Jorge de Sena, antologista

Qualquer autor tem de se confrontar com os caprichos da memória ou da amnésia colectiva e o tempo dirá qual o papel que a história reserva para Jorge de Sena. Contudo, eu sugeriria desde já que o silêncio acerca de Sena ao longo de 2019 é sobretudo um sintoma do quanto a sociedade portuguesa tem evoluído desde a sua redemocratização em 1974, já que se tem afastado cada vez mais, felizmente, de realidades que muita da escrita de Sena tantas vezes denunciou.

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Tantos morreram de opressão ou de amargura,
tantos se exilaram ou foram exilados,
tantos viveram um dia-a-dia cínico e magoado,
tantos se calaram, tantos deixaram de escrever,
tantos desaprenderam que a liberdade existe —
E agora, povo português?