A Festa do Jazz e a “elite” cultural em Lisboa

A Festa do Jazz vai continuar o seu caminho, com dificuldades mas com os músicos, as escolas e o público do seu lado. Este ano realizar-se-á a 1 e 2 de Junho em Lisboa. A CML ainda está a tempo de emendar a mão e remediar a afronta feita à comunidade por um dos seus representantes.

Desde a sua primeira edição, a Festa do Jazz assumiu-se como um evento de características únicas em Portugal e raras na Europa. Muito mais do que um festival, a Festa é, como o nome indica, uma celebração da sociedade portuguesa à volta do jazz. Por isso – porque reside no seu código genético e ao longo das suas 16 edições – a Festa do Jazz tem construído pontes entre gerações, entre regiões e, elemento verdadeiramente crucial, entre os vários sectores do jazz, da música e da cultura no nosso país.

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Desde a sua primeira edição, a Festa do Jazz assumiu-se como um evento de características únicas em Portugal e raras na Europa. Muito mais do que um festival, a Festa é, como o nome indica, uma celebração da sociedade portuguesa à volta do jazz. Por isso – porque reside no seu código genético e ao longo das suas 16 edições – a Festa do Jazz tem construído pontes entre gerações, entre regiões e, elemento verdadeiramente crucial, entre os vários sectores do jazz, da música e da cultura no nosso país.

O facto de durante três dias se congregarem músicos, educadores, estudantes de música e famílias, programadores, editoras, jornalistas e investigadores em torno dessa celebração tem tornado inevitavelmente a Festa no fórum ideal para questionar o sector e o discutir. Como consequência, os vários actores do jazz português têm criado aí pontes entre si e delineado linhas estratégicas que tentam dar resposta aos imensos desafios comuns que se colocam a quem faz jazz, música, cultura.

A Festa é a celebração dessas pontes: entre escolas dos vários pontos do país; entre jovens músicos e consagrados; entre músicos e o público; entre programadores e artistas; entre a música e a cidade; entre Portugal, a Europa e o mundo; entre quem faz música, a documenta e investiga. É, por isso, impossível celebrar a Festa sem dar conta da sua dimensão dialógica. É, por isso, impossível, conceber o seu percurso passado sem ter em conta a sua dimensão de futuro. Nesse sentido, mais que festejar o passado, celebrar a Festa do Jazz é sobretudo congregar uma reflexão profunda e transversal dos seus vários actores sobre o futuro. José Dias

A Festa do Jazz é o mais importante festival feito por músicos de jazz portugueses desde 2003. É onde a composição, a improvisação e a performance ganham contornos de criatividade e civismo e nos mostram os paradoxos de uma comunidade rica e complexa. A singularidade deste evento cimenta-se no trabalho desenvolvido em parceria com escolas de todo o país ao longo dos anos, valorizando o dinamismo da música improvisada e fomentado a partilha e criatividade. Este é um dos mais evidentes reflexos do trabalho realizado ao longo do ano pela Associação Sons da Lusofonia (ASL) e um espelho da vitalidade do jazz em Portugal e da importância de um espaço comunitário como o que a Festa criou. É na Festa do Jazz que os jovens talentos dão publicamente os primeiros passos nas suas carreiras, de uma forma sustentada e sólida. É na Festa que voltam como líderes de novos grupos com nova música: é um ciclo de vida à nossa frente.

É nesse sentido que temos convergido a nossa acção criando condições para a existência de uma rede colaborativa entre diferentes géneros, agentes, músicos, escolas, festivais, editoras, etc. Foi neste contexto que foi criada a primeira rede portuguesa de jazz, denominada Portugal Jazz. Esta é uma plataforma de desenvolvimento de uma estratégia para a promoção do jazz e música improvisada feita em Portugal ou por músicos portugueses no estrangeiro aos níveis nacional e internacional, de apoio à formação de jovens músicos. O pulsar da criatividade e da improvisação é um outro foco pelo qual se tem pautado a Festa do Jazz, colocando lado a lado linguagens em saudável confronto.

