Motoristas: Sindicato diz que Antram enviou escalas directamente aos trabalhadores

“Queremos cumprir os serviços mínimos determinados, que são afinal serviços máximos. Os trabalhadores vão fazer essas escalas”, afirmou o porta-voz do Sindicato Nacional dos Motoristas de Matérias Perigosas.

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Pardal Henriques, advogado e porta-voz do Sindicato, Rui Gaudêncio

O Sindicato dos Motoristas de Matérias Perigosas justifica a falta da identificação dos trabalhadores para cumprir os serviços mínimos com o facto de a Antram estar a enviar as escalas de trabalho directamente aos profissionais.

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O Sindicato dos Motoristas de Matérias Perigosas justifica a falta da identificação dos trabalhadores para cumprir os serviços mínimos com o facto de a Antram estar a enviar as escalas de trabalho directamente aos profissionais.

Em declarações à agência Lusa, o advogado e porta-voz do Sindicato, Pardal Henriques, disse que a Associação de Transportadores de Mercadorias (Antram) devia ter enviado aos sindicatos antecipadamente a identificação dos serviços normais para que depois pudessem ser fornecidos os trabalhadores que devem cumprir os serviços mínimos decretados pelo Governo.

Segundo Pardal Henriques, a Antram não o fez e optou por enviar as escalas normais de trabalho directamente para os trabalhadores.

Hoje de manhã, a Antram emitiu um comunicado em que acusa os sindicatos de não cumprirem o prazo de envio dos trabalhadores para as escalas de serviços mínimos, que deve ocorrer até 24 horas antes do início da greve, que começa às 0h01 de segunda-feira.

“Queremos cumprir os serviços mínimos determinados, que são afinal serviços máximos. Os trabalhadores vão fazer essas escalas”, afirmou o porta-voz do Sindicato Nacional dos Motoristas de Matérias Perigosas.

Contudo, Pardal Henriques avisa que as empresas estão a enviar aos trabalhadores escalas com 12 ou 14 horas de serviço e garantiu que os motoristas vão apenas cumprir as oito horas de trabalho.

Ao PÚBLICO, Pardal Henriques lamentou que a Antram tivesse enviado escalas normais “como se não houvesse qualquer aviso de greve” e falou ainda na “prepotência” de escalar trabalhadores sem ter em conta o sítio do país onde estão, ou seja, enviando-os para regiões mais afastadas do seu ponto de origem, “quando existiam outros mais próximos”.

Pardal Henriques garantiu que, no caso do sindicato que representa, todos os trabalhadores, cerca de 800, estarão a cumprir serviços mínimos, fazendo entre quatro horas (nos casos dos serviços a 50%) até oito (nos casos decretados a 100%) e dando “prioridade” aos postos que têm de ser abastecidos a 100%. “Nós queremos colaborar, fazer as coisas de acordo com a lei, mas também exercer o direito à greve”, disse.

Ao PÚBLICO, André Matias de Almeida, da Antram, argumenta que a lei “tem de ser cumprida por toda a gente” e o que a lei diz é que “até 24 horas antes do início da greve as escalas têm de ser enviadas por parte dos sindicatos aos patrões”. “Houve aqui um incumprimento dos sindicatos, ponto”, defende. André Matias de Almeida insiste que os motoristas podem ter de fazer mais de oito horas de trabalho nos serviços mínimos, desde que tenham cumprido o “período de descanso” e tendo em conta “o complemento salarial que recebem pela isenção horária”.

Portugal está até às 23h59 de 21 de Agosto em situação de crise energética, decretada pelo Governo devido à greve de motoristas.

Os motoristas reivindicam que a associação patronal Antram cumpra o acordo assinado em Maio, que prevê uma progressão salarial.

O Governo decretou serviços mínimos entre 50% e 100%, racionou os abastecimentos de combustíveis e declarou crise energética até às 23h59 de 21 de Agosto, o que implica “medidas excepcionais” para minimizar os efeitos da paralisação e garantir o abastecimento de serviços essenciais como forças de segurança e emergência médica.