Polónia: PiS vence mas perde câmara alta do Parlamento

Vantagem do partido nacionalista desce após a contagem dos votos – ainda há uma pequena margem de incerteza.

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Jaroslaw Kaczynski, líder do PiS Radek Pietruszka/EPA

O que parecia, na noite eleitoral, ser uma vitória clara do partido nacionalista polaco Lei e Justiça nas legislativas de domingo tornou-se, ao longo do dia de contagem de votos, numa competição cerrada – e ainda que tenha ganho, a maioria pode estar em causa, e perdeu a câmara alta.

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O que parecia, na noite eleitoral, ser uma vitória clara do partido nacionalista polaco Lei e Justiça nas legislativas de domingo tornou-se, ao longo do dia de contagem de votos, numa competição cerrada – e ainda que tenha ganho, a maioria pode estar em causa, e perdeu a câmara alta.

A câmara alta não tem um papel determinante, mas pode atrasar legislação e causar demoras e problemas na agenda do partido chefiado por Jaroslaw Kaczynski.

“Num dia de grande drama, o que parecia ser uma vitória clara do PiS tornou-se uma corrida no fio da navalha para a mais poderosa câmara baixa, e uma vitória da oposição na câmara alta”, escrevia a agência Reuters. Isto significa “um grande revés para o partido conservador em termos sociais, que esperava ter tido um mandato suficiente para mudar a Constituição”.

Segundo o Politico, “há poucas dúvidas de que o PiS seja capaz de formar o próximo governo, mas não terá a mesma margem que teve desde 2015”, quando venceu a primeira maioria absoluta da Polónia pós-1989.

No final do dia de segunda-feira, com 99,4% dos votos contados, o PiS tinha 43,76% dos votos, muito à frente do principal partido da oposição, a Coligação Cívica (liberal) que teve 27,24%, da Esquerda, que agrupa vários partidos de esquerda, 12,52%, a Coligação Polaca (que junta o partido dos Camponeses com o partido anti-sistema Kukiz 8,58%, e o Confederação, de extrema-direita, 6,79%.

Com estas percentagens, o PiS teria deputados suficientes para uma maioria, mas a alocação final de lugares ainda não foi calculada, adverte o Politico. A complexidade do sistema faz com que o resultado se traduza na perda a maioria absoluta e se tenha de encontrar um parceiro de coligação.

O PiS tinha obtido essa maioria absoluta com 37,6% dos votos em 2015 porque os partidos de esquerda, unidos em coligação, não conseguiram entrar no Parlamento, e com menos partidos no Parlamento, o mais votado beneficia. Nesta eleição aconteceu o contrário – entraram tanto a esquerda como a extrema-direita.

Já na Câmara alta, onde a oposição se uniu em torno de cada um dos candidatos anti-PiS, a estratégia parece ter resultado e com os resultados apurados esta segunda-feira o PiS terá perdido a maioria.

O PiS ganhou reputação por aprovar legislação com uma enorme rapidez, muitas vezes em sessões nocturnas na câmara baixa do parlamento, seguidas de aprovação rápida da câmara alta. Com a actual configuração isso deverá deixar de ser possível.