A Festa do Jazz Português, que mostra o melhor da música improvisada feita em Portugal, não esquece a importância de cruzamentos entre músicos e músicas num processo de partilha e de criação de comunidade ao nível nacional e europeu. Graças ao trabalho desenvolvido ao longo destes anos em Portugal e na Europa, a ASL organizou a maior conferência de jazz da Europa, no CCB, nos dias 13 a 16 de Setembro passado. O sucesso da realização da European Jazz Conference faz-se já sentir na procura europeia de grupos portugueses, algo inédito entre nós desde logo pela expressão dos números.

Mas ao criar um novo impulso na divulgação do jazz nacional no mapa europeu e ao incentivar a cooperação com outras entidades europeias ao nível do trabalho direccionado para públicos nas camadas jovens da população, a profissionalização e intercâmbio de jovens músicos, estamos também a trabalhar numa perspectiva de longo prazo. É esta continuidade baseada na permanente renovação que faz deste festival algo único. São estes dezassete anos de actividade enraizados em todos aqueles que se reconhecem no Jazz, que serão assinalados este ano com um livro sobre a Festa e os seus protagonistas – anteriores à Festa, das escolas, incluindo alunos e professores, até às consagradas figuras da cena jazzística nacional e daqueles que virão.

Ora é exactamente a propósito deste livro, que está a ser ultimado por José Dias e Gonçalo Frota, que hoje decidimos, por não haver mais tolerância possível, denunciar as várias agressões da actual directora do Teatro São Luiz à Festa do Jazz. Isto porque soubemos agora que esta directora tentou pessoalmente e através de informações falsas pôr em causa a legitimidade da Associação Sons da Lusofonia junto do editor do livro dando a entender que a Festa do Jazz seria propriedade do São Luiz. Ou seja, dois anos depois desta funcionária da CML ter unilateralmente posto a Festa do Jazz fora do Teatro São Luiz continuam os abusos de poder e a má-fé contra este importante festival nacional.

Para acabar de vez com os rumores e má-língua, que a directora do São Luiz tem espalhado junto de potenciais parceiros da ASL, soubemos de outros entretanto, quero, em nome da direcção desta Associação, usar este meio para esclarecer a comunidade do jazz português, as Escolas e seus dirigentes e professores e os músicos que ao longo de 17 anos fizeram da Festa aquilo que ela é: o maior evento comunitário de jazz feito em Portugal por portugueses que vivem dentro e fora de Portugal. Lamento se me alongo mas esta tentativa de golpada tem contornos sórdidos da parte do SLTM.

Em 2016 realizou-se a 15.ª Festa do Jazz do São Luiz no que foi a última edição realizada naquele Teatro por decisão unilateral da actual directora Aida Tavares (AT). Se por um lado questionamos a legitimidade da nomeação desta directora e os modos como foi feita pelos responsáveis da altura pela EGEAC, incluindo o Presidente do conselho de administração com quem na altura mantinha um relacionamento, não podemos questionar a legitimidade da direcção de uma Instituição com o São Luiz em decidir sobre o seu futuro e a sua programação. Neste sentido seria perfeitamente compreensível, embora penoso de qualquer forma após 15 anos, que a directora do SLTM quisesse mudar de rumo e decidisse acabar com a parceria com a ASL que era a legitima produtora e responsável artística da Festa do Jazz feita no São Luiz e noutros espaços, como aconteceu.

Teria sido pois legitima a sua a decisão de logo a seguir à 15ª Festa do Jazz marcar uma reunião com a ASL e anunciar o fim da parceria. Por muito que lamentássemos essa seria uma decisão que não poderíamos contestar e que seria até consequência natural dados os inúmeros atritos criados ao longo dos anos por esta agora directora. Mas não foi isso que aconteceu: a indecisão propositada sobre a realização da Festa do Jazz no São Luiz foi adiada até dia 20 de Novembro (!!!) pela direcção deste Teatro, em cerca de oito meses e agora podemos dizer claramente que houve não só uma tentativa de boicote à direcção da Festa do Jazz e à própria comunidade do jazz como uma tentativa de apropriação do festival por esta direcção do São Luiz.

A actual directora deste Teatro foi a grande obreira da única tentativa de golpada contra a comunidade de escolas e músicos de jazz alguma vez levada a cabo na curta história do jazz em Portugal. Uma vergonhosa acção, falhada apesar de tudo, para dividir uma comunidade que demorou tanto tempo a construir, tentando com os seus cúmplices, mais velhos do que os do Restelo, dividir os músicos e as escolas para satisfazer uma sede de vingança ainda e sempre incompreensível e claramente com contornos patológicos.

