Verdes questionam Governo sobre venda do Teatro Portalegrense no OLX

O grupo parlamentar do PEV quer saber "quais as justificações apresentadas" para que o Teatro Portalegrense não fosse considerado de interesse nacional e qual o parecer da autarquia sobre essa pretensão.

Foto

O Partido Ecologista Os Verdes (PEV) questionou o Governo sobre a publicitação de venda no OLX do Teatro Portalegrense, por 350 mil euros, um dos mais antigos do país e com "indiscutível interesse patrimonial".

A verdade faz-nos mais fortes

Das guerras aos desastres ambientais, da economia às ameaças epidémicas, quando os dias são de incerteza, o jornalismo do Público torna-se o porto de abrigo para os portugueses que querem pensar melhor. Juntos vemos melhor. Dê força à informação responsável que o ajuda entender o mundo, a pensar e decidir.

O Partido Ecologista Os Verdes (PEV) questionou o Governo sobre a publicitação de venda no OLX do Teatro Portalegrense, por 350 mil euros, um dos mais antigos do país e com "indiscutível interesse patrimonial".

Na pergunta entregue na Assembleia da República e esta quarta-feira enviada à agência Lusa, Os Verdes alegam que o teatro, propriedade de privados, está em "estado de degradação" e não conta com um estatuto de protecção que o "resguarde de utilizações e de intervenções que poderão levar a profundas alterações arquitectónicas e à adulteração das suas características".

Os ecologistas questionam ainda o Ministério da Cultura sobre que medidas pretende tomar para que "este património tão valioso para a cidade de Portalegre não se venha a perder e possa manter as características de uso e usufruição pública cultural".

O PEV diz ter sido com "estupefacção e tristeza" que tomou conhecimento que o Teatro Portalegrense está à venda na plataforma OLX, podendo vir a ser "transformado" num hotel.

"Esta informação é tanto mais triste quanto este teatro, um dos mais antigos do país, tem indiscutivelmente um interesse patrimonial, não só pelo lugar que ocupou na história do teatro português e da vida cultural local, nomeadamente pela sua ligação à obra de José Régio, com o que ocupa ainda hoje na memória dos portalegrenses, mas também pelo testemunho arquitectónico que representa", lê-se num comunicado do partido.

O PEV recorda que o projecto do teatro, da autoria do arquitecto José de Sousa Larcher, inspirou-se no Teatro Nacional D. Maria II, em Lisboa.

"Esta notícia, que surge no ano em que se comemoram os 50 anos da morte de José Régio, é mais um exemplo da degradação e incúria em que o património edificado, seja ele público ou privado, da cidade de Portalegre se encontra e cujo exemplo mais demonstrativo é o da Fábrica Robinson", lamentam.

A ministra da Cultura, Graça Fonseca, disse na terça-feira ter pedido a avaliação do Teatro Portalegrense para saber da possibilidade de classificação do imóvel.

"O que solicitei é que internamente, ao nível da Direcção-Geral de Património Cultural (DGPC), fosse avaliada a possibilidade ou não da classificação do imóvel e, face a essa avaliação, o que poderia ou não ser a limitação de usos para um património que hoje é privado", disse Graça Fonseca.

O espaço, que chegou a acolher o Grupo Desportivo Portalegrense, é pertença de privados já há muitos anos.

Graça Fonseca assumiu que o teatro "mantém algum interesse" e não foi totalmente descaracterizado no que é o seu perfil e marca histórica.

Por isso, o Ministério da Cultura vai avaliar a situação e definir as medidas que são necessárias e possíveis, acrescentando que o Estado "também não pode tudo".

A Lusa teve acesso a uma certidão da Câmara de Portalegre, através da proprietária do imóvel, Alexandra Sequeira, referindo que o teatro foi classificado como de interesse municipal a 8 de Fevereiro de 2010.