O furacão Salvini arrasou o 5 Estrelas e quer arrastar a Europa

O lider da Liga consegue o seu objectivo de chegar aos 30% e de tornar o partido no primeiro de Itália.

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Salvini tira uma selfie em Milão, onde foi votar Alberto Lingria/REUTERS

A Liga de Matteo Salvini ganha as eleições europeias em Itália, alcançando os desejados 30%. As primeiras projecções davam-lhe entre 27% e 30%, mas com o avançar da contagem dos votos algumas chegavam a dar-lhe perto de 34%. Já o outro partido da coligação governamental, o Movimento 5 Estrelas (M5S) sofre uma queda, enquanto o Partido Democrático (PD) sobe.

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A Liga de Matteo Salvini ganha as eleições europeias em Itália, alcançando os desejados 30%. As primeiras projecções davam-lhe entre 27% e 30%, mas com o avançar da contagem dos votos algumas chegavam a dar-lhe perto de 34%. Já o outro partido da coligação governamental, o Movimento 5 Estrelas (M5S) sofre uma queda, enquanto o Partido Democrático (PD) sobe.

A tendência é para que o PD fique em segundo lugar, suplantando o M5S de Luigi di Maio. O Partido Democrático, de Nicola Zingaretti, deve ter algures entre 21 e 25% e o 5 estrelas 20-23%, no máximo.

Se são boas notícias para Salvini, que é o motor de uma nova aliança a nível europeu de forças nacionalistas e de extrema-direita, estes resultados podem ter implicações na coligação governamental italiana, que vive um clima de conflitos internos.

Para a Liga de Salvini, é uma progressão fantástica: nas legislativas de 2018 obteve 17%, e nas últimas europeias apenas 6,2%. É o resultado da aposta numa forte mensagem anti-imigração, e da presença mediática constante do agora ministro do Interior e vice-primeiro-ministro. Salvini está em campanha permanente por toda a Itália. E tem uma presença constante nas redes sociais, com um estilo entre o afável boy next door e o agressivo nacionalista que diz coisas perigosamente xenófobas, para defender a sua versão da “Itália primeiro”, um país que não aceitará mais ser enxovalhado – por causa das regras orçamentais da União Europeia e por ter de lidar sozinho com os imigrantes que chegam do Norte de África à sua costa.

Típico do seu estilo foi a forma de agradecer aos eleitores: uma foto na sua conta de Twitter, com um cartaz escrito à mão a agradecer terem tornado a Liga o primeiro partido de Itália, junto a uma estante com livros e alguns souvenirs. Por trás de um boné a dizer “Make America Great Again”, meio escondida, está uma foto emoldurada… de Vladimir Putin! Os media italianos descobriram-na rapidamente.

A estranha coligação governamental que conseguiu fazer com o partido anti-sistema Movimento 5 Estrelas viveu sob tensão permanente durante este ano, e a corda parece prestes a rompe-se – embora Salvini e Di Maio, os dois vice-primeiros-ministros, digam sempre que a colaboração política não está em perigo. Mas é evidente que Salvini quer ser respeitado como o elo mais forte desta cadeia – e não tem hesitado em dizer que o MS5 inveja a sua Liga, porque tem ganho as eleições intercalares todas deste ano.