Varoufakis vem a Portugal falar de resistência

O Simpósio Internacional: Resistência vai reunir no Lisbon & Sintra Film Festival vários líderes de movimentos sociais para explicarem as revoltas nos seus países. Yanis Varoufakis e o advogado Omer Shatz, que processou a UE por crimes contra a Humanidade no Mediterrâneo, são dois dos convidados.

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O antigo ministro das Finanças grego foi uma das figuras centrais no embate que opôs Atenas e Bruxelas em 2015 Miguel Manso/PÚBLICO

Protestos, revoltas e revoluções continuam a abalar o mundo e gritam-se nas ruas a exigência de igualdade social e do fim da corrupção. Mas, por vezes, pouco se sabe sobre o que está a acontecer nas ruas e praças da América Latina à Ásia, passando pela Europa e África, e é por isso que o Lisbon & Sintra Film Festival vai acolher o Simpósio Internacional: Resistências, nos dias 16 e 17 de Novembro. O evento terá lugar no Centro Cultural Olga Cadaval, em Sintra e no Tivoli, em Lisboa.

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Protestos, revoltas e revoluções continuam a abalar o mundo e gritam-se nas ruas a exigência de igualdade social e do fim da corrupção. Mas, por vezes, pouco se sabe sobre o que está a acontecer nas ruas e praças da América Latina à Ásia, passando pela Europa e África, e é por isso que o Lisbon & Sintra Film Festival vai acolher o Simpósio Internacional: Resistências, nos dias 16 e 17 de Novembro. O evento terá lugar no Centro Cultural Olga Cadaval, em Sintra e no Tivoli, em Lisboa.

Com curadoria de Juan Branco, advogado do Wikileaks e jornalista de investigação, o simpósio vai trazer a Portugal nomes como o de Yanis Varoufakis, antigo ministro das Finanças grego, de Omer Shatz, advogado israelita que processou a União Europeia por crimes contra a Humanidade no Mediterrâneo, e de Maxime Nicolle, activista dos Coletes Amarelos franceses.

Também estão na lista convidados como o palestiniano Omar Barghouti, um dos fundadores do movimento Boicote, Desinvestimento e Sanções a Israel por causa do bloqueio à Faixa de Gaza, Jacob Appelbaum, jornalista, investigador de segurança digital e hacker independente, e Chen Guangcheng, advogado cego e activista pelos direitos civis na China.

“Estamos a ver imagens de revoltas e revoluções muito importantes e muitas vezes não temos tempo para compreender o que se está a passar, quais as reivindicações e actores”, explicou ao PÚBLICO Branco, referindo que o objectivo do simpósio é “reunir os líderes dessas revoluções, que correram riscos, para explicar o que estão a fazer e quais os pontos comuns entre essas revoluções”. Alguns dos convidados, continuou, correram tanto risco que acabaram na prisão por tomarem posições políticas contra os governos dos seus países. 

Questionado sobre se o debate intelectual pode dar origem a outra coisa, a um qualquer tema político, Branco disse que um dos outros objectivos do encontro é “ver como podem trabalhar juntos” para se “construir uma alternativa real ao sistema político”, ainda que nada de concreto esteja em discussão. “Não pensamos nada à priori. Queremos que seja um evento o mais interessante possível para as pessoas que vão intervir e para o público, isso é a primeira coisa”, afirmo. 

Sobre as razões do encontro ser em Portugal, Branco não tem dúvidas que a integração do simpósio no Lisbon & Sintra Film Festival é uma mais-valia, por incluir na discussão política o papel que a cultura e os artistas, neste caso o cinema, podem ter na criação de alternativas. “A perspectiva artística sobre o tema da violência reconfigura o debate e temos de começar a pensar através dessa perspectiva, e os artistas podem trazer essa perspectiva”, exemplificou.

A palavra fundamental do encontro é “resistência”, e o pensamento é uma forma de resistir. “Resistir significa, primeiramente, libertarmo-nos das grilhetas do pensamento. Procurar alternativas, soluções e acreditar na organização colectiva. Saber, sim, que não existimos individualmente, que somos parte de algo maior, capaz de fazer da mudança uma realidade palpável”, lê-se na apresentação do programa enviado à redacção do PÚBLICO.

Além das intervenções dos convidados, o simpósio vai ainda exibir uma série de filmes cuja ligação é precisamente a resistência, mas também as várias formas de violência com que as resistências se confrontam. Entre eles encontram-se Comportem-se Como Adultos, de Costa-Gravas e que conta o embate entre o primeiro Governo grego de Alexis Tsipras e a União Europeia, Os Miseráveis, de Ladj Ly sobre as condições de vida nos subúrbios de Paris, em França, e Marighella, de Wagner Moura sobre a vida do revolucionário marxista-leninista brasileiro. Na programação estão ainda os filmes Passámos por Cá, do britânico Ken Loach, e o Joker, de Todd Phillips.

A 13ª edição do Lisbon & Sintra Film Festival vai decorrer, entre 15 a 24 de Novembro, em Lisboa e Sintra. É uma iniciativa do produtor Paulo Branco e contará com a presença de vários realizadores.