Bebé recém-nascida encontrada viva em sepultura na Índia

A bebé foi enterrada com vida dentro de uma panela de barro a menos de um metro de profundidade. Acabou por ser encontrada e foi transportada para o hospital, onde está a recuperar de uma infecção pulmonar.

Foto
Reuters/REUTERS/ADEEL HALIM

Enquanto se preparava para enterrar a sua filha bebé que acabara de falecer, Hitesh Kumar Sirohi, um comerciante do distrito rural de Bareilly,  no Estado de Uttar Pradesh, no norte da Índia, ouviu um choro próximo. Numa panela de barro enterrada a menos de um metro de profundidade, estava uma bebé recém-nascida embrulhada em pano. A família que encontrou a bebé com vida este fim-de-semana estava naquele cemitério a cavar a sepultura da sua filha, que tinha nascido de forma prematura e morrido pouco tempo depois.

A verdade faz-nos mais fortes

Das guerras aos desastres ambientais, da economia às ameaças epidémicas, quando os dias são de incerteza, o jornalismo do Público torna-se o porto de abrigo para os portugueses que querem pensar melhor. Juntos vemos melhor. Dê força à informação responsável que o ajuda entender o mundo, a pensar e decidir.

Enquanto se preparava para enterrar a sua filha bebé que acabara de falecer, Hitesh Kumar Sirohi, um comerciante do distrito rural de Bareilly,  no Estado de Uttar Pradesh, no norte da Índia, ouviu um choro próximo. Numa panela de barro enterrada a menos de um metro de profundidade, estava uma bebé recém-nascida embrulhada em pano. A família que encontrou a bebé com vida este fim-de-semana estava naquele cemitério a cavar a sepultura da sua filha, que tinha nascido de forma prematura e morrido pouco tempo depois.

A menina, que pesa pouco mais de um quilo, foi levada para o hospital onde lhe foi diagnosticada uma infecção nos pulmões. Os médicos que a estão a acompanhar afirmam que também ela nasceu prematuramente e estimam que tenha estado enterrada durante dois dias antes de ser encontrada. Hitesh Sihori diz que ficou chocado ao ouvir o choro de um bebé enquanto o túmulo de sua própria filha estava a ser cavado. “A certa altura pensei que a minha filha tivesse voltado à vida, mas a voz vinha da panela”, diz, citado pelo The Telegraph.

A polícia local já abriu uma investigação ao caso. “Estamos a tentar encontrar os pais da bebé porque suspeitamos que isto aconteceu com o seu consentimento”, disse o chefe da polícia local, Abhinandan Singh, aos jornalistas no Estado de Uttar Pradesh, a cerca de 530 quilómetros de Nova Deli, capital do país.

De acordo com a ABC Austrália, os cuidados médicos da recém-nascida estão a ser financiados por um político local. “Os médicos disseram que por ter nascido de forma prematura, precisou de menos oxigénio e talvez seja por isso que ainda está viva. É um milagre que tenha sobrevivido 48 horas debaixo do chão”, diz Rajesh Kumar Mishra à rede televisiva australiana.

A Índia é um dos piores países do mundo em termos de equilíbrio do número de bebés homens e mulheres que nascem e sobrevivem. As mulheres são frequentemente discriminadas e as meninas são vistas como um fardo financeiro para a família, particularmente entre as comunidades mais pobres. Ao longo dos anos têm sido conhecidos casos de famílias que têm preferência por filhos homens, o que acaba por resultar no feticídio ou infanticídio de milhares de crianças do sexo feminino.

Segundo avança o The Telegraph, este é o segundo caso este ano em que uma bebé do sexo feminino é enterrada viva em Uttar Pradesh – e este estado tem um dos piores rácios entre homens e mulheres: 862 mulheres em cada 1000 homens nas áreas rurais, de acordo com as informações do último censo do país realizado em 2017.

Embora a maioria das grávidas que sabem que vão ter uma criança do sexo feminino acabem por abortar em clínicas ilegais, os casos de meninas que são mortas depois de nascerem não são raros. Segundo números do Governo indiano divulgados pela BBC em 2018, este desejo dos cidadãos indianos de terem filhos em vez de filhas já criou mais de 20 milhões de meninas “indesejadas”. O relatório do Ministério das Finanças afirma que muitos casais continuam a ter filhos até serem pais de uma criança do sexo masculino.

Os abortos de crianças do sexo feminino na Índia aumentaram exponencialmente na década de 1970 quando as ecografias se tornaram mais acessíveis. O aborto selectivo por sexo foi proibido por lei em 1994, mas algumas clínicas ainda atendem famílias que não querem ter filhas.