Governo evita fecho de urgências de obstetrícia em Lisboa no Verão

A Administração Regional de Saúde de Lisboa e Vale do Tejo garante o funcionamento das quatro maiores maternidades de Lisboa. Garcia de Orta, em Almada, faz parte do plano. Reforço de pessoal é conhecido no final do mês.

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Nos primeiros cinco meses do ano, as quatro maternidades de Lisboa receberam quase um quinto das urgências de obstetrícia do país Nelson Garrido

O Governo garantiu esta quinta-feira que conseguirá evitar o encerramento rotativo das urgências de quatro das maiores maternidades da zona de Lisboa, durante o Verão.

O presidente da Administração Regional de Saúde de Lisboa e Vale do Tejo (ARSLVT), Luís Pisco, afirmou, em conferência de imprensa, que “não haverá rotatividade” no atendimento a grávidas das maternidades Alfredo da Costa, Santa Maria, São Francisco Xavier e Amadora-Sintra, entre Julho e Setembro.

“Tínhamos dito que era uma solução em cima da mesa”, notou o responsável da ARSLVT, para depois esclarecer que “a decisão [de encerrar o atendimento de forma rotativa nas quatro maternidades] não tinha sido tomada”. “Dissemo-lo reiteradamente e, de facto, chegámos à conclusão de que seria preferível não o fazer e arranjar uma outra solução.”

Luís Pisco assegurou também que haverá um reforço de meios, através da contratação externa de pessoal para os serviços de obstetrícia dos hospitais da zona de Lisboa, que deverá ser conhecido a 22 de Julho. “As escalas para Julho estão feitas”, disse, mas para os meses seguintes ainda não há uma previsão do número de horas de contratações externas que será necessário fazer para assegurar o correcto funcionamento dos serviços.

“A única certeza é que teremos as quatro maternidades de Lisboa e a do Garcia de Orta [em Almada] a funcionar como habitualmente. Todas as pessoas poderão ficar tranquilas sobre a qualidade e segurança do serviço que será prestado”, frisou.

A contratação de médicos, através de empresas de prestação de serviços, tem sido muitas vezes o recurso possível por parte dos hospitais para complementar as equipas que estão de serviço nas urgências, sobretudo em períodos como o Verão e o final de ano.

A solução agora divulgada pela ARSLVT garante o funcionamento das quatro maiores maternidades da zona de Lisboa, integrando o serviço de maternidade do hospital Garcia de Orta, a segunda maior maternidade da região.

“Adicionalmente, as direcções clínicas e direcções de serviço de urgência das cinco unidades de saúde vão articular semanalmente a necessária afectação de recursos, para que, em cada momento, se possam antecipar eventuais fragilidades decorrentes deste período”, esclareceu a ARSLVT em comunicado.

Tal como o PÚBLICO revelou, a partir da última semana de Julho, e até ao final de Setembro, as urgências de obstetrícia de quatro dos maiores hospitais da Grande Lisboa corriam o risco de fecharem num esquema de rotatividade, devido à falta de especialistas.

A falta de ginecologistas/obstetras e de anestesistas comprometeu a elaboração de escalas para as urgências de obstetrícia de quatro das maiores maternidades da zona de Lisboa. Duas destas maternidades — a Alfredo da Costa e a de Santa Maria — são unidades classificadas de última linha, o que significa que é para estas duas unidades que são encaminhadas as grávidas consideradas de alto risco.

As maternidades Alfredo da Costa, Santa Maria, São Francisco Xavier e Amadora-Sintra receberam quase um quinto das urgências de ginecologia e obstetrícia do país nos primeiros cinco meses deste ano, apesar de apenas terem feito 13% do total de partos em 2018, indicam os dados disponíveis no portal do Serviço Nacional de Saúde.

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