Alemanha: Verdes são os grandes vencedores, sociais-democratas os grandes derrotados

Verdes duplicam a sua votação e chegam aos 20%; CDU obtém o pior resultado numas europeias, com 28%, segundo as sondagens à boca das urnas.

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Annalena Baerbock, co- líder dos Verdes alemães e principal candidata do partido, com o eurodeputado Sven Giegold e a deputada Katrin Göring-Eckardt OMER MESSINGER/EPA

A subida dos Verdes é a grande notícia das eleições para o Parlamento Europeu na Alemanha. Os últimos dois ou três anos trouxeram um novo entusiasmo pela Europa no país, uma união que é vista como garante de estabilidade num mundo mais turbulento com o imprevisível Donald Trump em Washington e o "Brexit”, além da ascensão da Rússia e China. Esse pode ter sido um factor na subida da participação nestas eleições – de 48,1% em 2014 para 60% este domingo.

Com 20% estimados, os Verdes praticamente duplicam a sua votação em relação às eleições europeias anteriores (2014) e, no segundo lugar, são o vencedor absoluto da noite. Parte do sucesso vem de uma dinâmica de sucesso crescente, e outra de o partido se focar em temas que são europeus por excelência e podem beneficiar da acção conjunta da UE.

O partido que ficou à frente, a CDU/CSU (União Democrata-Cristã), cumpriu a sua meta de ser o primeiro, importante para o cabeça de lista do Partido Popular Europeu (PPE) e candidato à presidência da Comissão Europeia, Manfred Weber. Mas com 28%, o partido desce ao pior resultado de sempre numa eleição europeia (nas últimas teve 35,5%), o que não são grandes notícias (e que poderão também afectar as hipóteses de Weber).

A revista Der Spiegel constatava que “não houve um efeito AKK”, as iniciais de Annegret Kramp-Karrenbauer: a nova líder da CDU (eleita em Dezembro passado) não conseguiu trazer novos eleitores nem impedir a erosão eleitoral que está a acontecer no partido. Kramp-Karrenbauer mostrou desapontamento com o resultado abaixo dos 30%, mas sublinhou que estava cumprido o objectivo de ser o partido mais votados nestas eleições.

O jornalista da emissora pública ZDF Dominik Rzepka notava que entre os que votaram pela primeira vez, os Verdes dominam com 36% e a AfD (Alternativa para a Alemanha) obtém apenas 5%. A percentagem dos Verdes é maior do que a de ambos os partidos da “grande coligação”, mostrando o enorme desafio que estes têm pela frente para recuperar eleitores.

Antes da votação, muitos analistas diziam que o futuro da grande coligação se jogaria mais nas eleições regionais em três estados do antigo Leste – Brandeburgo, Saxónia e Turíngia, no Outono –, mas os resultados mais baixos que o previsto da CDU/CSU e do SPD podem mudar o quadro. 

O jornalista de política do Frankfurter Allgemeine Zeitung Oliver Georgi questionava-se “como poderá esta coligação continuar a partir de amanhã como se tudo estivesse ‘normal’?”. E antecipava que no SPD a actual líder, Andrea Nahles, saísse da liderança para dar lugar... a Martin Schulz, o antigo presidente do Parlamento Europeu.

O secretário-geral do partido, Lars Klingbeil, afirmou que “este resultado não pode ficar sem consequências”, embora acrescentasse que não era “altura de discutir cargos”. No Twitter, o vice-líder da bancada parlamentar social-democrata Sören Bartol deixou uma máxima: “Quando notas que estás a montar um cavalo morto, desmontas.”

Quanto aos pequenos partidos, as sondagens à boca das urnas davam como certa a entrada de sete partidos, não contando com o partido do antigo ministro grego das Finanças, Yannis Varoufakis, que concorreu na Alemanha.

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