Harry e Meghan querem o melhor dos dois mundos?

Há muitas questões que se colocam face à decisão dos duques de Sussex. A Reuters enuncia algumas perguntas e procura dar respostas.

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As manchetes dos jornais britânicos nesta quinta-feira, dia seguinte ao anúncio dos duques de Sussex EPA/FACUNDO ARRIZABALAGA

O príncipe Harry e a mulher Meghan anunciaram que querem deixar de ser altos membros da família real britânica e há muitas perguntas que se colocam como, por exemplo, como vão conciliar uma futura vida profissional com os deveres reais. A Reuters enumera algumas dessas questões e procura dar respostas.

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O príncipe Harry e a mulher Meghan anunciaram que querem deixar de ser altos membros da família real britânica e há muitas perguntas que se colocam como, por exemplo, como vão conciliar uma futura vida profissional com os deveres reais. A Reuters enumera algumas dessas questões e procura dar respostas.

Vão manter os títulos?
O casal não tenciona desistir dos seus títulos reais e justifica que outros membros da família, que trabalham, os mantêm. Isabel II, no dia do casamento de Harry e Meghan, atribuiu-lhes o título de duques de Sussex. Harry e o filho Archie estão em sexto e sétimo lugar na linha de sucessão ao trono e assim se manterão, só descendo de posição se William e Kate tiverem mais filhos ou quando os netos dos duques de Cambridge chegarem. Em 2018, a rainha Isabel II nomeou o príncipe Harry embaixador da juventude para a Commonwealth, com o objectivo de o príncipe encorajar os jovens, dos países que já foram colónias britânicas, a enfrentar novos desafios. 

Quem paga?
Os duques de Sussex, no seu novo site, responderam a algumas dúvidas dos leitores e uma é precisamente como é que vão ter independência financeira. O príncipe recebeu uma herança pela morte da mãe, a princesa Diana, tal como o seu irmão mais velho. No site, Harry e Meghan disseram que recebem 5% do Fundo Soberano — dinheiro que resulta dos lucros gerados pelas propriedades e quintas da Coroa, sendo que entre 15% e 25% é para a família e o restante para os cofres do Governo. Em princípio, deixarão de receber essa percentagem. Contudo, não revelaram se vão desistir dos 95% provenientes da propriedade privada do príncipe Carlos. À partida, continuarão a receber pois remetem a resposta para o pai. É a percentagem recebida do Fundo Soberano que os impossibilita de terem profissões remuneradas.

Como ganharão dinheiro?
O novo site do casal, Sussex Royal, não diz como é que os duques pretendem financiar-se no futuro. Mas, certamente, não são os primeiros a trabalhar entre os netos da rainha — Beatrice e Eugenie, as filhas do príncipe André e de Sarah Ferguson, trabalham na área da gestão e das artes.

O ano passado, foi noticiado que Harry vai ser produtor executivo de um documentário sobre saúde mental — um tema que lhe é querido e pelo qual tem dado a cara, para o serviço de streaming da Apple, e com o apoio de Oprah Winfrey. Meghan poderá voltar aos ecrãs, avança a biógrafa real Penny Junor, só terá de ter cuidado com o tipo de papéis que aceitar, uma vez, que continuará a pertencer à família real, salvaguarda — a fortuna da ex-actriz norte-americana está avaliada em 4,5 milhões de euros.

Há seis meses, Harry e Meghan registaram as palavras “Sussex Royal” e “Sussex”, o que lhes abre as portas a receberem os dividendos do seu uso em publicações ou artigos de merchandising, das canecas aos pijamas, por exemplo, mas também acções de formação. Além disso, anunciaram que vão criar uma instituição de caridade internacional. Note-se que os duques de Sussex, na sua declaração, salvaguardam sempre que se mantêm disponíveis para continuar a colaborar com a rainha, o príncipe de Gales, o duque de Cambridge e “todas as partes importantes”.

Onde viverão?
A declaração publicada na quarta-feira nas redes sociais, levanta o véu: o casal quer dividir o seu tempo entre o Reino Unido e a América do Norte. Resta saber se vão escolher os EUA, onde vive a mãe de Meghan, se o Canadá, onde passaram as últimas seis semanas — assim que regressou a Londres, o casal foi à Casa do Canadá, a representação diplomática daquele país que pertence à Commonwealth, para agradecer a hospitalidade.

Os duques de Sussex vão manter a sua casa no Reino Unido, na propriedade do Castelo de Windsor, a Frogmore Cottage, que foi remodelada no Verão e cujos custos da obra foram muito criticados pois ascenderam aos 2,7 milhões de euros, pagos pelos contribuintes.

Vão continuar a ter segurança pessoal?
O casal deixou claro que espera que o Governo continue a financiar os custos de segurança, conforme determinado pelo Ministério do Interior, responsável pela segurança da família real. Este custo não é público, mas estima-se que custe centenas de milhares de euros anualmente.

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Como vai ser a sua relação com os meios de comunicação social?
No site, os duques explicam que há quatro décadas que existe um sistema chamado Royal Rota, um acordo existente entre a família real e os meios de comunicação social, mais concretamente com cinco organizações que cedem os materiais produzidos a outros órgãos. Segundo Harry e Meghan, nem sempre o que é que fornecido está correcto, havendo “erros frequentes” nos artigos. Por isso, passarão eles a gerir esse acesso e a escolher os meios que poderão estar nos seus compromissos. Esta decisão põem-nos em risco, já que poderão ser um alvo mais fácil para os paparazzi, uma vez que os órgãos que forem excluídos dos eventos, não terão nada a perder se quiserem mesmo dar a notícia.

Em época de redes sociais, o casal pretende continuar a falar directamente com o público, através das mesmas. A conta de Instagram, @sussexroyal, tem mais de dez milhões de seguidores; enquanto, no ano passado, Meghan foi a pessoa mais pesquisada no Google no Reino Unido.