Proprietária de Teatro Portalegrense espantada com interesse na venda do imóvel

Alexandra Sequeira mostrou-se surpreendida com o facto de o imóvel privado, há mais de seis anos a tentar ser comercializado, ter sido agora motivo de notícia pela sua venda no OLX.

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A proprietária do Teatro Portalegrense, Alexandra Sequeira, mostrou-se esta terça-feira surpreendida com o interesse à volta da venda do imóvel no OLX por 350 mil euros, quando o mesmo se encontra a ser comercializado "há mais de seis anos".

"Estou surpreendida com a notícia que foi divulgada. O teatro está à venda há mais de seis anos e hoje toda a gente se lembrou de dar esta notícia", disse a proprietária, em declarações à agência Lusa, depois de o PÚBLICO ter noticiado o assunto - e de referir que o imóvel já tinha sido posto à venda em 2013 - e de a ministra da Cultura ter reagido.

Alexandra Sequeira recordou que desde que decidiu vender o espaço contactou a Câmara Municipal de Portalegre, mas o município não avançou para a sua aquisição por "falta de verba".

A proprietária acrescentou ainda que existem registos de que aquele espaço pertence aos "primeiros 20 teatros" existentes em Portugal.

"Foi o meu avô que o mandou construir, sempre foi privado, nunca foi do Estado", adiantou.

Também em Portalegre, esteve à venda no OLX, num anúncio entretanto desactivado, o antigo Cineteatro Crisfal por 780 mil euros, sendo este espaço também propriedade de Alexandra Sequeira.

A ministra da Cultura, Graça Fonseca, adiantou esta terça-feira ter pedido a avaliação do Teatro Portalegrense, para saber da possibilidade de classificação do imóvel.

"O que solicitei é que internamente, ao nível da Direcção-Geral de Património Cultural (DGPC), fosse avaliada a possibilidade ou não da classificação do imóvel e, face a essa avaliação, o que poderia ou não ser a limitação de usos para um património que hoje é privado", disse Graça Fonseca.

A governante, que falava à margem da 20.ª edição do Correntes d´Escritas, na Póvoa de Varzim no distrito do Porto, lembrou que o espaço é pertença de privados já há muitos anos.

"Nunca foi classificado, nem sequer como de interesse municipal", frisou, em relação ao edifício que chegou a acolher o Grupo Desportivo Portalegre.

Contudo, Graça Fonseca assumiu que o teatro "mantém algum interesse" e não foi totalmente descaracterizado no que é o seu perfil e marca histórica.

Por isso, o Ministério da Cultura vai avaliar a situação e definir as medidas que são necessárias e possíveis, acrescentando que o Estado "também não pode tudo".

Segundo a informação disponível na página da DGPC, houve uma tentativa de classificação do teatro como Imóvel de Interesse Municipal, em 2009, por parte da proprietária, que contou com parecer favorável da câmara local.

No entanto, a Direcção Regional de Cultura do Alentejo propôs o encerramento do processo de classificação "por não ter valor nacional", algo que foi aceite pelo então Instituto de Gestão do Património Arquitectónico e Arqueológico (IGESPAR, hoje parte integrante da DGPC).

No entanto, a proprietária tem uma certidão da Câmara de Portalegre que refere que o teatro foi classificado como de interesse municipal a 8 de Fevereiro de 2010.

Graça Fonseca aproveitou para dizer que Portugal tem um património extraordinário, seja de âmbito municipal, seja nacional, sendo necessário construir uma política estratégica e de futuro.

"É importante perceber o que tem de ser classificado e o que não está classificado e porque é que não está classificado", referiu.

A ministra ressalvou ser importante que as situações não sejam só detectadas quando surgem "acontecimentos destes", referindo-se à venda do teatro no OLX.

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