Mogherini anuncia mais 120 milhões de euros para assistência aos refugiados venezuelanos

A crise da Venezuela precisa de voltar ao topo da agenda internacional, defendeu a chefe da diplomacia europeia no encerramento de conferência internacional de solidariedade com os refugiados e migrantes venezuelanos.

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Mogherini disse que a UE está preparada "para fazer mais" LUSA/OLIVIER HOSLET

A alta representante para a Política Externa da União Europeia, Federica Mogherini, apelou esta terça-feira à mobilização da comunidade internacional para responder à crise humanitária na Venezuela e apoiar os países vizinhos que acolhem actualmente cerca de 4,5 milhões de refugiados venezuelanos — um número que, nas estimativas das Nações Unidas, poderá aumentar até aos seis milhões já no próximo ano.

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A alta representante para a Política Externa da União Europeia, Federica Mogherini, apelou esta terça-feira à mobilização da comunidade internacional para responder à crise humanitária na Venezuela e apoiar os países vizinhos que acolhem actualmente cerca de 4,5 milhões de refugiados venezuelanos — um número que, nas estimativas das Nações Unidas, poderá aumentar até aos seis milhões já no próximo ano.

“Se não mobilizarmos recursos agora, enfrentaremos consequências ainda mais gravosas, do ponto de vista social, político e económico, e ainda em termos da estabilidade regional”, alertou a chefe da diplomacia europeia no encerramento dos trabalhos da Conferência Internacional de Solidariedade com a Crise de Refugiados e Migrantes da Venezuela, co-organizada pela UE, o Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados e a Organização Internacional para as Migrações, e na qual participaram mais de 120 delegações.

Apesar de não se tratar de uma conferência de doadores, Federica Mogherini pôde anunciar uma verba de 120 milhões de euros de contribuições adicionais das delegações individuais que se juntam ao compromissos de mais 30 milhões de euros arrecadados pelas instituições europeias. “A UE e os Estados-membros já disponibilizaram 320 milhões de euros e estão preparados para fazer mais”, garantiu.

“Um euro gasto hoje vale 100 euros no futuro”, comparou Mogherini, que recorreu à sua experiência recente para apontar os benefícios do financiamento das operações de assistência aos refugiados e migrantes venezuelanos, tanto no seu país como nos Estados vizinhos — Colômbia, Brasil, Peru, Chile, Argentina ou Equador — como “o melhor investimento na paz, segurança e estabilidade da região”.

“Penso que na Europa todos reconhecemos que se tivéssemos investido um bocadinho mais no início da crise de refugiados da Síria e na resposta às outras crises de migrantes, não só teríamos salvado muitas vidas como teríamos poupado muito dinheiro”, lamentou Mogherini.

A “concorrência” de várias crises internacionais simultâneas desviou as atenções do drama dos milhares de venezuelanos que todos os dias transpõem as fronteiras do seu país em fuga da pobreza e da fome e em busca de segurança e estabilidade. “A crise, infelizmente, continua, e por isso devemos intensificar os nossos esforços não só na vertente humanitária mas também na assistência ao desenvolvimento dos países da região onde o impacto desta crise se faz sentir nas estruturas da saúde, educação ambiente”, defendeu o alto comissário da ONU para os Refugiados, Filippo Grandi — que numa nota pessoal, destacou a “extrema dignidade com que os venezuelanos enfrentam o seu exílio” e ainda “o impressionante apoio que recebem das comunidades que os recebem”, para reforçar a mensagem.

Pelo seu lado, o ministro dos Negócios Estrangeiros sublinhou a importância política da conferência. “Não podemos olhar para o problema da Venezuela como infelizmente olhamos para tantos outros problemas do mundo que nos parecem bloqueados, congelados, e que tendemos a esquecer”, considerou. “É preciso que continuemos, no plano político, a tentar encontrar uma solução que garanta uma transição política pacífica na Venezuela, e ao mesmo tempo, o levantamento das sanções que estão a ter já efeitos evidentes e negativos na economia e nas condições de vida da população venezuelana”, disse.