Polícias a cavalo levam homem detido preso por uma corda. Polícia pede desculpa

Dois polícias a cavalo foram fotografados a conduzir um detido com uma corda atada às algemas. O chefe da Polícia de Galveston, no estado do Texas, já pediu desculpa.

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A Polícia de Galveston, no Texas, pediu desculpa à população após dois polícias, montados a cavalo, terem escoltado um homem negro algemado e preso por uma corda, no passado sábado, acusado de invasão de propriedade privada.

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A Polícia de Galveston, no Texas, pediu desculpa à população após dois polícias, montados a cavalo, terem escoltado um homem negro algemado e preso por uma corda, no passado sábado, acusado de invasão de propriedade privada.

Nas fotografias divulgadas nas redes sociais, o suspeito de 43 anos, Donald Neely, ladeado pelos dois polícias a cavalo, surge com as mãos amarradas às costas, enquanto um dos polícias segura uma corda azul grossa. Depois de uma chuva de críticas, a polícia disse que iria acabar com a prática.

Em comunicado, o chefe da Polícia de Galveston, Vernon Hale, admitiu o embaraço: “antes de mais nada, devo pedir desculpas ao senhor Neely por esta humilhação desnecessária”. “Embora esta seja uma boa prática em alguns cenários, acredito que os nossos oficiais demonstraram um mau julgamento e poderiam ter esperado por uma unidade de transporte no local de detenção”, frisou, acrescentando que as forças policiais em questão não tinham “nenhuma intenção maliciosa no momento da prisão”.

Os agentes, que dizem ter prendido uma linha e não uma corda às algemas de Neely, encaminharam-no ao longo de oito quarteirões até ao local onde havia sido montado um posto policial. Perante esta situação, as autoridades texanas, através do chefe Vernon Hale, admitem pretender “evitar o uso desta técnica”, contando “rever todos procedimentos montados para métodos mais apropriados”. Apesar de tudo, ainda não se sabe se os polícias irão enfrentar acções disciplinares.

O comunicado divulgado pelo chefe da Polícia menciona ainda que os agentes envolvidos já conheciam a situação de Neely, uma vez que este já tinha sido avisado várias vezes quanto à invasão de propriedade naquele sítio.

Donald Neely acabou por ser libertado sob fiança.

Fantasmas do passado

Leon Phillips, presidente da Aliança de Galveston pela Justiça, mostrou-se preocupado com as consequências da divulgação da fotografia no turismo e na economia da cidade. Além disso, revelou ao Guardian que a fotografia o “fez lembrar de imagens racistas dos anos 1920”.

“O que sei é que estes dois agentes brancos montados a cavalo levaram um homem negro pela rua com uma corda presa às algemas, e isso não faz sentido, ponto final. E sei que se fosse um homem branco, garantidamente isto não teria acontecido”, defendeu ainda.

Ondas de indignação

As reacções nas redes sociais são abundantes e denunciam um acto racista por parte daquela força policial. Exemplo disso foi a indignação de Christin Neely, cunhada do suspeito: “Neely foi tratado como um animal”, esclarecendo que o familiar sofre de uma doença mental, revelou ao Guardian.

Já James Douglas, presidente da filial de Houston da Associação Nacional para o Progresso de Pessoas de Cor, a primeira organização criada para defender os direitos dos negros nos EUA, disse que “estamos em 2019, não em 1819”. Em declarações à Time, afirmou que isto “é um total desrespeito pelas pessoas de cor”. “Não importa se é política ou não”.

Também o pré-candidato democrata à presidência e ex-representante do Texas, Beto O’Rourke, “tweetou” sobre a ocorrência, reagindo com dureza: “Este momento exige responsabilidade, justiça e honestidade — porque precisamos de chamar a atenção para o que isto é: racismo no trabalho”.

Texto editado por Pedro Esteves