Raiva venceu o Sophia de melhor filme, António-Pedro Vasconcelos foi o melhor realizador

Sara venceu o prémio de melhor produção televisiva de ficção. Soldado Milhões teve cinco prémios.

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Raiva DR

O filme Raiva, de Sérgio Tréfaut, conquistou o Prémio Sophia de melhor filme, da Academia Portuguesa de Cinema, e António-Pedro Vasconcelos o de melhor realizador na cerimónia realizada na noite de domingo no Casino Estoril.

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O filme Raiva, de Sérgio Tréfaut, conquistou o Prémio Sophia de melhor filme, da Academia Portuguesa de Cinema, e António-Pedro Vasconcelos o de melhor realizador na cerimónia realizada na noite de domingo no Casino Estoril.

A longa-metragem de Sérgio Tréfaut, que adapta o romance Seara de Vento, de Manuel da Fonseca, num retrato da exploração do trabalho e de injustiça social, liderou a noite ao arrecadar seis prémios, entre os quais o de melhor actriz principal, Isabel Ruth, melhor actor principal, Hugo Bentes, melhor actor secundário, Adriano Luz, e melhor fotografia, Acácio de Almeida.

Filmado no Alentejo, a preto e branco, Raiva conquistou ainda o prémio de melhor argumento adaptado, para Sérgio Tréfaut e Fátima Ribeiro, conseguindo assim a vitória na quase totalidade das principais categorias.

Quando da estreia do filme, em Maio do ano passado, no festival IndieLisboa, Sérgio Tréfaut disse à agência Lusa que Raiva falava do abuso de quem detém toda a riqueza, sobre os que nada possuem. “É um filme completamente fora de moda. Porque hoje em dia o assunto social relacionado com justiça social, ou com pobreza e com o abuso de poder por parte de quem tem dinheiro, está completamente fora de moda”, por oposição a questões identitárias, raciais, sexuais. “A questão social e a pobreza não interessam a ninguém”, mesmo que subsistam, disse então Sérgio Tréfaut.

Na contabilidade da noite, seguem-se os cinco prémios de Soldado Milhões, de Jorge Paixão da Costa e Gonçalo Galvão Teles, sobre o soldado Aníbal Milhais, que combateu na Primeira Guerra Mundial. O filme conseguiu o prémio de melhor argumento original (Jorge Paixão da Costa e Mário Botequilha), melhor montagem (João Braz), melhor som (Pedro Melo, Elsa Ferreira, Branko e Ivan Neskov), melhor direcção artística (Joana Cardoso) e melhores efeitos especiais (Filipe Pereira e Manuel Jorge).

Parque Mayer, de António-Pedro Vasconcelos, um filme de época sobre o teatro de revista e o Estado Novo, liderava a lista de nomeações, ao ser indicado para 15 prémios, mas conseguiu três: melhor maquilhagem e cabelos (Abigail Machado e Mário Leal) e melhor guarda-roupa (Maria Gonzaga), além de melhor realização.

Nos agradecimentos, António-Pedro Vasconcelos dedicou o prémio ao produtor e realizador António da Cunha Telles, que definiu como responsável “por tudo o que se fez [de bom] em Portugal” no cinema “e tudo o que não se fez, porque não o deixaram fazer”, recordando que o realizador de O Cerco não filma “há 13 anos”, “porque não o deixam filmar”. Vasconcelos reclamou por isso “mais meios para o cinema português e outras políticas”, “para que não se percam talentos”, sobretudo “entre os mais novos”.

Na sétima edição dos prémios Sophia, o prémio de melhor documentário em longa-metragem foi para O Labirinto da Saudade, filme de Miguel Gonçalves Mendes sobre o pensamento do ensaísta Eduardo Lourenço.

Em curta-metragem, o melhor documentário foi Kids Sapiens Sapiens, de António Aleixo, em que três miúdos falam sobre educação. Sleepwalk, de Filipe Melo, venceu o Sophia de melhor curta-metragem de ficção. Rodado nos Estados Unidos, o filme baseia-se numa banda desenhada concebida por Filipe Melo e Juan Cavia para a revista Granta.

Como curta-metragem de animação foi distinguida Entre Sombras, de Alice Eça Guimarães e Mónica Santos. O filme foi nomeado para os Césares do cinema francês, em Janeiro.

A série Sara, de Marco Martins e Bruno Nogueira, com Beatriz Batarda, exibida na RTP2 no ano passado, venceu o prémio de melhor produção televisiva de ficção.

Ana Bustorff, actriz secundária em Ruth, de António Pinhão Botelho, a banda sonora de Manuel João Vieira, para Cabaret Maxime, de Bruno Almeida, e a canção Cudin, de Tibars (Miguel Moreira) e Vasco Viana, para Djon África, de João Miller Guerra e Filipa Reis, foram outros distinguidos.

Os prémios Sophia de carreira, anunciados anteriormente, foram entregues aos atores Lia Gama e Pedro Éfe. Os filmes vencedores (melhor filme, documentário de longa-metragem, melhores “curtas” e prémio Sophia Estudante) serão exibidos na primeira edição da Festa do Cinema, a ocorrer em todo o país, nos dias 13 a 15 de Maio.

A Festa do Cinema, com preços reduzidos em sala, terá este ano uma segunda edição, em Outubro.