Wang Bing, a testemunha do último sopro

Dead Souls (2018) é exibido hoje e dia 15 no Teatro Campo Alegre, no Porto, e no fim-de-semana de 20 e 21 de Abril no Monumental, em Lisboa. São, em Lisboa e Porto, duas sessões de quatro horas para as oito de uma interpelação a que será, afirmamos sem risco, gratificante responder.

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Em A Fossa/The Ditch (2010), experiência na ficção do cineasta chinês Wang Bing, “desenterrar o passado” é qualquer coisa de literal. Por isso é alucinante. Realizado a partir do livro Chronicles of Jiabiangou, de Yang Xianhui, colectânea de testemunhos sobre a experiência em campos de reeducação para “direitistas”, na viragem da década de 1950 para a de 60 na China de Mao, contava a história de uma mulher que procurava a vala onde o cadáver do marido, um dos abandonados à fome nas grutas do deserto de Gobi, fora enterrado. Esse filme reconstituía a história de figuras em que o humano já só se manifestava de forma intermitente: os corpos não aguentavam mais a memória da humanidade que habitara neles — eram “almas mortas”.

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Em A Fossa/The Ditch (2010), experiência na ficção do cineasta chinês Wang Bing, “desenterrar o passado” é qualquer coisa de literal. Por isso é alucinante. Realizado a partir do livro Chronicles of Jiabiangou, de Yang Xianhui, colectânea de testemunhos sobre a experiência em campos de reeducação para “direitistas”, na viragem da década de 1950 para a de 60 na China de Mao, contava a história de uma mulher que procurava a vala onde o cadáver do marido, um dos abandonados à fome nas grutas do deserto de Gobi, fora enterrado. Esse filme reconstituía a história de figuras em que o humano já só se manifestava de forma intermitente: os corpos não aguentavam mais a memória da humanidade que habitara neles — eram “almas mortas”.