Salvini apresenta aliança de partidos nacionalistas

O vice-primeiro-ministro italiano quer que este seja o “grupo mais importante no Parlamento Europeu”. Por enquanto tem o apoio da Alternativa para a Alemanha (AfD), Partido do Povo Dinamarquês e do Verdadeiros Finlandeses. Há faltas de peso como o Reagrupamento Nacional de Marine Le Pen (antiga Frente Nacional)

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LUSA/DANIEL DAL ZENNARO

Os dirigentes dos partidos nacionalistas da União Europeia anunciaram nesta segunda-feira a intenção de se aliarem após as eleições marcadas para Maio. O anúncio surge depois de, na sexta-feira, Matteo Salvini, o vice-primeiro-ministro italiano cujo partido de extrema-direita não pára de subir nas sondagens, ter revelado a sua intenção de construir uma coligação nacionalista na Europa.

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Os dirigentes dos partidos nacionalistas da União Europeia anunciaram nesta segunda-feira a intenção de se aliarem após as eleições marcadas para Maio. O anúncio surge depois de, na sexta-feira, Matteo Salvini, o vice-primeiro-ministro italiano cujo partido de extrema-direita não pára de subir nas sondagens, ter revelado a sua intenção de construir uma coligação nacionalista na Europa.

Para Matteo Salvini, esta é “uma visão da Europa para os próximos 50 anos”: uma coligação nacionalista, com pretensões de se tornar no “grupo mais importante no Parlamento Europeu”, a ser lançada depois das eleições para o Parlamento Europeu. O projecto de coligação foi apresentado ao lado do deputado europeu Jörg Meuthen, da Alternativa para a Alemanha (AfD), Anders Vistisen, do Partido do Povo Dinamarquês, e do candidato do Verdadeiros Finlandeses, Olli Kotro, num hotel de luxo em Milão.

“Estamos a ampliar a comunidade, a família. Estamos a trabalhar para um novo sonho europeu”, disse Salvini. “Hoje, para muitos cidadãos e povos, a União Europeia representa um pesadelo”.

“O sonho europeu está a ser ameaçado pelos burocratas e banqueiros que governam a Europa. Eles têm governado a Europa há demasiado tempo quando devia ser um Governo das pessoas”, defendeu o futuro líder desta coligação.

“Trabalhamos para voltar a pôr no centro o trabalho, a família, a segurança, a protecção do ambiente, o futuro dos jovens” em conjunto com “movimentos alternativos” à “aliança entre democratas-cristãos e socialistas” no poder há décadas em Bruxelas, disse Salvini.

Mas a vontade de se unirem não apaga as diferenças entre os programas dos diferentes partidos nacionalistas e Salvini está consciente disso. O líder do partido Liga frisou que têm em comum o compromisso com “as identidades e as tradições” e assegurou que a aliança que agora propõem vai crescer após as eleições europeias e tornar-se “uma força de governo e de mudança na Europa”.

Este projecto de coligação já contará com o interesse de pelo menos dez partidos, afiançou Jörg Meuthen, da AfD. De acordo com o que disse à Reuters, o novo bloco parlamentar chamar-se-á Aliança Europeia pelas Pessoas e Nações. Mas há ausências de peso, como o Reagrupamento Nacional de Marine Le Pen, ou o partido ultraconservador polaco Lei e Justiça (PiS, na sigla polaca).

“Queremos reformar a União Europeia e o Parlamento Europeu, sem os destruir”, disse. “Queremos ser uma mudança radical”.

Anders Vistisen, do Partido do Povo Dinamarquês, referiu as ausências de peso na sua intervenção, admitindo que há “desafios” na tentativa de unir os nacionalistas europeus. Há divisões em vários aspectos, da economia às relações internacionais, nomeadamente no que respeita às relações com a Rússia, um dos factores que terão afastado os nacionalistas polacos deste projecto, apesar das tentativas de Salvini. Mas o manifesto apresentado nesta segunda-feira foi propositadamente vago para que “não excluísse ninguém que potencialmente quer estar connosco” – como o Reagrupamento Nacional (antiga Frente Nacional).

“É muito claro que os polacos e os franceses têm a maior dificuldade em trabalhar juntos, por isso é uma forma de os persuadir a ignorar as diferenças. Os dois grandes partidos – os alemães e os italianos –, estão juntos. Mas em Varsóvia ou em Paris não estão muito confortáveis com este formato”, disse o líder do Partido do Povo Dinamarquês ao Guardian.

O manifesto do novo grupo apresenta os três grandes pilares desta coligação: devolver o poder concentrado em Bruxelas aos Estados-membros; implementar um “modelo australiano” no que diz respeito às fronteiras e a protecção “da identidade cultural europeia”, completou Vistisen.

Além de Le Pen, estiveram ausentes do encontro o primeiro-ministro húngaro, Viktor Orbán, cujo partido, Fidesz, se mantém no PPE, apesar de suspenso, ou o espanhol Vox, que segundo a imprensa italiana foi convidado a participar.

De acordo com as regras da União Europeia, um grupo é constituído por pelo menos 25 deputados europeus, vindos de pelo menos sete Estados-membros. Por enquanto há apenas quatro partidos interessados, e o novo grupo só poderá ser apresentado depois das eleições.

No actual Parlamento Europeu, Salvini, Le Pen e outros partidos nacionalistas integram a Europa das Nações e das Liberdades (ENF), mas algumas das formações que agora admitem uma aliança integram outros grupos políticos, como a Aliança de Conservadores e Reformistas (ECR), a que pertencem o Partido do Povo Dinamarquês ou os Verdadeiros Finlandeses, ou a Europa da Liberdade e da Democracia Directa (EFDD), que integra a AfD.