Na Cova da Beira, o pulmão do pêssego nacional

Por estes dias, os pomares da Cova da Beira são autênticas centrais de pêssegos. O corrupio é intenso porque o fruto não se quer a descansar: quer-se apanhado e na casa do consumidor em poucos dias. É “a fruta da época” por excelência. E a Beira Interior o seu terreno predilecto – entre aldeias históricas e de montanha, é o pêssego que manda no Verão.

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Do alto da Senhora das Cabeças, a vista não se perde no horizonte. Este é amplo q.b., mas fecha-se em montes e montes. “Está a ver o camião branco? Ali é a A23 para a Covilhã.” E é uma linha que adivinhamos bamboleante na encosta. O que vemos parece um anfiteatro (nós estamos num “camarote” nele) a convergir numa planície disciplinada em manchas que vão trepando encostas suaves para além das quais se eriça a paisagem da serra da Estrela. Abaixo de nós o casario de Orjais, Fernando Valério desconstrói o que vemos para além, declinando os verdes pela sua gradação para “leigo ver”: os mais escuros, são macieiras, os mais claros, vinhas, os intermédios, pessegueiros – todos em rigorosa esquadria. Ao fundo há nogueiras, também (ele sabe, porque são dele); a mancha amarelada do tamanho de vários campos de futebol é de milho (a haver). Por detrás do espesso arvoredo que pinta uma faixa escura, “está o rio Zêzere”. É o verde intermédio que domina, são os pessegueiros os reis.