Vamos esclarecer os factos, não são opiniões, que estão documentados. O São Luiz acolheu, esta expressão é muito importante, durante 15 anos a Festa do Jazz: durante 3 dias por ano. Nunca durante os outros 362 dias do ano, durante 15 anos, se dirigiu formalmente às escolas e seus professores, aos músicos e outros agentes envolvidos na Festa ou sugeriu um caminho que não fosse o pela ASL proposto. Pagou à estrutura da ASL, um valor muitas vezes sub-orçamentado, todo o trabalho que esta realizou, em forma de protocolo através do São Luiz que depende da EGEAC e da CML Cultura. Acolhimento não é autoria ou produção própria como todos sabemos, e nós nunca fomos assalariados do SLTM.

Todos sabem à excepção da directora do SLTM que insiste, a propósito do livro sobre o Jazz em Portugal que sairá em breve, junto da editora e com má-fé declarada, que a dita editora que é nacional poderá ter problemas com a autoria do nome “Festa do Jazz” usado já na edição de 2018 sem o São Luiz. Pedido que lhe foi que enviasse uma carta com um pedido juridicamente fundamentado parece que a directora do Teatro se fechou em copas. Porquê? Porque claramente tentava unicamente minar a credibilidade da Festa do Jazz e da ASL na esperança de influenciar negativamente o editor, que me escuso de nomear pelo profundo respeito e admiração que lhe tenho, para que talvez assim impedisse a edição em causa.

A Festa do Jazz foi criada por mim com a ajuda à produção do Luís Hilário, tendo a influência positiva de Jorge Salavisa nas questões iniciais e no acompanhamento seguinte: sempre com a elegância que se lhe conhece. Esquecendo convenientemente que Festa aparece na continuidade do “Lisboa em Jazz”, um festival feito exactamente no mesmo Teatro pela ASL com o apoio da mesma CML, esta nova directora tentaria assim justificar-se a si e ao seu mestre como os inventores do mundo e neste caso os inventores da Festa do Jazz. Curiosamente também realizámos o Lisboa Mistura naquele Teatro. O nome Mistura foi-nos sugerido por Nuno Artur Silva das Produções Fictícias e nós não conseguimos imaginar o Nuno a reclamar autoria do Lisboa Mistura. Tal como não imaginamos o Jorge Salavisa a fazer o mesmo com a Festa do Jazz ou a telefonar ao referido editor para criar um atrito propositado cheio de má-fé, mas...

Este comportamento erróneo da agora directora do SLTM já vem de trás: houve comentários baseados em falsas declarações com elementos do CCB, com os seus superiores na CML, a propósito da European Jazz Conference, e com músicos e entidades ligadas ao jazz. E se por consideração aos altos responsáveis da CML e da EGEAC temos mantido uma postura institucional de grande contenção tornou a ainda directora do SLTM impossível manter esta postura devido aos continuados abusos de poder, má-fé e intenção de prejudicar o trabalho feito para criar a comunidade do jazz em Portugal.

Tentaremos resumir estas questões com a maior clareza e menos tempo possível a estória da tentativa de golpada por parte da directora do São Luiz. O SLTM poderia, se fosse dirigido por alguém sério e responsável, ter comunicado à ASL em Abril/Maio de 2017 que não havia interesse em renovar a colaboração. Era algo simples mas não o fez. Em 31 de Maio a ASL, após várias insistências, conseguiu que o SLTM marcasse uma reunião em Junho que foi desmarcada pelo Teatro e foi tida em 7 de Julho.

Depois desta reunião, em que a directora não se comprometeu com a realização da Festa e que disse ir de férias, foi por nós elaborado um documento propor alterações à Festa com um pensamento critico sobre alguns aspectos menos conseguidos da relação entre parceiros. Foi entregue este documento a 9 de Agosto que propunha uma data entre 23 e 25 de Março para realizar a 16ª edição da Festa. A 11 de Setembro a ASL insistia para ter comentários ao documento tendo vindo uma resposta no dia 12 a dizer que em breve o fariam. A 29 de Setembro e com a programação a avançar e algumas Escolas e artistas a quererem programar as suas vidas, informamos da premência em ter respostas.

