Siri Hustvedt distinguida com o Prémio Princesa das Astúrias de Letras

Fundação espanhola premeia escritora norte-americana, classificando a sua obra como “uma das mais ambiciosas do panorama actual das letras”. Tem seis títulos traduzidos em Portugal.

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Siri Hustvedt fotografada em Lisboa, em 2009 Pedro Cunha

A escritora norte-americana Siri Hustvedt foi distinguida nesta quarta-feira com o Prémio Princesa das Astúrias. “A sua obra é uma das mais ambiciosas do panorama actual das letras”, diz o comunicado do júri, reunido em Oviedo.

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A escritora norte-americana Siri Hustvedt foi distinguida nesta quarta-feira com o Prémio Princesa das Astúrias. “A sua obra é uma das mais ambiciosas do panorama actual das letras”, diz o comunicado do júri, reunido em Oviedo.

Descendente de emigrantes noruegueses, a autora de livros como O Mundo Ardente (2014) e Elegia para Um Americano (2008) aborda na sua obra “aspectos que desenham um presente convulso e desconcertante, a partir de uma perspectiva com raiz feminista, fazendo-o através da ficção e do ensaio, como uma intelectual preocupada pelas questões fundamentais da ética contemporânea”, diz ainda o comunicado do prémio asturiano.

Comentando a distinção, Siri Hustvedt, que é mulher do escritor e cineasta Paul Auster, disse-se simultaneamente “surpreendida mas feliz, encantada e agradecida”.

Os livros de Siri Hustvedt desdobram-se pelo romance — o mais recente dos quais, Memories of the Future, não tem ainda tradução portuguesa —​ e pelo ensaio, mas escreve também memórias, poesia e, inclusivamente, argumentos para cinema — como o que co-assinou com o seu marido, The Center of the World (O Preço da Fantasia, realizado em 2001 por Wayne Wang).

As obras de Hustvedt estão traduzidas em mais de 30 idiomas e “contribuem para o diálogo interdisciplinar entre as humanidades e as ciências”, nota ainda o comunicado do prémio.

Instituído em 1980 pelo então príncipe Felipe das Astúrias — actual rei de Espanha —​, o prémio visa distinguir pessoas, entidades ou organizações de todo o mundo que tenham alcançado feitos notáveis nas áreas das ciências, das artes e humanidades e da vida pública.

Licenciada em História e doutorada em Literatura Inglesa, com uma tese sobre Charles Dickens —​ Figures of Dust: A Reading of Our Mutual Friend —, Hustvedt tem vindo a lidar com a dificuldade de se libertar da condição “mulher de... Paul Auster” (também já distinguido com o prémio asturiano em 2006): “a mulher de um escritor famoso que surge sempre como o responsável da educação da sua mulher”, comentou um dia a escritora, citada pelo jornal espanhol El País. Uma reflexão que perpassa também pelo seu ensaio mais recente, A Woman Looking at Men Looking at Women.

As ciências, em particular a psicanálise e as neurociências, mas também a militância feminista e anti-Trump são outros temas na “agenda” da escritora.

Em português, Hustvedt tem traduzidos os seguintes livros: De Olhos Vendados (Asa, 1995), Fantasias de Uma Mulher (Asa, 1999), Aquilo Que Eu Amava (Asa, 2005, e Dom Quixote, 2014), Elegia para Um Americano (Asa, 2009), Verão sem Homens (Dom Quixote, 2012) e O Mundo Ardente (Dom Quixote, 2014).