SNS já avaliou a actividade física de cerca de 120 mil pessoas

Médicos de família também entregaram mais 20 mil guias de aconselhamento, com o objectivo de motivar a realização de mais exercício. Programa Nacional para a Promoção da Actividade Física apresenta relatório esta quinta-feira.

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Nuno Ferreira Santos

Entre o final de 2017 e Junho deste ano, os médicos de família avaliaram o nível de actividade física e sedentarismo de cerca de 120 mil utentes do Serviço Nacional de Saúde (SNS) e emitiram mais de 20 mil guias de aconselhamento breve para aumentar a motivação e ajudar as pessoas a serem mais activas. Esta é uma das iniciativas que o Programa Nacional para a Promoção da Actividade Física (PNPAF), da Direcção-Geral da Saúde, desenvolveu no último ano para responder às recomendações da Organização Mundial de Saúde (OMS): os adultos devem realizar 150 minutos por semana de actividade física.

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Entre o final de 2017 e Junho deste ano, os médicos de família avaliaram o nível de actividade física e sedentarismo de cerca de 120 mil utentes do Serviço Nacional de Saúde (SNS) e emitiram mais de 20 mil guias de aconselhamento breve para aumentar a motivação e ajudar as pessoas a serem mais activas. Esta é uma das iniciativas que o Programa Nacional para a Promoção da Actividade Física (PNPAF), da Direcção-Geral da Saúde, desenvolveu no último ano para responder às recomendações da Organização Mundial de Saúde (OMS): os adultos devem realizar 150 minutos por semana de actividade física.

“O número de utentes avaliados tem sempre vindo a crescer exponencialmente. Quase sextuplicou entre 2018 e 2019”, diz ao PÚBLICO Marlene Silva, directora do PNPAF, que esta quinta-feira apresenta, em Lisboa, o relatório anual do programa. Até Maio do ano passado tinham sido avaliados 19 886 utentes, número que cresceu para 119.386 utentes até ao final de Junho deste ano.

“O nível de actividade física é um indicador muito importante. Este sistema de avaliação tem uma dupla vantagem: por um lado, permite o envolvimento do utente — abre a porta ao aconselhamento e maior consciencialização da importância da actividade física — e, por outro permite o registo e a vigilância. Quer a nível epidemiológico — vamos poder seguir os utentes por décadas — quer a nível do médico perceber se o aconselhamento que deu, teve ou não resultados”, aponta.

O relatório, a que o PÚBLICO teve acesso, recorda os dados do primeiro Barómetro Nacional da Actividade Física, realizado em 2017, que mostravam que só 2% dos inquiridos conheciam a recomendação da OMS. Com a avaliação, cria-se a possibilidade de o médico falar sobre os benefícios do exercício e dar guias de aconselhamento breve. “Servem para trabalhar a motivação do utente. É ele que define qual é o seu objectivo, com quem vai fazer a actividade, em que dias, se conseguir alcançar objectivo o que é que gostava que acontecesse. Existem cinco guias para as diferentes necessidades por parte do utente”, que pode receber um ou mais destes documentos, explica Marlene Silva.

Entre Maio de 2018 e Junho de 2019 o número de guias emitidos quase triplicou: passou de 7344 para 20.494. O número de utentes que os receberam também cresceu, mas não na mesma proporção (3643 utentes até Maio de 2018 e 7957 utentes até Junho deste ano).

“A actividade física é um importante determinante ao nível da prevenção de doenças crónicas e de promoção da saúde”, salienta a directora do programa. O relatório socorre-se de um estudo internacional de 2016, publicado na revista Lancet, para dizer que “em Portugal, a prática regular de actividade física permitiria reduzir significativamente a prevalência das principais doenças crónicas — por exemplo, cerca de 14,2% dos casos de cancro da mama, 15,1% dos casos de cancro colorrectal, 10,5% dos casos de diabetes tipo 2 e 8,4% dos casos de doença coronária”.

Já este ano, arrancou um projecto-piloto, com 13 unidades do SNS (12 centros de saúde e um hospital), de prescrição de exercício a doentes crónicos (diabetes tipo 2 e depressão e no caso do hospital doentes com cancro da mama). A iniciativa será alvo de uma avaliação para perceber se é custo-efectiva. Se for, o objectivo é ser alargada a todo o SNS.

“Siga o assobio”

A actividade física não se resume aos exercícios que se fazem num ginásio ou à utilização de determinado tipo de equipamento. São também acções do dia-a-dia como subir escadas ou fazer a pé o caminho para o trabalho. Mas que só metade dos inquiridos do Barómetro Nacional da Actividade Física identificou como formas de actividade física. Já o Eurobarómetro da Actividade Física (2017) mostrou que apenas um terço dos portugueses adultos era suficientemente activo para ter ganhos importantes na saúde e que as principais barreiras identificadas foram a falta de tempo e de interesse.

Para alterar esta ideia, o PNPAF realizou em Junho deste ano a campanha Siga o Assobio, dirigida a pessoas entre os 35 e os 65 anos, e que será posteriormente avaliada através de um relatório e de um inquérito nacional. Para já, através de uma amostra — dois inquéritos, um feito antes da campanha e outro depois, com 927 adultos e 1730 adultos respectivamente — foi possível ter resultados preliminares do impacto da mesma.

“Estes dados preliminares dão-nos alguma confiança de que a campanha conseguiu atingir alguns dos seus alvos principais. Alterou a percepção de competência — que sou capaz mesmo quando não tenho tempo e se tiver pouco dinheiro —, a percepção de oportunidades diárias e mudou dados ligados à motivação — ver a actividade física como algo divertido”, refere Marlene Silva, que salienta ainda uma outra transformação. O número de pessoas que reportou ter um nível de actividade física baixo diminuiu (17,3% pós-campanha contra 24,3% pré-campanha) e aqueles que disseram ter um nível de actividade moderado a elevado aumentou (82,6%% pós-campanha contra 75,6% pré-campanha).