Parents for Future: “A responsabilidade é dos adultos, também temos que agir”

Ana Matos, da organização do Parents for Future, decidiu participar na Greve Climática Estudantil com os dois filhos pequenos, em Lisboa. “Para que, no futuro, eles possam dizer: ‘Eu, em criança, também tive o meu papel a tentar mudar isto’.” Um testemunho na primeira pessoa.

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Andreia Carvalho

“Chamo-me Ana Matos, tenho 41 anos e vivo em Paço de Arcos. Os meus filhos estão na Escola Sueca — porque o meu marido é sueco — e sou professora universitária no Instituto Superior Técnico. Sou uma dos quatro organizadores do movimento Parents for Future em Portugal, que começou há menos de um mês.

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“Chamo-me Ana Matos, tenho 41 anos e vivo em Paço de Arcos. Os meus filhos estão na Escola Sueca — porque o meu marido é sueco — e sou professora universitária no Instituto Superior Técnico. Sou uma dos quatro organizadores do movimento Parents for Future em Portugal, que começou há menos de um mês.

Desde adolescente que me preocupo com questões ambientais. No passado já fiz parte da Quercus e, neste momento, sou membro da Zero. Este movimento dos estudantes é algo histórico e pode criar um sobressalto, uma mudança. Percebi que era onde devia focar as minhas energias porque, de facto, a mudança tem que acontecer muito rapidamente.

A responsabilidade é nossa, dos adultos, os jovens estão a ter um papel importantíssimo, mas os adultos têm que agir também, pelo menos apoiá-los. Mais do que isso, juntar as vozes e fazer o que podem dentro e fora da sua profissão para, juntos, conseguirmos as alterações como sociedade.

Procuro manter-me informada sobre de que forma as minhas acções criam impactos negativos e positivos no ambiente — e procuro sempre adaptar o meu estilo de vida a isso. Tento optar por comida biológica, ponderar sempre muito bem as viagens de avião ou de carro, evito ao máximo comprar artigos de plástico (sobretudo se tiverem pouca utilidade ou um tempo de vida curto). É sempre possível melhorar. Aos poucos, são pequenas conquistas que procuro introduzir na nossa vida. Em parte, o Parents for Future vai tentar apoiar outras famílias e pessoas que pretendem fazer esse percurso, encontrar formas de ter uma pegada ambiental mais leve.

Em família, já estivemos juntos noutras manifestações pelo clima. Hoje vim com os meus filhos e o meu marido. Estou contente que eles alinhem, que tenham o mesmo ponto de vista acerca da importância desta acção.

Os meus filhos são pequeninos. Sabem que há uma greve, mas não sabem bem o que é, não estão propriamente a fazer greve, eu é que os tirei da escola. Gostaria de lhes dar oportunidade de participarem num evento histórico e importante para o futuro. Neste momento, não teriam sozinhos a noção dessa importância, mas é minha responsabilidade educá-los para isso e permitir-lhes essa oportunidade. “Para que, no futuro, eles possam dizer: ‘Eu, em criança, também tive o meu papel a tentar mudar isto’.”

O Parents for Future é um passo na direcção de alargar o movimento a toda a sociedade. Todos temos que participar na mudança. E, ao fazer o salto dos estudantes para os pais, estamos a entrar no domínio dos adultos. Representamos a sociedade adulta, estamos a dizer: “Vocês não estão sozinhos, nós apoiamos e concordamos convosco e vamos lutar convosco”. Esperamos agora que a mensagem alastre, que contamine mais gente, mais adultos, e sobretudo os actores, os que têm real poder para fazer mudanças que se alinhem connosco, que percebam rapidamente a urgência.

Contactei a organização da Greve Climática Estudantil, na altura da manifestação de 15 de Março, para os informar que estava a organizar uma pequena iniciativa com a escola dos meus filhos, a juntar pais. Mais tarde disseram-me que outros pais também os tinham contactado com vontade de ajudar e permitiram que todos entrássemos em contacto uns com os outros.”

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