Prisão preventiva para os três suspeitos de assalto a jovem no Campo Grande. Só um está indiciado por homicídio

Jovem que praticava artes marciais terá reagido a assalto e acabou assassinado com duas facadas após um grupo de três rapazes mais novos e menos corpulentos o terem tentado roubar.

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Fábio Augusto

Os três jovens envolvidos no assalto e assassinato de um jovem de 24 anos, recém-licenciado em Engenharia Informática, no Campo Grande, em Lisboa, ficaram em prisão preventiva, apesar de só um deles ter ficado indiciado pelo crime de homicídio. Foi esta a decisão decretada pelo juiz de instrução esta terça-feira à noite, após o primeiro interrogatório judicial dos suspeitos, um com 16 anos, outro com 17 e outro com 20​.  A informação foi prestada ao PÚBLICO pela juíza-presidente da comarca de Lisboa, Amélia Almeida, que precisou que o suspeito do homicídio tem 17 anos. 

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Os três jovens envolvidos no assalto e assassinato de um jovem de 24 anos, recém-licenciado em Engenharia Informática, no Campo Grande, em Lisboa, ficaram em prisão preventiva, apesar de só um deles ter ficado indiciado pelo crime de homicídio. Foi esta a decisão decretada pelo juiz de instrução esta terça-feira à noite, após o primeiro interrogatório judicial dos suspeitos, um com 16 anos, outro com 17 e outro com 20​.  A informação foi prestada ao PÚBLICO pela juíza-presidente da comarca de Lisboa, Amélia Almeida, que precisou que o suspeito do homicídio tem 17 anos. 

A PJ acredita que foi a resistência ao assalto de que foi alvo o engenheiro informático, filho de um inspector da Judiciária reformado, que terá motivado o homicídio do rapaz, que acabou por morrer na sequência de dois golpes com uma faca de grandes dimensões. A vítima, corpulenta e praticante de artes marciais, terá tentado impedir os alegados assaltantes, mais novos e com menor estatura física, de concretizarem o roubo.

Mas um dele reagiu e ter-lhe-á espetado uma faca de “elevadas dimensões”, nas palavras da própria PJ, por duas vezes, provocando a morte do recém-licenciado no local do crime. Tudo aconteceu na noite de sábado, 28 de Dezembro. As autoridades foram alertadas às 23h24 por uma chamada para o 112. Quando o carro patrulha da PSP chegou ao local, já lá se encontrava uma ambulância da Cruz Vermelha, accionada pelo Instituto Nacional de Emergência Médica. Mais tarde chegou uma Viatura Médica de Emergência e Reanimação. Durante mais de meia hora foram feitas manobras de reanimação. Mas em vão. O óbito acabou por ser declarado no local. A Judiciária foi alertada e, às 2h40, foi autorizada a remoção do cadáver.

Nessa altura, já o suspeito de esfaquear a vítima tinha fugido há muito do local. Os dois amigos também. Durante uns minutos ainda ficaram junto à vítima, incrédulos com o desfecho da situação, mas rapidamente decidiram fugir. Sem levarem nada do engenheiro informático que ficou estendido no chão, antes de conseguir chegar ao restaurante onde se ia encontrar com um grupo de amigos.

Apesar das idades, os três jovens já estavam referenciados pelas autoridades quer por furto quer por roubo, um crime que implica o uso de violência. Os três, que se conheceram na escola e que residiam na zona de Queluz, actuariam frequentemente em conjunto e exibiriam a faca para ameaçar e coagir as vítimas. “Mas este é o único caso de que temos conhecimento em que a faca foi de facto usada”, refere uma fonte ligada à investigação. 

O facto de estarem referenciados por vários roubos similares ajudou a PJ a identificar os suspeitos. Duas horas antes do recém-licenciado ter sido assassinado, um estudante tinha sido alvo de um roubo na mesma área e com contornos semelhantes. O mesmo acontecera no dia anterior com um outro jovem que passava no mesmo local.

O brinco que um deles usava

Os depoimentos deles foram importantes para a investigação. Além de descreverem as roupas e a fisionomia dos suspeitos, uma das vítimas revelou um pormenor sobre um dos alegados assaltantes que ajudou a polícia. Um deles lembrava-se que um dos jovens tinha um brinco que até usara para retirar o cartão do telemóvel que acabara de roubar e devolvê-lo ao dono, dando assim eco a um pedido deste. A videovigilância do metro de Lisboa, usado pelos suspeitos para regressarem a casa, foi essencial para conseguir as imagens dos alegados assaltantes. Mas só a troca de informações policiais permitiu atribuir um nome aos três jovens filmados.

Tal foi determinante para a operação de buscas que decorreu esta segunda-feira e permitiu deter os três jovens, no concelho de Sintra. Além de ter sido apreendida a arma do crime, foram igualmente descoberta droga, nomeadamente cocaína, numa quantidade superior a cinquenta doses individuais. Foram também apreendidos diversos objectos que terão sido roubados pelos suspeitos noutras ocasiões, mas que não correspondem a nenhum dos objectos furtados nos dois episódios já investigados pelas autoridades. O brinco também foi apreendido. “A Polícia Judiciária irá prosseguir a investigação, na qual irá, igualmente, esclarecer o eventual envolvimento dos suspeitos noutros crimes patrimoniais violentos”, remata um comunicado da instituição.

Quando foram detidos, os três suspeitos colaboraram com as autoridades e confirmaram parte dos crimes. Mas negaram ter havido qualquer intenção de matar a vítima.