A 11 de Outubro e sem nunca ter respondido ao documento (isto quando o Teatro dizia querer repensar... a Festa do Jazz) o SLTM marca uma reunião para a semana seguinte: entretanto passaram 7 meses sobre o fim da 15.ª Festa, desde o início de Abril. A 16 de Outubro somos informados que o São Luiz estaria há um ano e meio a repensar a sua postura em relação ao Jazz e claro, sem nunca nos consultar. Após insistência para definirem uma posição sai uma ideia obscura sobre uma realização de um evento dentro da Festa do Jazz envolvendo os 70 anos do Hot Clube, concertos e apresentações das Escolas de Jazz. Ou seja, uma Festa do Jazz feita pelo São Luiz sem a ASL mas com o Hot Clube onde a ASL teria um papel secundário ou quase insignificante.

Como soubemos no início de Outubro, numa reunião acerca da Conferência Europeia de Jazz, pelo nosso anterior colaborador Luís Hilário, que o São Luiz se preparava para fazer um festival de jazz sem ter contactado a ASL, contactámos as Escolas marcando a nossa posição e dizendo que contávamos com elas para a Festa do Jazz como nos anos anteriores acrescentando elementos inovadores como todos os anos acontecia. Surpreendida por esta antecipação a directora do São Luiz deu um passo atrás e pediu mais uns dias para definir os moldes da nossa participação.

A 27 de Outubro o São Luiz através da sua directora informa (!) que a Festa do Jazz se fará noutros moldes, sem os clarificar e pede-nos para tratar só das escolas diminuindo assim o papel da direcção artística e conceptual da Festa que é da responsabilidade da ASL. A 31 de Outubro respondemos que a Festa tem uma matriz e que não deverá ser desvirtuada ao sabor de opções arbitrárias e não fundamentadas a 4 meses da sua realização. Confrontada com alguma perplexidade na EGEAC e com alguma oposição a esta posição do SLTM a sua directora pede a 14 de Novembro que a ASL envie uma proposta de colaboração sem serem indicadas pelo Teatro, como obriga o serviço público, as condições suficientes para a elaboração da mesma.

A 17 de Novembro o SLTM informa que não se realizará a Festa do Jazz e propõe que a ASL trate das actividades escolares nacionais enquanto a directora do São Luiz tomava conta da programação geral: finalmente revelou-se a pretensão de se querer substituir ao director artístico da Festa do Jazz e à ASL. Perante a indignação que demonstrámos de forma frontal e intensa a directora do São Luiz informa a 20 de Novembro que tratará de convidar as escolas e de fazer ela a Festa do Jazz sem a ASL e que deixará às Escolas a decisão de participarem ou não na “sua” Festa do Jazz.

Perante a ameaça de boicote a ASL respondeu que nunca admitiria que se realizasse a Festa do Jazz no São Luiz nestas condições e com argumentos irrefutáveis levou a directora do SLTM a desistir de fazer a Festa do Jazz conforme ameaçara fazer. O boicote foi falhado mas manteve-se o intuito ao confirmar um evento de jazz naquele Teatro exactamente nas mesmas datas por nós antes sugeridas para a Festa meses antes.

A ASL conseguiu a muito custo realizar a Festa do Jazz 2018 em 3 meses: conseguimos os espaços e um financiamento magríssimo que apesar de tudo foi suficiente, com a ajuda das Escolas de todo o país e dos músicos e outros colaboradores, para continuar com a Festa do Jazz nos moldes que tornou este festival uma referência nacional e internacional.

Há em todo este processo uma tentativa de boicotar a Festa do Jazz não deixando margem temporal conseguir a sua realização, de dividir a comunidade e de através do abuso de poder e de má-fé criar um clima de medo e de intimidação intoleráveis numa relação entre parceiros institucionais arrastando o bom nome da CML neste processo.

A comunidade nacional do jazz ressentiu-se desta afronta inédita nos meios do jazz nacional. A ainda directora do SLTM mentiu e manipulou a comunidade jazzística nacional para conseguir algo de impensável em Portugal em 2017: destruir o tecido cultural português associado à música improvisada através de estratagemas perversos e obscuros usando uma posição de poder e a protecção de uma elite politica que iludiu através de declarações falaciosas. Todos estes factos estão retratados em emails e outras comunicações que ficarão disponíveis na sede da ASL para a comunidade portuguesa do jazz.

