduardo dos Santos argumenta que está a ser alvo de perseguição judicial em Luanda para ser neutralizada politicamente.

“Não podemos utilizar a corrupção, ou a luta contra a corrupção, a suposta luta contra a corrupção, de forma selectiva para poder neutralizar o que nós achamos que podem ser futuros candidatos políticos”, afirma Isabel dos Santos, referindo-se a uma luta pelo poder no MPLA.

As declarações surgem depois de o Tribunal Provincial de Luanda, a pedido do Ministério Público angolano, ter decretado em Dezembro o arresto das contas bancárias da empresária, do marido, Sindika Dokolo, e do português Mário da Silva, bem como as suas participações sociais em nove empresas por prejuízos ao Estado de quase 1137 milhões de dólares (mais de mil milhões de euros).

Luanda acusa os três de “ocultar património obtido às custas do Estado” e afirma que a filha do antigo Presidente de Angola, “por intermédio do seu sócio Leopoldino Fragoso do Nascimento, está a tentar transferir alguns dos seus negócios para a Rússia, tendo a Polícia Judiciária portuguesa interceptado uma transferência de dez milhões de euros que se destinava à Rússia”.

A empresária, por sua vez, acusou os serviços de segurança de Angola de terem entrado nos servidores das suas empresas em Portugal e “forjado e falsificado” provas contra si. Numa entrevista publicada no Financial Times, a filha do ex-presidente de Angola, que em Portugal é accionista da Galp, da Nos, do Eurobic e da Efacec, disse estar disposta a defender-se nos tribunais angolanos, embora tenha pouca confiança no sistema judicial.

Na entrevista que deu na noite desta quarta-feira à RTP, Isabel dos Santos respondeu a várias questões sobre as alegadas irregularidades empresariais e vantagens de que terá beneficiado por ser filha de José Eduardo dos Santos.

O tribunal de Luanda acredita que os seus negócios lesaram o Estado angolano em mais de 1.136 milhões de dólares, “uma sentença baseada em várias mentiras”, disse. A empresária garantiu que todos os seus negócios sempre foram “bem conhecidos”, que sempre trabalhou “de forma transparente” e que a afirmação de que lesou o Estado é “falsa”. Afirmou que sempre foi muito escrutinada por ser filha do ex-Presidente e que sempre colaborou com as autoridade das maneiras que foram necessárias.

Isabel dos Santos respondeu também às acusações de que terá tentado transferir alguns dos seus negócios para a Rússia. “Não tive reuniões com ninguém para vender parte das minhas empresas. Outra alegação falsa é de uma tentativa de mandar dinheiro para a Rússia, nunca dei ordem para transferir dinheiro algum para negócio algum na Rússia”, referiu, sublinhando que também não é verdade que tenha sido um sócio seu a dar essa ordem.

A empresária voltou a afirmar que existe uma vontade política por detrás desta acusação e que a justiça Angola “não é independente”. Questionada sobre se receia o arresto do seu património em Portugal, Isabel dos Santos afirmou que acredita que a justiça portuguesa é “prudente” e que Portugal é um estado democrático”.