Rotatividade nas urgências de pediatria e obstetrícia na Grande Lisboa em estudo

Esta foi uma solução que tinha estado em cima da mesa antes do Verão, mas a tutela nunca quis avançar, adiantando que havia outras soluções como a contratação especialistas e de tarefeiros.

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Nelson Garrido

O Ministério da Saúde admite que algumas urgências de pediatria e de obstetrícia da Grande Lisboa possam vir a funcionar em rotatividade ou a contar com um reforço dos cuidados de saúde primários.

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O Ministério da Saúde admite que algumas urgências de pediatria e de obstetrícia da Grande Lisboa possam vir a funcionar em rotatividade ou a contar com um reforço dos cuidados de saúde primários.

A propósito da dificuldade que se vive na urgência pediátrica do Garcia de Orta, em Almada, a ministra Marta Temido lembrou que o Ministério da Saúde está a trabalhar na reorganização das urgências metropolitanas, com uma preocupação especial nas áreas da pediatria e de ginecologia e obstetrícia.

“A expectativa é que a muito curto prazo, dentro de 30 ou 40 dias, possamos ter alternativas de funcionamento, com melhor eficiência e satisfação dos profissionais e não termos interrupção na resposta [das urgências]”, afirmou esta quarta-feira aos jornalistas.

A rotatividade de funcionamento das urgências das várias unidades nas especialidades mais críticas é uma das possibilidades, como assumiu a ministra, em resposta à agência Lusa. Esta solução já tinha estado em cima da mesa antes do Verão, tal como noticiou o PÚBLICO. No entanto, a tutela nunca quis ir por este caminho, afirmando sempre que havia solução através da contratação de mais especialistas e do recurso a tarefeiros.

Tal não resultou, nem no Verão, época durante a qual houve vários constrangimentos nos serviços de obstetrícia nas maternidades da Grande Lisboa, nem agora no período pós-férias.

Outra hipótese poderá passar pelo reforço ou alargamento do horário dos centros de saúde e das restantes unidades de cuidados de saúde primários.

A rotatividade ou o funcionamento alternado em determinados dias no período nocturno, por exemplo, é apenas uma das hipóteses em cima da mesa.

“Há várias hipóteses, a rotatividade é uma das que pode ser suscitada. (...) O SNS funciona em rede. A resposta que dá não é exclusiva de um sítio”, lembrou Marta Temido em declarações aos jornalistas à margem de uma conferência em Lisboa.

Em relação à urgência de pediatria do Garcia de Orta, no médio prazo a ministra espera que abra concurso para recém-especialistas em pediatria até ao final do ano e “tenha mais sucesso que os anteriores”.

Em termos de curto prazo, e depois de a urgência ter fechado na noite de sábado e madrugada de domingo, o Garcia de Orta já terá encontrado uma solução entre os seus médicos para assegurar a urgência pediátrica nocturna durante a semana e com a União das Misericórdias para dar estabilidade às equipas aos fins-de-semana. Ao mesmo tempo, outros hospitais da zona de Lisboa poderão continuar a dar apoio de profissionais ao Garcia de Orta.

A urgência pediátrica do Garcia de Orta esteve encerrada na noite de sábado e na madrugada de domingo por falta de pessoal médico. O Hospital já tinha aberto um concurso para colocar pediatras, mas não houve candidatos.

Os pediatras do Garcia de Orta e os internos desta especialidade já se queixaram da situação que se vive no serviço de urgência à Ordem dos Médicos, que pelo menos há um ano tem vindo a alertar para o problema da pediatria no hospital em Almada.