O rol de falsidades e de declarações falaciosas começa, como depois viemos a saber através de alguns músicos que em Setembro de 2017 já haviam sido contactados para fazerem concertos nas datas previstas para a Festa, que dizia à boca cheia a, aa  directora, seria feita sem a minha direcção e a coordenação da ASL, enquanto a nós nos ia iludindo e mentindo sobre a intenção de ter o nosso envolvimento (Email de Outubro a confirmar o comprometimento do Hot Clube e de Carlos Bica na programação desde o final de Setembro).

Mas já antes, a 1 de Abril de 2017, uns dias antes da 15ª edição da Festa, a directora actual do SLTM acusa o director artístico da Festa de entre outras falsidades nunca lhe ter falado sobre um pedido de apoio ao MdC para a celebração dos 15 anos. Esqueceu-se de ler um email de 7 de Setembro de 2016 (!) onde é mencionado o tal pedido de apoio e solicitada reunião sobre o assunto. O seu “sms” violento e despropositado a dias da realização da Festa do Jazz, vem a propósito de eu ter dito ao expresso que a orçamentação médio da Festa do Jazz era nos últimos anos de 50.000€, uma verba manifestamente curta para todo o nosso trabalho de envolver as comunidades nacionais. Mentindo, a directora insinuava que nós receberíamos mais, o que é falso como se pode ver pelos protocolos assinados. Já num episódio de uma entrevista ao DN uns anos antes e enquanto funcionária e não directora, esta responsável pelo Teatro não atendeu o telefone durante horas estando nas instalações, quando a isso era obrigada na ausência do director José Luis Ferreira, para apresentar falsos argumentos ao anterior presidente da CML e agora PM, baseados em distorcidas leituras de uma entrevista que dei àquele jornal, feitas sem me questionar ou sem permitir contraditório. Foi negado em frente ao ex-Presidente da CML o que havia a negar e no interesse de todos prosseguimos o nosso trabalho. Este é só mais um episódio de má-fé e de falsificação de informação.

Mas o maior embuste é-nos oferecido numa comunicação de 27 de Dezembro de 2017 que Aida Tavares decide enviar à comunidade (cerca de 250 endereços de email, diz). Nesse email diz a directora do STML que comunicou a 16 de Outubro de 20017 à direcção da ASL e da Festa a intenção de se dedicar a uma reflexão sobre o lugar do jazz no Teatro: Não só nunca foi discutida nem feita nenhuma reflexão (se sim mostre-nos os documentos com a dita reflexão ou prova do seu envio) como a 16 de Outubro ainda discutíamos a possibilidade de a ASL fazer a Festa do Jazz.

Como se pode provar só a 20 de Novembro de 2017 foi finalmente comunicado que a ASL não faria parte da programação agendada para Março de 2018. Não só mente em relação às datas, não as clarificando, como também não diz em Dezembro que tinha tentado um mês antes sonegar a Festa do Jazz à ASL. Querendo ganhar a simpatia das Escolas insinua nesse email que gostaria de as ver na Sala Bernardo Sassetti (coitado do Bernardo que adorava a Festa do Jazz) mas omite propositadamente que as Escolas não teriam o enquadramento da Festa do Jazz tal como elas o conheciam e que nem seriam convidadas a discutir qualquer enquadramento àquela distância de forma responsável. Mais do que a malícia é o tom de fingida preocupação de alguém que em 15 anos nunca se dirigiu às Escolas ou aos músicos deste país que passaram pela Festa e foram quase todos.

O jazz do São Luiz foi em 15 anos a Festa do Jazz e foi graças ao trabalho da ASL que o SLTM poderia ainda balbuciar a palavra orgulho nesta aposta. Nunca ouvimos da agora directora uma palavra de incentivo ou de inspiração, antes pelo contrário como se pode ler nos emails agora à disposição da comunidade do jazz português. Um mês depois deste email diz a directora ao Observador a 31 de Janeiro de 2018, que falou com 4/5 pessoas da Festa do Jazz porque esta deveria ser renovada. Mas quem são as 4 ou 5 pessoas da Festa do Jazz de que fala quando só havia naquele momento duas pessoas envolvidas neste diálogo: o director artístico, Carlos Martins e a coordenadora geral Alaíde Costa? Não diz.

