Brasil: o cinema que talvez não exista amanhã

O IndieLisboa escolhe duas dúzias de filmes brasileiros dos últimos doze meses para desenhar um retrato possível de uma das cinematografias mais activas do momento. Brasil em Transe, para falar do cinema de hoje que talvez não exista amanhã.

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O mais poderoso dos filmes da retrospectiva: Sete Anos em Maio desenha em 40 minutos e meia-dúzia de planos o desempoderamento das minorias, o abuso de poder, a raiva, a injustiça, a violência

Bacurau, o novo filme de Kleber Mendonça Filho (O Som ao Redor, Aquarius) está a concurso para a Palma de Ouro de Cannes, daqui a duas semanas, a par de Almodóvar, dos irmãos Dardenne, de Ken Loach. A Vida Invisível de Eurídice Gusmão, de Karim Aïnouz (Praia do Futuro) junta-se-lhe na paralela da Croisette, Un Certain Regard. Dois filmes do Brasil no mais importante festival de cinema do mundo, depois das edições 2019 de Roterdão e Berlim terem recebido uma grande representação brasileira — e no momento em que o governo suspende todo o financiamento da produção local, usando como pretexto os resultados de uma auditoria encomendada pela anterior administração aos contratos da Agência Nacional do Cinema.