Rio não sai da pista enquanto Costa não tiver par

Apoiantes do líder do PSD pressionam Paulo Rangel a ponderar uma candidatura à liderança do partido, se Rio não for a votos.

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Rui Gaudêncio

Rui Rio parece estar à espera de conhecer melhor os contornos da solução de Governo que será encontrada nos próximos dias por António Costa para assumir se é, de novo, candidato à liderança do PSD. Só que essa espera está a condicionar o partido, nomeadamente o posicionamento de eventuais candidatos Caso Rio decida não avançar para um novo mandato, a sua base eleitoral olha para Paulo Rangel como um candidato forte à sua sucessão.

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Rui Rio parece estar à espera de conhecer melhor os contornos da solução de Governo que será encontrada nos próximos dias por António Costa para assumir se é, de novo, candidato à liderança do PSD. Só que essa espera está a condicionar o partido, nomeadamente o posicionamento de eventuais candidatos Caso Rio decida não avançar para um novo mandato, a sua base eleitoral olha para Paulo Rangel como um candidato forte à sua sucessão.

O eurodeputado social-democrata, que “está a sofrer muita pressão” para ponderar uma candidatura, no caso de o líder não ir a eleições, considera não haver, para já, qualquer “urgência” em afastar o presidente. “Sendo obviamente uma derrota expressiva, [o resultado] é no entanto, próprio de um partido que lidera a oposição em qualquer país da Europa”, afirmou Rangel, no espaço de comentário que partilha com Francisco Assis na Rádio Renascença.

Quatro dias depois das eleições legislativas, o PSD marcou para quarta-feira uma reunião da comissão permanente e a comissão política nacional para análise dos resultados eleitorais. Quando muitos no PSD se questionam sobre a razão da demora de Rui Rio em se pronunciar, sobre se se mantém e recandidata, outros defendem que o tempo é um aliado e citam uma célebre frase de António José Seguro:“Qual é a pressa?”

A primeira declaração de Rui Rio após a noite eleitoral sinalizou a sua preocupação: as reformas estruturais: sistema político, justiça, segurança social e descentralização. À saída do Palácio de Belém, esta terça-feira, o líder social-democrata disse esperar que os acordos encontrados à esquerda não inviabilizem a realização de reformas estruturais.

Rio aguardará então que se defina a solução de Governo liderado pelo primeiro-ministro indigitado. Essa foi precisamente a posição deixada por um dos seus vice-presidentes. “Sei que Rui Rio entende como eu que, num partido como o PSD, não pode haver decisões de demissões ou outras antes de haver Governo”, afirmou Nuno Morais Sarmento, quarta-feira à noite, numa entrevista à RTP. O dirigente nacional foi das poucas figuras de vulto do partido a virem a público defender o actual líder, a par de Salvador Malheiro, outro vice-presidente. A mensagem dos apoiantes de Rio assenta em dois pilares: Houve uma “constante agitação” – de tal forma que Morais Sarmento comparou o partido à “gaiola das malucas” – que não permitiu ao PSD obter um melhor resultado nas legislativas e a ideia de fazer uma “oposição à Cristas” que teve “maus resultados”.

Entretanto, os sociais-democratas começam a contar apoios na candidatura de Luís Montenegro – já assumida – e na de Miguel Pinto Luz, que deverá ser anunciada nos próximos dias. O autarca de Cascais conta com Telmo Faria, coordenador do programa de Santana Lopes nas eleições directas de há dois anos. “Temos que começar por juntar todos os bons talentos no PSD”, disse ao PÚBLICO, defendendo que é preciso “juntar também os de fora, antes que vão para as iniciativas liberais”.

Matos Rosa, que foi secretário-geral de Pedro Passos Coelho, está ao lado do vice-presidente da Câmara de Cascais. “Sim, o futuro exige novos protagonistas e Miguel Pinto Luz traz essa renovação. Tem percurso internacional que o distingue e uma experiencia autárquica inovadora, um trunfo nos próximos combates eleitorais. Como autarca, trabalha em áreas que são centrais para Portugal, do turismo ao empreendedorismo, ele que também desempenhou cargos no partido a nível nacional. De resto, na sua intervenção política, tem sabido actualizar os valores de Sá Carneiro à medida dos nossos tempos”, afirma Matos Rosa, num texto publicado esta quinta-feira no PÚBLICO online.

Na contagem dos apoios há várias direcções distritais que já deram sinal de apoio a Luís Montenegro (que esta sexta-feira vai usar da palavra num jantar, em Espinho). Foi o caso de Leiria (que mudou, face a Janeiro), Viana do Castelo, Viseu e Santarém. Mas sobram o grosso dos votos que estão em Aveiro (liderada por Salvador Malheiro, vice-presidente de Rio) e Braga, cujo líder, (o eurodeputado José Manuel Fernandes) tem estado ao lado de Rui Rio mas onde o presidente da Câmara de Famalicão, Paulo Cunha, já manifestou o apoio a Montenegro. Em Bragança, o presidente da câmara, Hernâni Dias, assume que estará ao lado do antigo líder parlamentar. No caso de Lisboa é expectável que a estrutura em boa parte se incline para Miguel Pinto Luz, que liderou a distrital durante a era passista. 

A poderosa distrital do PSD-Porto, liderada por Alberto Machado, só tomará posição depois de o líder quebrar o tabu. A direcção nacional mantém as estruturas do partido à margem de tudo, não abrindo excepções, o que desmobiliza a máquina do partido. A distrital do Porto tem marcada para segunda-feira uma reunião da comissão permanente, mas não é garantido que assuma uma posição se, até lá, Rio não tiver concluído a reflexão sobre o seu futuro político.

A norte, e particularmente no Porto, há queixas em relação ao líder do partido, por deixar os dirigentes locais sem rede. Este descontentamento, que começou com as escolhas de Rio para a lista de deputados, da qual afastou o interior do distrito, tem vindo a crescer e parece estar para durar.

Um grupo de ex-dirigentes do PSD e da JSD, antigos autarcas e deputados, vaireunir-se este sábado, em Amarante. Ao todo são 47 e querem ter um papel interventivo no PSD do Porto. Dizem que não vão tolerar “mais derrotas” e exigem ser ouvidos na escolha do candidato à Câmara do Porto.