É portanto mentira que houvesse 4 ou 5 interlocutores autorizados a falar sobre a Festa do Jazz em nome da ASL. Seria ainda assim redutor o n.º de pessoas envolvidas numa reflexão de um projecto de 15 anos com envolvimento nacional. Para além disso, foram informados de um facto consumado e não convidados a participar numa reflexão aberta e produtiva, como seria de esperar de alguém sério e com princípios democráticos como os que a Festa do Jazz defende desde sempre. E o que sabe sobre jazz a directora actual do SLTM para discutir a Festa do Jazz nos termos da sua renovação? Quereria substituir-se aos músicos, críticos, investigadores, professores, director artístico da Festa e outros que têm a legitimidade para fazer essa análise?

Desde que a ASL começou a tentar trazer para Portugal e para Lisboa a Conferência Europeia de Jazz, que só poderia ser realizada no CCB dadas as dimensões do evento, como veio a acontecer, que a directora do SLTM iniciou uma campanha de declarações falsas, insinuações e maledicências junto dos seus superiores directos revelando um comportamento machista persecutório que não é compatível com a actividade que exerce e para a qual infelizmente não ganhou nenhum concurso publico. Quem tinha ganho esse concurso foi minado pela própria directora e seus apoiantes como se sabe.

Uma coisa é certa: cada vez que a directora do SLTM disser a palavra jazz ou falar da comunidade portuguesa do jazz vai sentir a vergonha sair da sua boca, por muitos festivais que invente com os seus cúmplices do momento. Todos nós em Portugal temos vergonha do que fez a directora do SLTM mas agora os músicos, as Escolas e outras pessoas e Instituições sabem ao que vão e sabem o que ela fez. Deixo uma palavra aos músicos que tocam e tocarão no São Luiz desejando-lhes as maiores felicidades e sucessos e dizendo claramente que a Festa do Jazz continuará de braços abertos para todos eles. Nós não participaremos na divisão com que AT tentou minar, sem o conseguir, o tecido cultural do jazz em Portugal.

Esta directora é o típico agente cultural “independente” português, que não é propriamente um imbecil e, como diz Guy Debord, o que lhe acontece é sofrer dessa doença a que Marx chamava a inteligência política, muitas vezes oposta à inteligência social. Personagem capaz de vastos malabarismos de intelecto no domínio do fragmentário e do pormenor, é com um talentozinho todo ele pragmático, cuidadoso e rasteiro que se aplica a isso de ignorar, teimosamente, no vasto concerto da servidão moderna, a sua própria submissão. São indivíduos que se vão adaptando à temperatura ambiente (indivíduos-termostato) e captando as formas de homogeneidade participam, sem má-consciência, no populismo cultural que tanto negam.

São os mesmos da cultura gestionária que gastam o seu tempo de forma racional em reuniões, no preenchimento de formulários, a cumprir programas e estratégias para a cultura ou na pior das hipóteses são co-produtores que pensam pelos artistas. No fundo detestam os partidos e os seus quadros de base mas movem-se entre eles usando-os para manter os seus lugares de poder. Todos nós os conhecemos. Junto do poder acham-se intocáveis e ganham uma coragem que pessoalmente não têm. De tal forma que o ex-companheiro de AT, enquanto S. E. do Ministério da Cultura, se arroga o descaramento de ameaçar o director da Festa do Jazz por mensagem telefónica defendendo a sua protegida e por si nomeada directora do SLTM. Uma vergonha repetimos nós que não temos medo destes desvios de comportamento.

Entretanto a Festa do Jazz vai continuar o seu caminho, com dificuldades mas com os músicos, as escolas e o público do seu lado. Este ano realizar-se-á a 1 e 2 de Junho em Lisboa. A CML ainda está a tempo de emendar a mão e remediar esta afronta feita à comunidade por um dos seus representantes. Não nos esquecemos que Fernando Medina estudou piano com dois dos melhores pianistas de jazz portugueses. Esperamos que ele também não esqueça! Foi Fernando Medina e Catarina Vaz Pinto, juntamente com Elísio Summavielle, que tornaram possível fazer a 1.ª Conferência Europeia de Jazz feita em Portugal, no CCB. Esta conferência, organizada pela ASL e pela Europe Jazz Network, foi considerada pelos especialistas o evento jazz do ano de 2018! Obrigado.