Uma questão de história familiar

Exemplos de membros da mesma família que tiveram responsabilidade governamentais.

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A vocação política familiar é um conceito usado por António Costa Pinto, investigador do Instituto de Ciências Sociais, para classificar os casos em que vários elementos da mesma família seguem carreiras na política. São uma espécie de dinastias e Portugal tem alguns exemplos que o Expresso lembrou, recentemente, num artigo intitulado “Diz-me de quem és neto, dir-te-ei se vais ser ministro”.

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A vocação política familiar é um conceito usado por António Costa Pinto, investigador do Instituto de Ciências Sociais, para classificar os casos em que vários elementos da mesma família seguem carreiras na política. São uma espécie de dinastias e Portugal tem alguns exemplos que o Expresso lembrou, recentemente, num artigo intitulado “Diz-me de quem és neto, dir-te-ei se vais ser ministro”.

Aí, recordava-se a história de José Dias Ferreira, “o homem que D. Carlos convidou para chefiar o Governo em Janeiro de 1892” e que é nem mais nem menos do que bisavô da ex-ministra das Finanças e da Educação Manuela Ferreira Leite, que liderou o PSD. Tal como a sua bisneta, José Dias Ferreira exerceu, por várias vezes, funções ministeriais. Antes de liderar o governo do Reino, já havia sido ministro dos Negócios da Fazenda por duas vezes – e deputado em 25 legislaturas. Fundou o Partido Constituinte e, escreve o Expresso, era maçon.

Quando subiu na hierarquia, passando a chefiar o executivo, passou a pasta dos Negócios da Fazenda ao historiador Joaquim Pedro d’Oliveira Martins. Ficou por lá quatro meses. O ex-ministro da Presidência, da Educação e das Finanças de António Guterres, Guilherme d’Oliveira Martins, é seu sobrinho-neto. E não são os únicos dois membros da família que passaram pelo Governo. O mais recente é Guilherme Waldemar d’Oliveira Martins, filho do ministro do guterrismo, que esteve no executivo de António Costa até à última remodelação, como secretário de Estado das Infra-estruturas. Mas também Joaquim Gomes d’Oliveira (avô de Joaquim Pedro d’Oliveira Martins) “foi ministro do Reino (primeiro-ministro) de D. João VI durante nove meses”, conta o Expresso.

Além de Manuela Ferreira Leite e de Guilherme d’Oliveira Martins também o deputado do CDS Filipe Lobo D’Ávila ou Joaquim Ferreira do Amaral tiveram familiares em antigos governos. Joaquim Tomás Lobo d’Ávila foi ministro dos Negócios da Fazenda na equipa do duque de Loulé – Filipe é seu sobrinho tetraneto e foi secretário de Estado da Administração Interna de Passos Coelho. No caso de Ferreira do Amaral, ex-ministro das Obras Públicas de Cavaco Silva, o seu avô foi Francisco Joaquim Ferreira do Amaral assumiu as pastas de ministro do Ultramar e da Marinha no governo chefiado pelo bisavô de Ferreira Leite. Na família houve outro ministro: Augusto, irmão de Joaquim, foi ministro da Qualidade de Vida de Pinto Balsemão.

Há ainda, claro, a história mais conhecida do clã Soares: o avô, João Lopes Soares, foi ministro das Colónias; o pai, Mário Soares, foi ministro, primeiro-ministro e Presidente da República; e o filho, João Soares, foi autarca em Lisboa e ministro da Cultura. E não esqueçamos Baltazar Leite Rebelo de Sousa, pai do ex-ministro dos assuntos Parlamentares e actual Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, que foi governador-geral de Moçambique com Oliveira Salazar, deputado à Assembleia Nacional e ministro de várias pastas nos governos de Marcello Caetano.