Salário mínimo de 850 euros? Indústria e Comércio dizem que é irrealista

Aumentar o salário mínimo para os 850 euros mesmo no curto prazo é uma proposta irrealista, avisam as confederações da indústria e do comércio e serviços.

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Arménio Carlos fez na quarta-feira o último discurso do Dia do Trabalhador enquanto líder da CGTP Nuno Ferreira Santos

As confederações que representam a indústria e o comércio e serviços consideram irrealista a proposta de, no “curto prazo”, aumentar o salário mínimo para os 850 euros, deixada pela CGTP no 1.º de Maio.

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As confederações que representam a indústria e o comércio e serviços consideram irrealista a proposta de, no “curto prazo”, aumentar o salário mínimo para os 850 euros, deixada pela CGTP no 1.º de Maio.

João Vieira Lopes, presidente da Confederação e Comércio e Serviço (CCP), defende que o salário mínimo “deve ser estabelecido anualmente em função de critérios económicos, como a inflação, a evolução do PIB e a produtividade” e olha para os 850 euros como uma proposta irrealista e “com objectivos propagandísticos”.

“Em épocas eleitorais e com objectivos políticos é habitual aparecerem um conjunto de propostas mais ou menos realistas com objectivos propagandísticos. Da nossa parte, no momento presente, não vemos interesse em nos pronunciarmos sobre as mesmas”, afirmou ao PÚBLICO.

Também António Saraiva, presidente da Confederação Empresarial de Portugal (CIP), defendeu em declarações ao Eco que “a política salarial das empresas deve ser consentânea com o crescimento económico, com a inflação, com a produtividade e deve ser discutida em sede própria, quer seja no âmbito da concertação social ou através da negociação colectiva”.

O presidente da CIP avisa que se a reivindicação “no imediato é perfeitamente absurdo”, alertando que se trata de um aumento de 42%. Pode, contudo, ser “razoável”, com “alguma calendarização do período”, como aconteceu com a subida para os 600 euros.

De qualquer modo, António Saraiva sublinhou o “irrealismo” da reivindicação, tendo em conta que “o Executivo acabou de rever em baixa as previsões de crescimento económico, de investimento e até já houve momentos em que os ganhos de produtividade foram negativos”.

Na resolução aprovada no 1.º de Maio, a CGTP defendeu que a subida do salário mínimo dos actuais 600 euros para os 850 euros deve ser alcançada no “curto prazo”. A central sindical não explicou em que moldes deve ser feito o aumento e se a intenção é promover uma subida escalonada como aconteceu com os 600 euros. Mas manifestou “disponibilidade para discutir a sua implementação”.

No desfile do Dia do Trabalhador promovido pela CGTP, também o líder do PCP, Jerónimo de Sousa, defendeu a “necessidade do aumento geral dos salários, designadamente no salário mínimo nacional para 850 euros”.