O narrador perverso

Lisboa, Chão Sagrado é o romance de estreia de Ana Bárbara Pedrosa. Uma escrita singular que impressiona pelo arrojo e versatilidade, pelo tom coloquial que nunca se perde. E por um narrador que parece contar a história apenas para uma personagem.

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Um narrador "perverso" que assume a função de advertir e achincalhar personagens

Informa a contracapa do livro que Lisboa, Chão Sagrado é o romance de estreia de Ana Bárbara Pedrosa (n. 1990). Abre-se, lêem-se umas quantas páginas, e adivinha-se quase de seguida, para além de uma escrita singular, o ritmo veloz do que aí vem. E o que vem é uma teia bem tricotada de histórias de vidas que parecem ter sempre por epicentro a cama (ou várias camas). O que se narra são os movimentos, os sentimentos e as emoções, que para lá (nos) conduzem: amores e desamores, tédio, encontros e desencontros, ocasiões, vingança, frustrações e tentativas de descoberta (do outro e dos próprios). Tudo isto contado por um singular narrador que não se abstém de coisa alguma (mesmo de mandar recados às personagens, mas disso falarei adiante), até de deixar uns toques de inesperado moralismo em que não se vislumbram traços de ironia, como este: “É a época do consumo em massa e dos corpos descartáveis, das emoções de plástico e do sexo como compulsão. Do sexo contra o falhanço.”

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Informa a contracapa do livro que Lisboa, Chão Sagrado é o romance de estreia de Ana Bárbara Pedrosa (n. 1990). Abre-se, lêem-se umas quantas páginas, e adivinha-se quase de seguida, para além de uma escrita singular, o ritmo veloz do que aí vem. E o que vem é uma teia bem tricotada de histórias de vidas que parecem ter sempre por epicentro a cama (ou várias camas). O que se narra são os movimentos, os sentimentos e as emoções, que para lá (nos) conduzem: amores e desamores, tédio, encontros e desencontros, ocasiões, vingança, frustrações e tentativas de descoberta (do outro e dos próprios). Tudo isto contado por um singular narrador que não se abstém de coisa alguma (mesmo de mandar recados às personagens, mas disso falarei adiante), até de deixar uns toques de inesperado moralismo em que não se vislumbram traços de ironia, como este: “É a época do consumo em massa e dos corpos descartáveis, das emoções de plástico e do sexo como compulsão. Do sexo contra o falhanço.”