Líder da CDU é a nova ministra da Defesa na Alemanha

Entrada de Annegret Kramp-Karrenbauer no Governo de Merkel é uma surpresa. O cargo foi deixado vago pela nova presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen.

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De uma eterna sucessora para uma potencial sucessora: o Ministério da Defesa na Alemanha vai ser ocupado pela líder da União Democrata Cristã (CDU), Annegret Kramp-Karrenbauer (AKK), depois da saída de Ursula von der Leyen, eleita na terça-feira presidente da Comissão Europeia.

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De uma eterna sucessora para uma potencial sucessora: o Ministério da Defesa na Alemanha vai ser ocupado pela líder da União Democrata Cristã (CDU), Annegret Kramp-Karrenbauer (AKK), depois da saída de Ursula von der Leyen, eleita na terça-feira presidente da Comissão Europeia.

É uma nomeação inesperada, já que não era antecipado que Kramp-Karrenbauer, que sucedeu a Angela Merkel na liderança do partido, quisesse participar no Governo. Merkel, que sempre disse que a chefia do Governo e a do partido deveriam ser ocupados pela mesma pessoa, tem agora a líder do seu partido num ministério no seu executivo.

O ministério da Defesa tem uma dupla qualidade: é uma rampa de lançamento para políticos ambiciosos (a imprensa alemã especulava que o escolhido poderia ser o ministro da Saúde, Jens Spahn), porque lhes dá visibilidade, com visitas às tropas no estrangeiro e participação em cimeiras internacionais, mas também pode ser uma pasta de desgaste, por ser um ministério complicado, com problemas estruturais fruto de muitos anos de pouco financiamento.

No caso de Von der Leyen, foi como ministra da Defesa que aconteceu a fase descendente da sua popularidade: assumiu o ministério como potencial sucessora de Merkel em 2013; seis anos depois, era a segunda ministra menos popular de todo o Governo.

A própria AKK (a imprensa alemã trata-a apenas pela sigla do seu nome), tinha afirmado que preferia focar-se na liderança do partido sem assumir nenhum cargo governamental.

Este é assim um grande teste para Annegret Kramp-Karrenbauer, que venceu, no final do ano passado, uma campanha muito disputada com Friedrich Merz para a liderança da CDU. Este não tem estado totalmente ausente dos media e tem vindo a dar opiniões sobre desenvolvimentos políticos. 

AKK tem vindo a ter dificuldades em assumir-se na arena pública. Foi alvo de muitas críticas, como quando sugeriu que os youtubers deveriam ser sujeitos a restrições quando participam nos debates eleitorais (depois de um conhecido youtuber ter apelado ao voto noutros partidos que não a CDU e o SPD, os partidos da grande coligação do centro de Merkel).

O resultado da CDU nas eleições europeias de Maio com a nova líder, com 22,6%, foi baixo. Mostrou que a mudança de liderança não foi suficiente para voltar a convencer muitos eleitores conservadores, contrariando a teoria que a ida de Merkel para o centro – e a sua liderança – é que estava a prejudicar o partido. Nestas eleições, a chanceler não fez campanha. O resultado foi visto como responsabilidade de Kramp-Karrenbauer.

Isto acontece quando a coligação CDU-SPD será avaliada em breve (o SPD assinou o acordo de coligação com uma cláusula prevendo avaliação a meio do mandato), com o episódio da proposta de Ursula von der Leyen para líder da Comissão Europeia a ser novo motivo de divisão (a CDU apoiou, o SPD não). Tudo isto sob o espectro do afastamento anunciado de Angela Merkel: apesar de quando declarou que deixava a liderança do partido, a chanceler ter prometido cumprir o seu mandato até ao fim, muitos analistas antecipam que isso possa não acontecer.