Uma Casa de Cortiça sobre a natureza aonde todos podem chegar

Numa das montanhas de Gração, nos Arcos de Valdevez, está, sobre a natureza, um abrigo revestido a cortiça. Totalmente preparado para receber hóspedes com mobilidade reduzida, a Casa de Cortiça faz parte de uma família de quatro casas, o Sobrenatura, e quer ultrapassar as contingências do rural. É um escape à realidade.

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Para entrar na Casa de Cortiça não é preciso subir degraus. Há que percorrer uma rampa que abraça metade da casa, até chegar à porta de vidro. Mas basta dobrar a primeira esquina do edifício para encontrar o cenário que já se começava a revelar ao longo do caminho de estradas estreitas: o Vale do Lima e a serra Amarela olham-nos de frente.

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Para entrar na Casa de Cortiça não é preciso subir degraus. Há que percorrer uma rampa que abraça metade da casa, até chegar à porta de vidro. Mas basta dobrar a primeira esquina do edifício para encontrar o cenário que já se começava a revelar ao longo do caminho de estradas estreitas: o Vale do Lima e a serra Amarela olham-nos de frente.

Estamos em Gração, Arcos de Valdevez — com o Parque Nacional da Peneda-Gerês em frente e o rio Lima mesmo em baixo —, num terreno montanhoso com cerca de mil metros quadrados, que abriga quatro casas: o Sobrenatura. Sem vedações ou limites, o espaço é uma espécie de “condomínio”: as habitações têm fronteiras imaginárias (que podem ser transpostas se os hóspedes desejarem) e, na parte mais baixa do terreno, há uma piscina comum com desenho contemporâneo, que contrasta com a arquitectura tradicional das três casas mais antigas — a Casa da Eira, da Ramada e do Lagar.

Revestida a cortiça, chapa e vidro, está, no ponto mais alto e oposto à piscina, a Casa de Cortiça. Ao contrário das outras três, que foram construídas ao mesmo tempo, há cerca de 13 anos, esta habitação passou a fazer parte da paisagem há apenas três meses. Antes de ser transformado num abrigo em tons pastel, o espaço abrigava as ruínas daquilo que era, antigamente, um lagar. Tal como as primeiras casas — que eram também ruínas de estruturas ligadas à agricultura e gado —, foi recuperada “com algumas regras”, por fazer parte de uma paisagem protegida. E mantiveram-se algumas características da construção original, como a configuração dos espaços e as pedras, que são a base das três primeiras casas. 

Ao entrar na mais recente habitação do Sobrenatura, não são só as cores, a decoração a estrear ou a paisagem que entra pelas janelas e pode ser contemplada a partir do sofá que a fazem diferenciar-se das outras três: a Casa de Cortiça está totalmente preparada para receber hóspedes com mobilidade reduzida, desde a rampa que nos conduz à entrada até à rampa que entra pela piscina privada. E foi pensada desde o início para servir esse propósito, já que a acessibilidade e o turismo inclusivo sempre foram preocupações do proprietário, Rui Leal.

A disposição da pouca mobília permite que uma cadeira de rodas possa circular sem constrangimentos pela sala, cozinha ou qualquer um dos dois quartos. Os armários e utensílios da cozinha estão colocados num nível inferior, à altura de quem está sentado; o fogão funciona como uma escrivaninha; e uma das três casas de banho tem barras de apoio e assentos de duche. É através destas características — sem esquecer a rampa que traça o caminho desde a estrada até à Casa de Cortiça — que são contornadas as “contingências do rural”, que tem declives, subidas e descidas.

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Quem não precisa destes apetrechos, quase nem se apercebe de que eles lá estão. Tudo está colocado de forma discreta, porque o que Rui Leal não quer é “ter casas que parecem hospitais”. Pelo contrário, quer proporcionar um espaço “para relaxar e desfrutar” — e tudo nesta casa convida a isso: o chão em cortiça provoca para tirar os sapatos, a luz natural dispensa a necessidade de acender luzes e a total ausência de sons citadinos faz-nos desligar da realidade. Sentados no sofá azul, de frente para a janela que se estende do chão ao tecto e traz a natureza para dentro de casa, nem nos lembramos de verificar o e-mail.

Mas apesar de o conforto da Casa de Cortiça convidar à contemplação a partir do interior, principalmente em dias cinzentos, o pequeno miradouro junto à piscina alicia a um pequeno-almoço fora de portas. E a piscina pisca o olho — deixando o convite para voltar com temperaturas mais propícias a mergulhos. Por fazer fica também a caminhada pelo Trilho de Germil, o passeio de bicicleta ou a cavalo — algumas das actividades sugeridas pelo proprietário.

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Se durante o dia não há — para já, enquanto a ramada de kiwis não cresce — um abrigo junto à casa que permita esconder do sol ou da chuva, à noite o cenário deixa de ser de excesso de luz para se tornar escuridão quase absoluta. Mistura-se a tranquilidade com a incerteza do que se esconde do outro lado. E a vontade de “voltar à civilização”, que pode ser encontrada a cerca de dez quilómetros.

No centro dos Arcos de Valdevez ou no Soajo, os restaurantes com comida típica minhota podem ser uma opção para fazer as refeições. Apesar de haver a possibilidade de contratar um chef para cozinhar ao vivo no Sobrenatura, a ideia é que todas as refeições fiquem a cargo dos hóspedes. Assim como a limpeza das casas, que pode ser contratada por 15 euros por noite.

Ideal para famílias ou grupos de amigos, no Verão, e para casais durante a época baixa, o Sobrenatura é uma espécie de retiro que faz esquecer a rotina e, para quem está habituado à confusão da urbe, permite entrar numa realidade de imediata acalmia. Na hora de ir embora, fica a vontade de voltar com temperaturas mais propícias ao contacto com a natureza e a banhos nas piscinas. E o desejo de encontrar a ramada carregada de kiwis.

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