Crianças com ligeira perda auditiva podem ter problemas de comportamento e fraco desempenho escolar

Investigadores holandeses focaram o seu estudo em crianças que tinham problemas para ouvir tons abaixo de 25 decibéis.

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Os alunos com ligeira perda auditiva devem estar mais próximos do professor Nelson Garrido/Arquivo

Crianças com ligeira perda auditiva podem ter resultados menos bons na escola e desenvolver problemas de comportamento, sugere um novo estudo holandês, da Universidade de Erasmus, publicado na JAMA Otorrinolaringologia - Cirurgia de Cabeça e Pescoço.

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Crianças com ligeira perda auditiva podem ter resultados menos bons na escola e desenvolver problemas de comportamento, sugere um novo estudo holandês, da Universidade de Erasmus, publicado na JAMA Otorrinolaringologia - Cirurgia de Cabeça e Pescoço.

A deficiência auditiva considerada ligeira “pode ​​realmente estar associada ao desempenho e ao comportamento na escola”, escrevem os investigadores, depois de terem analisado 4779 crianças do ensino básico, nascidas entre 2002 e 2006, com ligeira perda auditiva — as que tinham perda moderada ou grave foram excluídas do estudo —; e feito inquéritos aos pais. Nestes, os encarregados de educação respondem que os filhos têm problemas comportamentais.

Entre os 9 e 11 anos, as crianças tiveram a sua audição verificada numa sala silenciosa. Um grupo mais pequeno fez um segundo exame, no qual foi testada a sua capacidade de ouvir uma fala num ambiente barulhento. O desempenho escolar e os problemas comportamentais pioraram à medida que a audição diminui, confirmaram os investigadores.

Embora o estudo não prove que a perda auditiva leve a piores problemas de desempenho e de comportamento académico, “gostaríamos de consciencializar que uma perda auditiva leve pode ter mais efeitos na vida diária das crianças do que se presume”, declara Carlijn le Clercq, o principal autor, por e-mail. “Crianças com leve perda auditiva devem ser sentadas mais à frente na sala de aula, junto ao professor. E para crianças que parecem ter problemas para acompanhar as aulas ou cuja atenção é limitada, deve ser considerado fazerem um teste auditivo”, recomenda.

Le Clercq e os colegas focaram o seu estudo em crianças que tinham problemas para ouvir tons abaixo de 25 decibéis. Por exemplo, o barulho das folhas de árvore secas é de, aproximadamente, 20 decibéis, exemplifica o autor. “Talvez não seja grande coisa se não conseguirmos ouvir o restolhar das folhas. No entanto, (para pessoas que não conseguem), quase toda a fala normal fica mais suave nos ouvidos. Portanto, não é difícil perceber que é preciso mais esforço para entender, especialmente se for assim o dia todo”, acrescenta o investigador.

O estudo “destaca o facto de que a perda auditiva, grave ou leve, pode afectar o comportamento e o desempenho escolar”, diz David Chi, chefe da divisão de otorrinolaringologia pediátrica do Hospital Infantil de Pittsburgh da UPMC, nos EUA. Pequenas deficiências auditivas podem ser suficientes para dificultar o discernimento das crianças, que não ouvem “certas palavras, quando há mais ruído de fundo na sala de aula”, ou o ruído pode vir de uma “conversa de colegas ou do som do sistema de aquecimento ou refrigeração”, exemplifica o médico que foi co-autor do editorial que acompanha a investigação holandesa.